Após a visita oficial aos Estados Unidos na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer usar a Floresta Amazônica como ativo político, a fim de reposicionar o Brasil geopoliticamente e conquistar, desse modo, novo protagonismo. Além de ter criado um Ministério dos Povos Indígenas, comandado por Sonia Guajajara, e colocado Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, o governo Lula instalou, antes do encontro com Joe Biden, uma Comissão Interministerial Permanente de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia, presidido pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, e com representantes de 19 ministérios.
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima ficará responsável pela secretaria-executiva da comissão. Durante a primeira reunião, a ministra Marina Silva declarou que o grupo vai trabalhar para zerar o desmatamento na Amazônia até 2030.
O governo acredita que, ao colocar como meta a redução do desmatamento, o Brasil poderá recuperar a credibilidade perdida ao longo do governo de Jair Bolsonaro (PL), que representou um verdadeiro desastre para o meio ambiente.
Conforme o colunista do UOL e comentarista do ICL Notícias Jamil Chade, o foco do governo nos primeiros meses de 2023 será o de mostrar ao mundo que não há apenas uma mudança de tom e um abandono do negacionismo de Bolsonaro, mas, principalmente, medidas reais e pragmáticas. A propósito, foi essa mensagem que Lula quis levar ao encontro com Biden, do qual saiu com a promessa de US$ 50 milhões dos Estados Unidos para o Fundo Amazônia.
A quantia, que equivale a R$ 261 milhões, teria decepcionado o governo brasileiro, mas houve também a promessa do governo americano de convidar os países do G7 (Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido) a darem apoio. A Alemanha, outro país que integra o grupo, já contribui com o fundo.
Em encontros com fundos privados, governo brasileiro está ciente do desafio de colocar a Floresta Amazônica no centro do mundo
O colunista disse que, após ter presenciado encontros de ministros brasileiros com fundos privados, o tom usado é o de que o governo está ciente do desafio de se reposicionar usando a Amazônia como capital político. Por outro lado, compreende que a estratégia já começa a dar resultados, como a queda do desmatamento em 61% em janeiro e a expulsão de garimpeiros ilegais de terras indígenas.
Os alertas de desmatamento na Amazônia Legal em janeiro deste ano caíram 61% em relação ao mesmo mês de 2022. Os dados são do sistema Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgados na sexta-feira passada (10). Os alertas de desmatamento em janeiro de 2023 totalizaram 167 km², a quarta menor área já registrada no mês desde 2015, quando começou a série histórica do Deter. Em janeiro do ano passado, a taxa foi de 430 km².
Ainda de acordo com a reportagem do UOL, o governo Lula também quer fincar seu posicionamento como rota obrigatória da diplomacia mundial nos próximos anos. Em 2023, o primeiro passo dessa estratégia será a cúpula que está sendo organizada entre os países que fazem parte da bacia do Amazonas.
Em 2024, o Brasil vai sediar as reuniões do G20, que será presidido por Lula. E, em 2025, o país quer organizar a Conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre o Clima.
Dando continuidade à retomada de relações com parceiros econômicos, Lula viajará, nas próximas semanas, para a China, África e será convidado para a cúpula do G7, no Japão.
Já a Cúpula da Amazônia Central será, nesse reposicionamento, uma coordenação regional e a volta do protagonismo brasileiro na América do Sul. Por isso, a meta é de que o encontro de cúpula na Amazônia aconteça ainda no primeiro semestre do ano, permitindo que Lula possa chegar à Assembleia Geral da ONU, em setembro, com um novo status internacional.
Redação ICL Economia
Com informações do UOL