Quase 20 dias após o início das pesquisas do Censo 2022, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que já havia feito 6.550 rescisões de contratos de agentes do IBGE temporários. Embora as demissões representem 3,7% dos recenseadores contratados (incluindo quem está em treinamento, segundo o IBGE), os problemas se acumulam. No início de setembro, houve greve por atraso nos pagamentos e pedido de melhores condições de trabalho. Os trabalhadores também reclamam de assédio verbal e ameaças durante a pesquisa.
Às pressas, em 14 de setembro, foi aberto um novo concurso para contratar mais de 8.000 recenseadores e agentes do IBGE para trabalhar no Censo 2022. A previsão era concluir o trabalho até o final de outubro, mas o IBGE anunciou o adiamento até dezembro. Em quase dois meses de entrevistas, menos de 30% dos setores que compõem a pesquisa foram concluídos, segundo o IBGE. No Brasil, as estimativas de sexo e classes de idade ainda não incorporam os efeitos da pandemia, como a queda no número de nascimentos e o aumento dos óbitos. Todos esses parâmetros serão atualizados com os resultados do Censo 2022.
Coordenadores dos recenseadores afirmam que contratar mais agentes do IBGE para passar pelos mesmos problemas não é a solução. Eles afirmam que há muita resistência da população em responder. O pagamento dos trabalhadores está condicionado a metas de pesquisas feitas, com limite de até 5% de recusas.
Agentes do IBGE apontam sobrecarga de trabalho e demora no pagamento
Integram as reclamações dos recenseadores a demora de pagamento nos setores já concluídos, atrasos nos repasses do auxílio-deslocamento e na remuneração referente ao período de treinamento. Além disso, há falta de transparência e informação. Falta de correção dos valores por produção e pesquisa, considerando que os valores são de 2020. Uma das recenseadoras conta, nas redes sociais, as dificuldades da rotina, como sobrecarga de trabalho, endereços que não existem e a recusa dos moradores em responder ao questionário.
Para o instituto, a desistência de pesquisadores e de agentes do IBGE está dentro do esperado. “A rotatividade no quadro de recenseadores é normal, considerando-se um universo com mais de 180 mil trabalhadores temporários, que estarão trabalhando no IBGE por pouco mais de três meses”, informou o IBGE para a reportagem do UOL.
Segundo dados do IBGE, 153.878 recenseadores estão contratados, enquanto 20.819 estão em treinamento, totalizando 174.697. O IBGE informa que, desde o início do Censo 2022, foram feitos cinco processos seletivos suplementares. O mais recente oferece 7.795 vagas para recenseadores e 436 para agentes censitários
De acordo com o IBGE, mais de 90% dos problemas de pagamento se deram ainda nas primeiras semanas, por erros de cadastro, muitas vezes cometidos pelos próprios recenseadores. Para o instituto, o congestionamento nos sistemas de algumas unidades estaduais contribuiu para o atraso.
A autarquia diz que ambos os casos foram solucionados e chama atenção para o fato que os recenseadores recebem por produção, após entregarem seu setor censitário concluído e com a aprovação de seus supervisores.
O instituto informou para a reportagem do UOL que os processos de supervisão e de pagamento já foram agilizados e que o maior desafio é que os recenseadores sejam recebidos em todos os domicílios do Brasil. “É importante dedicar o máximo de horas possível à atividade e procurar visitar os domicílios em horários alternativos, para conseguir encontrar os moradores em suas residências”, diz o IBGE.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias