Agroecologia mostra que Brasil não precisa depender de fertilizantes químicos

Sem agrotóxicos, MST espera colher 15 mil toneladas de arroz na safra 2021/2022
16 de março de 2022

Em nome de uma suposta garantia de comida na mesa do Brasil e do mundo, o governo Bolsonaro lançou o Plano Nacional de Fertilizantes na última sexta-feira (11) e tem feito de tudo para atender aos interesses do agronegócio e da mineração. Porém, a agroecologia tem mostrado que o país não precisa depender desse tipo de insumo.

Os fertilizantes são essenciais para o agronegócio que sustenta o governo, e o anúncio da Rússia suspendendo as exportações do insumo abriu um caminho perigoso. Exemplo disso foi o encontro da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, no Canadá, com representantes da Potássio do Brasil, no último fim de semana. A empresa quer abrir na Amazônia a maior mina de potássio da América Latina. O mineral entra na composição de fertilizantes e, por isso, para o atual governo justificaria até mesmo abrir mineração em território indígena.

Agroecologia

Na contramão do modelo de produção do agronegócio, que pratica as monoculturas geralmente transgênicas e usam de tecnologias com máquinas pesadas que deixam o solo estéril e cada vez com mais necessidade de fertilizantes químicos, pequenos produtores, como é o caso dos assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) espalhados entre municípios do Rio Grande do Sul, praticam a agroecologia, utilizando-se de alternativas naturais para “alimentar” o solo e colocar comida saudável na mesa.

Sem usar uma gota de agrotóxico, a estimativa desses camponeses é de colher nesta safra 2021/2022 mais de 15 mil toneladas de arroz. Essa produção, segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz, faz do MST maior produtor de arroz orgânico da América Latina há mais de 10 anos.

Em entrevista à RBA, o agrônomo Leonardo Melgarejo explica que isso é possível porque os minerais utilizados nos fertilizantes químicos, que a indústria retira em jazidas, são os mesmos liberados na natureza durante a decomposição de matéria orgânica por bactérias que vivem em simbiose com plantas leguminosas. É o caso do nitrogênio, por exemplo.

“As gramas incorporam matéria orgânica e retêm umidade. As plantas com raízes pivotantes descompactam o solo e estabelecem conexões com materiais e minerais das camadas profundas. Essa combinação ‘afofa’ o solo e estimula a multiplicação de milhões de organismos”, explicou.

19ª Festa da Colheita de Arroz Agroecológico

A popular Festa da Colheita do Arroz Agroecológico, celebrada por assentadas e assentados do MST chega à sua 19ª edição neste ano e tem início na sexta-feira (18) na sede da Cooperativa de Produção Agropecuária Nova Santa Rita (Coopan), em Nova Santa Rita, na região Metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

O evento será presencial, seguindo os protocolos sanitários de prevenção contra a Covid-19.

Com informações da RBA

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