O Índice de Gerentes de Compras (PMI), nos Estados Unidos, e pesquisas da S&P Global, na Europa divulgados hoje apontam a fraca atividade nas diferentes economias e o risco de uma recessão global diante da disparada de preços e a guerra na Ucrânia.
O PMI Composto nos EUA caiu para 45 – o menor nível desde fevereiro de 2021 – da leitura final de 47,7, em julho. Uma leitura abaixo de 50 indica contração da atividade e abre caminhos para uma recessão global . A queda foi mais notável em serviços, já que o PMI do setor caiu para 44,1 de 47,3 no mês passado. O índice da indústria ainda mostrou uma expansão modesta de 51,3, ante 52,2 em julho.
Ambos os resultados foram os mais baixos desde meados de 2020 e também ficaram abaixo da estimativa. A expectativa para o PMI de serviços era de 49,2, enquanto que para a indústria estava em 52. “Faltas de material, atrasos de entregas, aumentos nas taxas de juros e fortes pressões inflacionárias serviram para amortecer a demanda dos clientes, de acordo com os entrevistados”, disse o relatório.
Em agosto, a atividade do setor privado dos Estados Unidos contraiu pelo segundo mês consecutivo e atingiu o ponto mais fraco em 18 meses, com particular fraqueza no setor de serviços, uma vez que a demanda enfraqueceu diante da inflação e de condições financeiras mais apertadas. Em maio passado, o Banco Mundial avisou sobre a dificuldade de se evitar a recessão global.
Os índices, tanto de preços cobrados quanto de insumos, caíram novamente, para o patamar mais baixo desde fevereiro de 2021, o último sinal de que as pressões inflacionárias podem estar diminuindo.
A queda na demanda refletida nas pesquisas do PMI é exatamente o que o Federal Reserve está tentando engendrar com a mais dura série de aumentos das taxas de juros desde os anos 1980.
Com a inflação também perto de uma máxima de 40 anos, o banco central norte-americano aumentou os juros de quase zero em março para sua faixa atual de 2,25% a 2,50%, e as autoridades projetam mais aumentos para os próximos meses, abrindo caminhos para recessão global.
Sob risco de recessão global, Alemanha registra o declínio mais acentuado na atividade econômica desde junho de 2020, enquanto se apressa para reduzir dependência do gás natural
Nos 19 países da zona do euro, a atividade caiu pelo segundo mês consecutivo em agosto à medida que a inflação recorde de energia e alimentos diminui a demanda e mais setores sucumbiram às perspectivas sombrias, segundo pesquisas divulgadas na terça-feira pela S&P Global. Embora a queda tenha sido impulsionada pelo setor industrial, a recuperação pós-pandemia de serviços como o turismo quase parou. Os investidores cautelosos com uma possível recessão global.
No Reino Unido, o índice de gerentes de compras conseguiu se manter acima de 50, o nível que separa expansão de contração, mas registrou uma queda inesperadamente grande na atividade fabril.
Nos países asiáticos, a política de Covid Zero e a piora do mercado imobiliário na China pesam na confiança de consumidores e empresas. Também a atividade econômica japonesa encolheu à medida que o ressurgimento dos casos de Covid deprime ainda mais a demanda que já estava baixa sob o peso da inflação. Na Austrália, o setor de serviços se contraiu pela primeira vez em sete meses, embora tenha sido compensado um pouco por um aumento no turismo e o risco de recessão global já é uma realidade no mercado.
Os dados pintam um quadro pessimista para a economia global, com a maioria dos bancos centrais ainda focados em domar a inflação através do aumento de juros. E embora o aperto monetário piore a desaceleração, a inflação alta pode não voltar para onde estava antes da escalada de preços, de acordo com grandes investidores como a Pimco, o eleva o risco de uma recessão global.
Para a zona do euro, os números “apontam para uma economia em contração durante o terceiro trimestre”, disse o economista da S&P Andrew Harker para as agências internacionais de notícias. Segundo ele, o declínio da produção afeta uma série de setores, desde matérias primas e montadoras até empresas de turismo e imobiliárias.
A situação é particularmente ruim na Alemanha, que registrou o declínio mais acentuado na atividade desde junho de 2020, enquanto se apressa para reduzir a dependência do gás natural russo em meio a quedas nos embarques após a guerra na Ucrânia. Na França, a atividade se contraiu pela primeira vez em um ano e meio.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias