Banco Central divulga estatísticas do setor externo

A balança comercial de bens registrou superávit de US$7,2 bilhões em julho de 2023, ante saldo positivo de US$4,1 bilhões em julho de 2022. As exportações de bens totalizaram US$29,2 bilhões, redução de 3,3% na comparação interanual
25 de agosto de 2023

1. Balanço de pagamentos

As transações correntes do balanço de pagamentos foram deficitárias em US$3,6 bilhões em julho de 2023, ante déficit de US$5,3 bilhões em julho de 2022. Na comparação interanual, o superávit comercial aumentou US$3,1 bilhões, o déficit de serviços manteve-se estável, e o déficit em renda primária cresceu US$1,2 bilhão. O déficit em transações correntes nos doze meses encerrados em julho de 2023 somou US$51,1 bilhões (2,52% do PIB), ante US$52,7 bilhões (2,64% do PIB) no mês anterior e US$48,8 bilhões (2,71% do PIB) em julho de 2022.

A balança comercial de bens registrou superávit de US$7,2 bilhões em julho de 2023, ante saldo positivo de US$4,1 bilhões em julho de 2022. As exportações de bens totalizaram US$29,2 bilhões, redução de 3,3% na comparação interanual. As importações de bens diminuíram 15,7%, na mesma base de comparação, totalizando US$21,9 bilhões.

O déficit na conta de serviços totalizou US$3,2 bilhões em julho de 2023, estável em relação a julho de 2022. A conta de transportes registrou despesas líquidas de US$941 milhões, recuo de 45,0% na comparação com julho de 2022, influenciada por menores gastos em fretes. As despesas líquidas de viagens internacionais cresceram 23,7% e somaram US$817 milhões, com aumentos de 45,8% nas receitas (para US$567 milhões) e de 31,9% nas despesas (para US$1,4 bilhão). As despesas líquidas com aluguel de equipamentos somaram US$1,0 bilhão, aumento de 53,1% em comparação a julho de 2022.

O déficit em renda primária somou US$7,7 bilhões em julho de 2023, incremento de 17,7% comparativamente ao déficit de US$6,6 bilhões em julho de 2022. As despesas líquidas de lucros e dividendos, associadas aos investimentos direto e em carteira, totalizaram US$4,0 bilhões, ante US$3,6 bilhões em julho de 2022. Na comparação interanual, as receitas e as despesas brutas de lucros e dividendos reduziram US$1,9 bilhão e US$1,5 bilhão, respectivamente. As despesas líquidas com juros somaram US$3,8 bilhões em julho de 2023, US$758 milhões superiores ao resultado de julho de 2022, influenciadas por maiores despesas brutas em operações intercompanhia, títulos negociados no mercado doméstico e em outros investimentos.

Os investimentos diretos no país (IDP) somaram ingressos líquidos de US$4,2 bilhões em julho de 2023, ante US$7,2 bilhões em julho de 2022. No mês, houve ingressos líquidos de US$3,5 bilhões em participação no capital e de US$0,7 bilhão em operações intercompanhia. O IDP acumulado em 12 meses totalizou US$71,7 bilhões (3,54% do PIB) em julho de 2023, ante US$74,6 bilhões (3,74% do PIB) no mês anterior e US$61,0 bilhões (3,38% do PIB) em julho de 2022.

Os investimentos em carteira no mercado doméstico totalizaram saídas líquidas de US$333 milhões em julho de 2023, compostas por ingressos líquidos de US$1,4 bilhão em ações e fundos de investimento e por saídas líquidas de US$1,7 bilhão em títulos de dívida. Nos doze meses encerrados em julho de 2023, os investimentos em carteira no mercado doméstico somaram ingressos líquidos de US$12,8 bilhões.

2. Reservas internacionais

As reservas internacionais somaram US$345,5 bilhões em julho de 2023, incremento de US$1,9 bilhão em comparação ao mês anterior. O resultado decorreu de contribuições positivas por variações de paridades, US$1,1 bilhão, variações de preços, US$302 milhões, e da receita de juros, US$632 milhões.

3. Revisão ordinária anual das estatísticas do setor externo e revisões extraordinárias

A Política de Revisão das Estatísticas Econômicas Oficiais Compiladas pelo Departamento de Estatísticas (DSTAT) do Banco Central do Brasil (3ª edição, de junho de 2023)  estabelece revisão ordinária anual do balanço de pagamentos e da posição de investimento internacional (PII) nos meses de julho e novembro. Neste ano, excepcionalmente, em função da operação padrão dos servidores do Banco Central do Brasil (BCB), a revisão ordinária do balanço de pagamentos prevista para julho é publicada nesta Nota de agosto.

