O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, bem que tentou utilizar o Auxílio Brasil como moeda de troca por votos. Mas o fato é que pesquisas têm mostrado que os eleitores beneficiários de programas sociais do governo não compraram a farsa eleitoreira do mandatário do país. Pesquisa Datafolha divulgada no fim de semana apontou que 55% dos beneficiários do auxílio afirmam que a situação econômica do país piorou nos últimos meses. A impressão é respaldada pelo fato de que 76% deles usam os R$ 600 do benefício para comprar comida, segundo o mesmo levantamento.
Segundo o Datafolha, apenas 21% dos pesquisados naquele grupo dizem ter percebido uma melhora do país, enquanto 23% não notaram mudanças.
O resultado da pesquisa Datafolha é uma fotografia da realidade. Apesar de medida eleitoreira para baixar os preços dos combustíveis, isso não se refletiu na parcela mais vulnerável da população. A inflação dos alimentos permanece impactando o bolso dos mais pobres do país, justamente a que depende dos benefícios sociais do governo para poder comer.
Além disso, os níveis recordes de endividamento das famílias também fazem com que 11% delas utilizem o auxílio para pagar dívidas.
No recorte individual, 46% dos cadastrados no programa enxergam uma piora em sua própria situação econômica, ante os 31% que dizem não ter notado mudanças e os 23% que comemoram uma melhora.
Outra pesquisa recente do Datafolha divulgada recentemente ainda mostra que, apesar do discurso de Bolsonaro de que não há corrupção em seu governo, 69% dos eleitores acreditam que existe, sim, corrupção no governo.
O instituto ouviu 6.754 eleitores, em 343 municípios de todas as regiões do país, entre os dias 20 e 22 de setembro. Para o grupo de beneficiários do Auxílio Brasil, a margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Mais da metade dos beneficiários do Auxílio Brasil acredita que a vida ficará melhor se Lula vencer as eleições
Em outro recorte da pesquisa Datafolha, 54% dos que recebem o Auxílio Brasil dizem acreditar que a vida ficará melhor, caso o líder nas pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), retorne à Presidência da República. Por outro lado, 20% dos beneficiários não esperam mudanças com o retorno do petista, e outros 20% imaginam que tudo piore.
No grupo dos que não fazem parte do programa, 40% esperam uma melhora com a volta de Lula; 30%, uma piora; e 24,5%, apostam que tudo vai ficar como antes.
O ex-presidente Lula, aliás, deve receber os votos da maioria dos entrevistas. Dos pesquisados, 59% dizem que vão votar no petista, enquanto 26% afirmam que votarão em Bolsonaro, 5%, em Ciro Gomes (PDT), e 3%, em Simone Tebet (MDB). Em caso de segundo turno entre Lula e Bolsonaro, 64% declaram voto no petista e 30% no atual presidente.
Por sua vez, se Bolsonaro, que aparece em segundo lugar nas pesquisas, vencer as eleições, apenas 17% dos beneficiários esperam uma melhora, 36% dizem que a vida deve ficar igual, e 43% esperam que as coisas piorem.
Quando considerados todos os entrevistados pelo Datafolha, inscritos ou não no programa de transferência de renda, a perspectiva de um terceiro mandato de Lula é recebida com otimismo por 43,5%, enquanto 23,5% responderam que tudo deve ficar como está e 27% têm a avaliação de que deve ficar pior.
Já em relação a um segundo governo Bolsonaro, para 21% do grupo geral de entrevistados, a vida vai melhorar, enquanto 36% não esperam mudanças e 39% veem mais quatro anos do presidente com pessimismo.
Mesmo com o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600, apenas 5 das 17 capitais analisadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) tinham cesta básica abaixo do valor do benefício.
As cinco ficam no Nordeste: Recife (R$ 598,14), Natal (R$ 580,74), Salvador (R$ 576,93), João Pessoa (R$ 568,21) e Aracaju (R$ 539,57).
Além de comprar comida e pagar dívidas, as famílias pesquisadas pelo Datafolha usam o Auxílio Brasil para comprar remédios (6%) e gás de cozinha (2%). Outros gastos foram citados por 5%.
No levantamento, 24% dos entrevistados disseram que alguém da casa recebe o Auxílio Brasil, e 7% afirmaram receber o vale-gás federal.
Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S.Paulo