A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Oriente Médio já começa a render os primeiros frutos. O governo da Arábia Saudita anunciou, nesta quarta-feira (29), acordo com a fabricante de aviões Embraer e disse que estuda um aporte de US$ 9 bilhões (R$ 43,9 bilhões) em investimentos no Brasil até 2030, principalmente nas áreas previstas no Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Além disso, os governos dos dois países projetam mais que dobrar o comércio bilateral até o final da década. Os sauditas também abrirão um escritório de investimentos em São Paulo, a InvestSaudi.
Os governos dos dois países projetam que as transações comerciais entre ambos subam dos atuais US$ 8 bilhões (R$ 39 bilhões) para US$ 20 bilhões (R$ 97,4 bilhões) até 2030.
O presidente Lula deu início ontem (28) à viagem de oito dias à região. O roteiro inclui Arábia Saudita, Qatar, Emirados Árabes Unidos e Alemanha. Em Dubai, nos Emirados Árabes, o petista participará da COP28 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023).
De acordo com o colunista do UOL, Jamil Chade, um dos caminhos propostos pelo Brasil para a concretização dos investimentos sauditas é a criação de um fundo comum, com a participação do BNDES e recursos sauditas.
O tema será debatido nos próximos meses, enquanto a ApexBrasil também avalia abrir um escritório na capital saudita (Riad).
Segundo o colunista, investimentos de US$ 2,6 bilhões da Vale também foram mencionados pelo presidente da agência de promoção de exportações, Jorge Viana.
De concreto até o momento, estão os três acordos de cooperação da Embraer com o governo e empresas sauditas nas áreas de aviação civil, defesa e segurança, e mobilidade aérea urbana. “Estes acordos permitirão à empresa estabelecer diversas linhas de colaboração e iniciativas conjuntas, públicas e privadas, expandindo oportunidades de investimento e parcerias com a indústria local, além de incrementar exportações a partir do Brasil”, disse o governo.
Os acordos assinados pela Embraer envolvem: cooperação e parcerias com o governo saudita (Ministério de Investimento da Arábia Saudita e o Gaca, a autoridade aeronáutica saudita); memorando de entendimento com a Sami, empresa saudita de Defesa; memorando de entendimento da EVE, o “carro voador”, com a FlyNas, sobre operações de táxi aéreo naquele país.
Novo PAC, energia, defesa e agropecuária estão entre as áreas de interesse nos acordos entre Brasil e Arábia Saudita
Ontem (28), o príncipe herdeiro e primeiro-ministro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, se reuniu com Lula.
Em discurso nesta quarta-feira, durante encerramento de um seminário de empresários em Riad, capital da Arábia Saudita, Lula insistiu que quer dos sauditas um novo modelo de aproximação. “Não queremos apenas vender. Queremos parcerias de verdade”, disse o presidente, destacando a necessidade de que se crie postos de trabalho em ambos os países.
Segundo informações do Planalto publicadas pela coluna de Jamil Chade, foram discutidas estratégias para fortalecer as relações bilaterais entre os dois países.
A conversa envolveu investimento de US$ 10 bilhões (R$ 48,8 bilhões) que o Fundo Soberano Saudita planeja aplicar no Brasil. Desse montante, US$ 9 bilhões estão previstos para os próximos sete anos.
Entre os setores de interesse estão projetos na área de energia limpa, hidrogênio verde, defesa, ciência e tecnologia, agropecuária e aportes em infraestrutura conectados ao Novo PAC.
Embora estivesse à frente de um dos maiores produtores de petróleo do mundo, o presidente brasileiro destacou o potencial do Brasil para a transição energética e ações de combate à crise climática.
“Ele antecipou ao príncipe que o Brasil vai apresentar na COP28, em Dubai, avanços no controle do desmatamento e ações conectadas à preservação e proteção das florestas tropicais”, diz nota do governo brasileiro.
O governo brasileiro disse que a Arábia Saudita tem objetivos de sustentabilidade que envolvem a produção de 90 GW de energia limpa, até 2030, tanto dentro quanto fora do país.
“O Brasil é um dos países com maior potencial para receber investimentos com esse fim, em energias renováveis, como o hidrogênio verde”, diz a nota do governo.
Lula teria convidado ainda o líder saudita a visitar o Brasil e conhecer a Amazônia.
Redação ICL Economia
Com informações do UOL