As fontes para a revisão ordinária das estatísticas do setor externo referentes a 2022 e publicadas neste mês são as seguintes:

1.      Capitais Brasileiros no Exterior (CBE): fonte de dados definitiva, para 2022, para: 

movimentações em contas no exterior – receitas de exportação recebidas diretamente em conta no exterior, bem como o uso desses recursos, com impactos principalmente nas contas de crédito comercial ativo e passivo na conta financeira; serviços e renda primária nas transações correntes;

lucros auferidos por empresas de investimento direto não residentes, com impactos nas receitas de lucros, na renda primária e nas transações correntes, e no Investimento Direto no Exterior (IDE), via lucros reinvestidos, na conta financeira.

2.      Registro Declaratório Eletrônico – Registro de Operações Financeiras (RDE-ROF): o módulo de pagamentos no exterior é fonte de dados para: 

registros declaratórios efetuados retroativamente, de amortizações em mercadoria de operações intercompanhia, com impactos em IDP, crédito comercial ativo e crédito comercial passivo na conta financeira; e

pagamentos de juros e de principal de passivos de dívida externa realizados via conta no exterior, com impactos nas despesas de juros nas transações correntes e no IDP e nos outros investimentos na conta financeira.

3.1       Balanço de pagamentos de 2022

Para 2022, a revisão das estatísticas do setor externo resultou em redução de US$3,4 bilhões do déficit em transações correntes, de US$57,0 bilhões (3,0% do PIB) para US$53,6 bilhões (2,8% do PIB). A revisão se concentrou na renda primária, com recuo das despesas líquidas de US$64,9 bilhões para US$61,9 bilhões.

Na renda primária, a receita total de lucros de investimento direto para 2022, apurada no CBE, atingiu US$32,2 bilhões, aumento de US$3,2 bilhões comparativamente à estimativa anterior. Houve alteração na composição do lucro total, com redução de US$0,5 bilhão nas receitas de lucros remetidos e aumento de US$3,7 bilhões nas receitas de lucros reinvestidos.

A incorporação dos resultados definitivos do CBE anual 2022, especialmente das movimentações no exterior, além de outras alterações pontuais em contratos de câmbio, implicou redução de US$0,4 bilhão nas despesas líquidas da conta de serviços.

O ingresso líquido de IDP em 2022 foi revisado para menor, em US$4,3 bilhões, de US$91,5 bilhões (4,8% do PIB) para US$87,2 bilhões (4,5% do PIB). Destacaram-se as amortizações em mercadoria de operações intercompanhia, informadas retroativamente no RDE-ROF.

Após incorporação dos resultados anuais do CBE para 2022, as saídas líquidas de IDE passaram de US$30,7 bilhões, antes da revisão, para US$33,4 bilhões. O aumento de US$2,7 bilhões nas aplicações no exterior na forma de participação no capital, decorreu, principalmente, da ampliação dos lucros reinvestidos.

As contas de outros investimentos ativos e outros investimentos passivos foram revisadas, com recuos de US$17,0 bilhões e US$12,9 bilhões, na ordem, refletindo, dentre outras operações, a identificação adicional, via CBE, de receitas de exportação depositadas diretamente no exterior, e seu uso no pagamento de importações.

3.2       Balanço de pagamentos de 2023

A revisão também impactou as estatísticas do setor externo para o primeiro semestre de 2023, com o aprimoramento das estimativas em função das informações capturadas no CBE anual 2022, e no CBE trimestral do primeiro trimestre de 2023, além daquelas prestadas no RDE-ROF e no RDE-IED.

O déficit em transações correntes do primeiro semestre de 2023 foi revisado de US$13,8 bilhões para US$14,6 bilhões. O superávit comercial reduziu US$0,4 bilhão (revisão efetuada pela Secretaria de Comércio Exterior, Secex), as despesas líquidas de serviços aumentaram US$0,7 bilhão, e o déficit em renda primária recuou US$0,3 bilhão.

Com a incorporação dos dados do CBE referente ao primeiro trimestre de 2023, as receitas de lucros para o primeiro semestre do ano foram revisadas de US$10,6 bilhões para US$8,8 bilhões, redução de US$1,8 bilhão. As despesas de lucros para o mesmo período foram revisadas de US$29,3 bilhões para US$26,9 bilhões, recuo de US$2,3 bilhões. O impacto líquido da revisão de lucros de investimento direto sobre o resultado em transações correntes resultou em ampliação de US$0,5 bilhão no déficit.

Os investimentos diretos na conta financeira também foram revisados para 2023, dadas as novas estimativas de lucros reinvestidos e revisão de operações intercompanhia. O IDE do primeiro semestre passou a apresentar aplicações líquidas no exterior de US$11,6 bilhões, decréscimo de US1,8 bilhão. No mesmo período, o IDP passou a acumular ingressos líquidos de US$29,4 bilhões, recuo de US$2,2 bilhões.

Da Agência de Notícias do Banco Central

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