A preliminar da balança comercial brasileira, que contemplou as duas primeiras semanas de agosto, apresentou saldo positivo de US$ 1,96 bilhão, resultado da diferença de um volume de US$ 13,8 bilhões em exportações e de US$ 11,8 bilhões em importações até o dia 14 de agosto. O volume mostra que o país ainda não está conseguindo um saldo considerável na balança, uma vez que o montante ficou abaixo do obtido no mesmo período do ano anterior. Dentre os setores, a situação da indústria extrativa é a mais preocupante, pois já está sentindo a desaceleração econômica chinesa.
“Apesar do maior volume de transações, o saldo da balança em 2022 é inferior ao do ano passado, por conta do menor crescimento da atividade econômica na China e da queda da demanda por minerais metálicos”, explicam os economistas do ICL André Campedelli e Deborah Magagna. “O melhor resultado da balança comercial é importante para o objetivo de um PIB (Produto Interno Bruto) mais robusto em 2022, meta do governo federal no momento”, completam os economistas.
Comparando o período atual com o ano anterior, a mesma tendência observada nos últimos meses persistiu, com um volume maior de transações resultando em mais exportações e importações, porém, com um saldo ainda abaixo do registrado em 2021.
Houve queda de 13,1% no saldo da balança comercial no acumulado entre janeiro e agosto, quando comparado ao mesmo período do ano anterior. O saldo neste ano ficou em US$ 41,85 bilhões até o momento, enquanto na mesma base de comparação de 2021, o acumulado no ano estava em US$ 52,03 bilhões.
Em julho passado, o encarecimento do preço de vários itens importados, especialmente fertilizantes e petróleo, fez o superávit da balança comercial encolher. O Brasil exportou US$ 5,444 bilhões a mais em julho do que importou, queda de 22,7% em relação ao registrado no mesmo mês de 2021.
Na balança comercial, soja continua sendo o produto brasileiro mais exportado, com aumento de 34%
Utilizando a média diária de produção, os períodos de agosto de 2021 e de 2022 podem ser comparados. Até o momento, a agropecuária apresentou saldo maior do que no ano anterior, com aumento de 40,18% em relação ao registrado em 2021.
A soja, produto brasileiro mais exportado, teve aumento de 34%, enquanto o milho, que vem ocupando o espaço deixado por Rússia e Ucrânia no comércio internacional, apresentou alta de 131,7%.
O café aumentou suas exportações em 18,2% e o arroz, neste mês, teve uma alta considerável, de 527,5%. Algumas baixas também foram registradas, afetando o bom resultado do setor, como foram os casos do algodão, que caiu 11,6%, e dos demais produtos agrícolas como um todo, que caíram 14,2%
Já a indústria extrativa vem sofrendo quedas consecutivas nos últimos meses e a tendência se manteve em agosto. Em comparação ao mesmo período do ano anterior, houve queda de 30% do setor, devido ao desaquecimento da economia chinesa, que reduziu o comércio de minerais metálicos no mundo.
A redução mais considerável foi a do minério de ferro, que apresentou baixa de 57,8%, e, mesmo com alta nos demais componentes – como o minério de cobre, que aumentou 72%; óleo bruto de petróleo, com alta de 5%; outros minerais brutos, crescimento de 64,4%; e outros minerais e concentrados de metal, com alta de 95,3% – o setor ficou prejudicado. A queda desse ramo de atividade tem atrapalhado os saldos mais consistentes da balança comercial brasileira.
A indústria de transformação apresentou elevação de 27,7% quando comparada ao mesmo período do ano anterior. A única baixa registrada foi a do ouro, que caiu 7% no período, sendo que houve resultados expressivos na base avaliada, como açúcar e melaço, com alta de 53,5%; farelo de soja, de 45,5%; automóveis, de 79,3%; óxido de alumínio, de 157,2%; e carne de aves, 45,5%.
Devido ao baixo peso que a indústria de transformação possui na balança comercial, mesmo diante de um bom resultado, sua contribuição não foi suficiente para geração de um saldo mais robusto nesse período.
Redação ICL Economia
Com informações do Boletim “Economia Para Todos Investidor Mestre”