As medidas eleitoreiras do presidente Jair Bolsonaro (PL), que incluem amenizar as perdas causadas aos caminhoneiros pela alta do diesel no país, não estão dando certo – e as pesquisas mostram isso. O benefício extraordinário de R$ 1.000 mensais, chamado Auxílio Caminhoneiro, para os motoristas começou a ser pago semana passada, mas só chegou a cerca de 20% dos transportadores de cargas autônomos do país.
O Auxílio Caminhoneiro foi viabilizado por meio da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Auxílios, aprovada pelo Congresso em julho. O projeto reservou R$ 5,4 bilhões para pagamentos aos transportadores até o fim do ano.
Após a promulgação da PEC, o governo prometeu pagar, na terça-feira (9), dois benefícios de uma só vez aos caminhoneiros. Seriam, portanto, R$ 2.000 referentes a julho e agosto.
Porém, dos cerca de 870 mil caminhoneiros cadastrados no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC) da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), só 190.861 receberam o auxílio. Esses números foram revelados pela Folha de S.Paulo com base em dados fornecidos pelo governo.
Alguns caminhoneiros procuraram orientação de órgãos do governo por telefone e internet. Foram informados sobre problemas na vinculação de seu cadastro com seu CPF. Apesar da tentativa de resolver a questão, ainda não receberam o benefício.
O diesel vendido pela Petrobras a distribuidoras de combustível subiu cerca de 67% de janeiro a junho, passando de R$ 3,34 a R$ 5,61. Neste mês, baixou duas vezes e chegou R$ 5,19. Ainda assim, está 55% mais caro que no início do ano.
A Petrobras é a principal fornecedora do diesel a postos de combustível do país. Por isso, o aumento promovido pela estatal afeta diretamente os preços aos consumidores.
O diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Carlos Alberto Litti, afirmou que o número de pagamentos efetuados está bem abaixo do que sua entidade estimava. Pelo cálculos da CNTTL, seriam 600 mil.
Problemas com Auxílio Caminhoneiro mostram falta de planejamento do governo
“Um simples cruzamento de dados entre os órgãos do governo, como a ANTT, que tem o cadastro dos caminhoneiros, e o da Caixa Econômica, responsável pelo pagamento, resolveria a questão”, afirmou Litti. “Isso demonstra o quanto esse governo é sem rumo, não tem planejamento e nem organização”.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, o auxílio não é solução para a categoria. Mas é pior quando ele não chega.
Na quarta-feira (10), a ANTT emitiu uma nota informando que a responsabilidade sobre o pagamento do auxílio é do Ministério do Trabalho e Previdência (MTP).
A agência declarou também que as primeiras duas parcelas do benefício estão sendo pagas aos transportadores autônomos que estavam com o RNTRC vigente em 31 de maio, e em situação “ativo” em 27 de julho. Além disso, o transportador deve ter registro na ANTT de operação de carga realizada entre 1º de janeiro e 27 de julho para receber.
Já o MTP informou que caminhoneiros cadastrados no RNTRC, mas que não tenham registrado movimentação de cargas neste ano, podem fazer uma autodeclaração para terem direito ao Auxílio Caminhoneiro.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias