Diante das dificuldades de encontrar nomes dispostos a assumir a presidência da Petrobras, o Ministério de Minas e Energia indicou, na noite desta quarta-feira (6), José Mauro Ferreira Coelho para a presidência da Petrobras e Márcio Andrade Weber para a presidência do Conselho de Administração da estatal.
Para terem efeito, as duas indicações precisam ser confirmadas pela assembleia geral ordinária da Petrobras, marcada para o próximo dia 13 de abril.
Em comunicado de fato relevante, a Petrobras afirma que a confirmação de Ferreira Coelho como presidente “deverá ser deliberada posteriormente pelo Conselho de Administração da companhia” – indicando que o conselho pode fazer a votação em duas etapas, em dias distintos.
Ao todo, o governo federal indicará oito nomes para compor o Conselho de Administração da Petrobras, incluindo José Mauro Coelho. A União é controladora da estatal e, por isso, pode indicar o maior número de membros do conselho.
Comitê de Elegibilidade
Antes da Assembleia Geral no dia 13, uma reunião foi marcada pelo Comitê de Elegibilidade da Petrobras para a próxima segunda-feira (11), onde serão avaliados os pareceres da área de conformidade com os resultados da investigação de antecedentes dos conselheiros indicados pelo governo.
Um dispositivo previsto nos trâmites da Petrobras aponta que, numa situação inédita, o futuro presidente poderia ser eleito pelo conselho de acionistas antes mesmo da conclusão do processo de análise de conformidade da companhia. Isso porque as indicações podem ser feitas a qualquer momento, até a véspera da votação pela Assembleia. Caso não haja tempo hábil para avaliação do candidato, o parecer pode ser apresentado posteriormente.
Sequência de desistências para os cargos
Em 28 de março, o Ministério de Minas e Energia havia indicado Adriano Pires para a presidência da Petrobras e de Rodolfo Landim para a presidência do Conselho de Administração.
No domingo (3), Rodolfo Landim, atual presidente do Flamengo, recusou a indicação para assumir a presidência do Conselho da estatal. Nos bastidores, ele que é investigado pelo Ministério Público Federal, foi alertado de que suas relações com o setor privado poderiam impedir a aprovação na assembleia.
No segunda-feira (4), Pires também informou que não iria aceitar a indicação para assumir a presidência, em meio a uma apuração de conflito de interesses. Ele é dono de uma consultoria que presta serviço, há mais de 20 anos, a várias empresas do setor de óleo e gás. Muitas dessas empresas têm negócios com a Petrobras.
Quem são os indicados
José Mauro Ferreira Coelho, indicado à presidência da Petrobras, foi secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia. Ele ficou na pasta de abril de 2020 a outubro de 2021, quando pediu demissão da pasta em outubro de 2021 “para assumir novos desafios na iniciativa privada”. À época, a pasta sofria pressões de caminhoneiros por causa da alta dos combustíveis. Desde então, ele está à frente do Conselho de Administração da PPSA (Empresa Brasileira de Administração de Petróleo e Gás Natural).
Pouco antes de pedir demissão, em outubro de 2021, em entrevista à TV Brasil, Coelho defendeu a prática da paridade de preços internacionais para os combustíveis no Brasil.
“Temos que ter os preços no mercado doméstico relacionados aos preços de paridade de importação. Se assim não fosse, não teríamos nenhum agente econômico com aptidão ou com vontade de trazer derivados para o país”, falou à época.
Márcio Andrade Weber, indicado para a presidência do Conselho de Administração da estatal, é engenheiro civil com especialização em Engenharia de Petróleo pela Petrobras, onde ingressou em 1976, tendo atuado por 16 anos na estatal. Segundo a Petrobras, Weber é um dos pioneiros no desenvolvimento da Bacia de Campos. Também atuou pela estatal no exterior. Atualmente, o engenheiro presta assessoria ao grupo PMI.
Redação ICL Economia
Com informações das agências