A coluna do jornalista Jamil Chade, publicada na segunda-feira (13) no UOL, traz dados do Instituto Internacional de Pesquisas para a Paz, de Estocolmo, mostrando o crescimento de 48% na importação de armas por parte do Brasil no período entre 2018 e 2022, em comparação aos cinco anos anteriores. A maior parte dos contratos e entregas ocorreram durante a gestão de Jair Bolsonaro. Uma auditoria do do TCU (Tribunal de Contas da União) mostra que, de janeiro de 2020 a dezembro de 2021, o número de armas registradas somente no Sigma (Sistema de Gerenciamento Militar de Armas), controlado pelo Exército Brasileiro, cresceu 200,83%.
Segundo os dados do Instituto Internacional de Pesquisas para a Paz, de Estocolmo, referência mundial nesta pesquisa, a importação de armas pelos países do continente americano caiu em 21% entre 2013 e 2017 e, depois, entre 2018 e 2022. O governo dos Estados Unidos foi o maior importador da região, com 47% de tudo o que foi comprado na região. Mas o Brasil apareceu em segundo lugar, com 15%. Na América do Sul, a comparação entre os dois períodos ainda viu uma queda de 34% nas importações de armas.
No governo Bolsonaro, Brasil avançou para 0,9% da importação de armas no mundo, contra 0,6% do passado
Atualmente, o Brasil representa 0,9% das importações de armas do mundo, o que coloca o país na 22ª posição, ao lado de Filipinas e Indonésia. No período entre 2013 e 2017, o Brasil representou 0,6% do mercado mundial. A liderança global entre os maiores importadores é da Índia, seguida pelos sauditas e Qatar. A grande novidade foi o surgimento da Ucrânia como terceiro maior importador do mundo, em 2022, além da posição de destaque da França como exportador, já ameaçando o segundo lugar ocupado tradicionalmente pelos russos.
Na análise do Instituto Internacional de Pesquisas para a Paz, de Estocolmo, apesar de a região ter poucos casos de “tensão entre estados”, alguns países registraram um “aumento significativo de programas de importação de armas”. Um deles foi o Brasil, que passou a responder por quase metade de toda a compra de material bélico da América do Sul no período entre 2018 e 2022, justamente no período que coincide com o governo Bolsonaro.
A maior parte do fornecimento (39%) veio da França, contra 14% do Reino Unido e 13% com a Suécia, país com o qual o Brasil fechou um acordo para a compra de jatos. Paris aumentou suas vendas em 44% e passou a ocupar 11% do mercado mundial de armas, contra apenas 7% entre 2013 e 2017. Segundo o levantamento, o volume internacional de transferências de armas ficou 5,1% abaixo dos patamares do período entre 2013 e 2017.
Os maiores exportadores foram os EUA, Rússia, França, China e Alemanha. Juntos, eles controlaram 76% do mercado mundial. Os americanos ampliaram seu controle internacional e, se entre 2013 e 2017 eles representavam 33% do comércio mundial de armas, eles terminaram 2022 controlando 40% de todas as transferências, 14% a mais que nos cinco anos precedentes. No total, os EUA forneceram armas para 103 países no mundo e o total vendido ficou 148% superior às vendas russas, o segundo maior exportador do mundo. As exportações da Rússia e da China caíram, em 31% e 23% respectivamente.
O grande destino de armas dos EUA é o Oriente Médio, que ficou com 41% do abastecimento americano. Para o instituto, o fornecimento é parte da estratégia para conter a influência iraniana. Não por acaso, quatro dos dez principais destinos de armas americanas estão na região: Arábia Saudita (19%), Qatar (6,7%), Kuwait (4,8%) e Emirados Árabes Unidos (4,4).
De acordo com os dados do Instituto Internacional de Pesquisas para a Paz, de Estocolmo, as exportações brasileiras aumentaram nesse período, com um crescimento de 35%. Com isso, o Brasil passou a representar 0,3% do mercado mundial e ocupando a 23ª posição. Ainda assim, o país fica abaixo de Noruega e África do Sul. 25% das vendas são direcionadas para a França, além de Nigéria e Chile. No Afeganistão, o Brasil é o segundo maior fornecedor de armas. Mas com apenas 2,6% do mercado, contra mais de 90% por parte dos americanos.
Redação ICL Economia
Com informações do UOL e agências de notícias