Ex-ministro Adolfo Sachsida conta que a privatização da Petrobras estava sendo preparada no governo Bolsonaro

Segundo o advogado, havia várias propostas de como privatizar a estatal para gerar competição nos setores de petróleo e gás. No caso da PPSA, o processo já estava mais adiantado.
17 de julho de 2023

Na reportagem publicada no jornal O Estado de S Paulo, o advogado e economista Adolfo Sachsida, de 50 anos, conta que, se o ex-presidente Jair Bolsonaro tivesse conseguido se reeleger, a Petrobras seria, realmente, privatizada. Sachsida foi um dos poucos integrantes da equipe do ex-ministro Paulo Guedes que ficou no governo Bolsonaro do começo ao fim. Primeiro, no próprio Ministério da Economia, como secretário de Política Econômica (janeiro/2019 a fevereiro/2022) e chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos (fevereiro a maio/2022).

Como colega de Guedes na Esplanada dos Ministérios, à frente da pasta de Minas e Energia (maio a dezembro/2022), Adolfo Sachsida tem conhecimento detalhados sobre os planos de mudança na política de preços da estatal e a exploração de petróleo na Foz do Amazonas.

Adolfo Sachsida conta que, embora muita gente não acreditasse que isso fosse possível, a privatização da Petrobras estava sendo preparada pelo governo. “Nós iríamos trazer, no espaço de um ano e meio, muita competição aos setores de petróleo e gás no Brasil”, disse para a reportagem do jornal O Estado de S Paulo.

Segundo o advogado Adolfo Sachsida, havia várias propostas de como privatizar para gerar competição nos setores de petróleo e gás. A gente não iria trocar um monopólio estatal por um monopólio privado. Isso iria facilitar e melhorar muito a vida dos brasileiros. No caso da PPSA (Pré-Sal Petróleo S/A), o processo já estava mais adiantado. De acordo com Sachsida, foi enviado ao Congresso um projeto de lei para vender os recebíveis de trinta anos da PPSA, que era uma maneira de privatizar a empresa. Pelos cálculos na época, isso renderia cerca de R$ 390 bilhões, mas, como o preço do petróleo caiu um pouco de lá pra cá, hoje esse valor ficaria em torno de R$ 300 bilhões, informou para reportagem.

O primeiro passo foi pedir ao PPI para os estudos sobre a privatização, afirma Adolfo Sachsida

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Crédito: Agência Brasil / Fábio Rodrigues Pozzebom

Em relação à privatização da Petrobras, o primeiro passo foi pedir ao PPI (Programa de Parceria de Investimentos) para começar os estudos sobre a privatização e o conselho do PPI aprovou o pleito.

Com a vitória do presidente Lula, houve a exclusão da Petrobras, da PPSA e de mais seis empresas, como os Correios, a EBC (Empresa Brasileira de Comunicação) e o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), do PPI. Na opinião de Sachsida, o melhor para o Brasil desconcentrar o setor, trazer competição e diminuir a intervenção do Estado na economia.

Durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, a Eletrobras foi privatizada. O presidente Lula já informou a abertura de processo contra a privatização da empresa de distribuição de energia para rever e provar a corrupção no processo.

Em relação à exploração de petróleo na foz do Amazonas, Adolfo Sachsida diz que o nome “foz do Amazonas”, tecnicamente, pode até fazer sentido, no entanto, explica que a margem equatorial está a mais de 200 km da costa, em alto mar. Diz que tem muito pouco a ver com a foz do Amazonas. 

Adolfo Sachsida informa que a margem equatorial vai ser explorada, de um jeito ou de outro. “Se não for pelo Brasil, será pela Guiana. Aliás, várias empresas petrolíferas já estão perfurando para extrair petróleo na Guiana. O mundo todo está de olho na margem equatorial porque são reservas de valor significativo. Então, a única escolha que o Brasil tem é se quer participar ou não desse processo”…”A França, por exemplo, explora petróleo na margem equatorial. Se a França pode fazer isso, acho justo que o Brasil também possa”, disse para a reportagem publicada no jornal O Estado de S Paulo.

Após Adolfo Sachsida deixar a pasta de Minas e Energia no governo Bolsonaro, o caminho natural seria voltar para o Ipea (Instituto de Pesquisa de Economia Aplicada), do qual é funcionário desde 1997, mas decidiu pedir licença do órgão, que é ligado ao Ministério do Planejamento, para seguir novos rumos na iniciativa privada.

Recebeu propostas para comandar o departamento de economia de instituições financeiras, mas preferiu atuar na área de tecnologia, como presidente do conselho da TecKey Solutions. Voltada ao desenvolvimento de ferramentas para desburocratização de processos, agilização de operações de crédito e identificação de tentativas de golpes virtuais, a empresa é uma startup criada pela Tecnobank, que presta serviços de registro digital de contratos aos bancos.

Redação ICL Economia
Com informações do jornal O Estado de S Paulo e das agências de notícias

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