Alckmin diz que ‘Brasil ficou caro antes de ficar rico’ e que não há ‘bala de prata’ para solucionar custo Brasil

Em evento na Fiesp, vice-presidente diz que país precisa "fazer a lição todo dia: reforma trabalhista, reforma tributária, reforma previdenciária, reforma administrativa”,
20 de fevereiro de 2024

O vice-presidente da República e ministro do MDIC (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Geraldo Alckmin, disse ontem (19) que não há “bala de prata” para resolver os problemas de competitividade do setor industrial do país. “O Brasil ficou caro antes de ficar rico. É um país caro, e é caro para exportar, tem dificuldade para exportar, a não ser produto primário”, disse Alckmin, em reunião de conselhos da Fiesp (Federação da Indústria do Estado de São Paulo).

O encontro teve como tema “Produtividade e taxa de investimento”. Na ocasião, ele reafirmou o compromisso do governo federal com a indústria e destacou o Nova Indústria Brasil (NIB), programa lançado em janeiro para impulsionar o setor.

“O presidente Lula, que é oriundo da indústria, formado pelo Senai, tem um compromisso com a indústria. É fundamental para o país fortalecer uma indústria inovadora”, afirmou Alckmin, lembrando que o presidente reinstalou o MDIC e o CNDI (Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial).

Contudo, o vice-presidente reforçou que é preciso ir nas raízes dos problemas. “Política industrial não resolve tudo sem uma boa macroeconomia e sem redução do custo Brasil”, disse. “O câmbio está competitivo. Os juros são muito altos, mas estão em queda. A cada reunião do Copom [Conselho de Política Monetária], [a taxa de juros] cai meio ponto percentual. Temos impostos elevados, mas a reforma tributária vai ajudar porque vai simplificar, reduzir custo e desonerar investimento e exportação”, afirmou Alckmin. “Não há bala de prata. É fazer a lição todo dia: reforma trabalhista, reforma tributária, reforma previdenciária, reforma administrativa”, completou.

Alckmin defende sustentabilidade das contas públicas para derrubar juros

Ainda durante sua fala, Alckmin disse que a sustentabilidade das contas públicas é o caminho para o Brasil derrubar os juros, e que soluções antigas, como taxas subsidiadas a algumas empresas do setor pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), não podem mais ser adotadas.

“A questão do custo de capital é central, seu pai tinha razão”, disse Alckmin ao presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, filho de José Alencar, vice dos dois primeiros mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que, no exercício do cargo, foi um grande crítico dos juros altos cobrados no Brasil.

O vice-presidente ainda defendeu a ideia de uma indústria mais verde, sustentável. “Esse será o desafio do mundo, como produzir bens baratos e compensando carbono. E aí, o Brasil é o campeão, é o protagonista dos três debates planetários: segurança alimentar, segurança energética e clima. Temos tudo para avançar na indústria verde e na descarbonização”, afirmou.

Nesse sentido, ele destacou o projeto Mover, de redução de impostos, aumento nas exigências de sustentabilidade e investimentos em eficiência energética na indústria automotiva. Segundo ele, o Mover mal começou a ser implementado e já mostra resultados. “Já temos R$ 41 bilhões de investimentos na indústria automotiva anunciados e devemos passar de R$ 100 bilhões até 2028. E isso se estende por toda a cadeia produtiva”, disse.

Em relação à produtividade, Alckmin mencionou a depreciação super acelerada, reivindicação da Fiesp que foi atendida. A medida estimula a modernização de máquinas e equipamentos. “Estamos com parque industrial envelhecido”, admitiu.

Foram colocados no orçamento R$ 3,4 bilhões para fazer depreciação em dois anos, 50% esse ano, 50% ao que vem. “É pouco, mas é uma primeira fase”, frisou.

Redação ICL Economia
Com informações de O Estado de S.Paulo e site da Fiesp

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