O Banco Central fez ontem (2) o segundo leilão de dólares consecutivo. A autoridade monetária vendeu US$ 735 milhões, o restante da venda de sexta-feira passada (30), quando foi feito o primeiro leilão.
Ontem, o BC vendeu todos os 14.700 contratos de swap cambial ofertados no leilão extraordinário. Na sexta-feira, a autarquia colocou à venda US$ 1,5 bilhão no mercado à vista de câmbio.
A operação, no entanto, não foi suficiente para controlar a alta da divisa na sexta, que acabou subindo 0,21%, e fechou a R$ 5,635 – a quinta valorização consecutiva. É por essa razão que o BC promove leilão – para controlar o avanço do dólar em relação ao real. Ontem, por sua vez, o dólar comercial recuou 0,32%, a R$ 5,61, após cinco altas seguidas.
Na avaliação de especialistas, o leilão feito pelo BC na sexta-feira, do tipo spot (o BC tira reais do mercado, oferecendo mais liquidez ao dólar), ajudou o dólar a não subir tanto.
Ontem, foi feito um leilão de swap, em que o banco faz contratos futuros de venda de dólar. O swap, por ser uma operação de futuro, não traz injeção de liquidez imediata, enquanto o spot tem, sim, efeito imediato.
Na semana passada, a moeda acumulou alta de 2,84%, mas em agosto recuou 0,36%. Porém, em julho, a taxa de câmbio chegou a alcançar R$ 5,70 (embora tenha terminado o mês com alta acumulada de 0,1%).
No site do Banco Central, há explicação sobre o porquê de a autoridade monetária interferir no mercado de câmbio às vezes:
- O Brasil mantém regime de câmbio flexível. Nesse regime, a taxa de câmbio flutua livremente, em resposta aos fluxos cambiais, sem níveis máximos ou mínimos estabelecidos para a taxa de câmbio.
- Nesse regime, o Banco Central participa do mercado de câmbio somente para garantir seu funcionamento adequado, inclusive por meio de ações voltadas a conter eventuais movimentos desordenados da taxa de câmbio, evitar restrições de liquidez e assegurar o provimento de mecanismos de proteção ao mercado.
Entenda por que Banco Central realizou leilão de dólares
Ainda não está claro por que o BC fez leilão de dólares somente agora. Em entrevista ao UOL, André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, plataforma de transferências internacionais, disse que a indicação do diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, para a presidência da autoridade monetária a partir de janeiro (o mandato de Roberto Campos Neto termina em 31 de dezembro deste ano) não tem relação com isso. “Galipolo já estava precificado. Não faria sentido”, afirmou.
Segundo a reportagem, uma suposição é que o BC ofertou liquidez para cobrir o rebalanceamento de cesta do fundo EWZ Brazil.
Desde ontem, algumas ações de companhias brasileiras já listadas em Bolsas estrangeiras passaram a fazer parte do índice MSCI Brazil. O fundo americano EWZ (sigla para Morgan Stanley Capital International Brazil ETF) é uma das principais referências para investidores que aplicam em Bolsas internacionais. Entre as empresas que passam a fazer parte do índice estão Nubank, Stone, PagBank e XP.
Ainda de acordo com a reportagem, com a inclusão dessas empresas, muitos investidores tirariam dinheiro do Brasil para colocar nesse fundo. Projeções falam de algo entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão, o que faria a cotação do real cair ainda mais.
Na avaliação de analistas, o corte de juros nos Estados Unidos deve ajudar o dólar a cair. Os mercados financeiros esperam que o Fed (Federal Reserve, o BC americano), reduza os juros em 0,25 ponto porcentual em sua reunião de 17 a 18 de setembro.
Redação ICL Economia
Com informações do UOL