O mercado financeiro vive hoje uma espécie de “Super Quarta”, com discursos dos presidentes dos bancos centrais dos Estados Unidos, Jerome Powell, e do Brasil, Roberto Campos Neto, no radar dos investidores. A depender do tom das falas, isso pode trazer ânimo ou não aos mercados, nesta quarta-feira (3), dia em que os índices futuros operam em baixa, dando continuidade ao início de trimestre negativo, enquanto investidores aguardam por novos dados de emprego (pesquisa ADP) da maior economia do mundo, que serão divulgados antes do payroll de março, na sexta-feira (5).
Por sua vez, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano ficam perto das máximas de quatro meses, já que dados econômicos sólidos e preços mais altos das commodities reforçaram a visão de que as taxas de juros dos Estados Unidos permanecerão mais altas por mais tempo.
Na semana passada, Powell disse que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) está aguardando mais evidências de que a inflação está sob controle para poder iniciar o ciclo de cortes de juros. Por isso, a expectativa dos agentes sobre o tom da fala dele hoje, após novos dados mostrarem uma economia ainda bastante resiliente.
Por aqui, os investidores querem saber até quando vai o ciclo de cortes por parte do Copom (Comitê de Política Monetária), que sinalizou, na última ata, apenas mais um corte de 0,50 ponto percentual na próxima reunião.
Além disso, a alta do dólar, que ultrapassou a marca dos R$ 5 anteontem, levou o Banco Central a intervir no mercado de câmbio.
Na Europa, a inflação na zona do euro desacelerou mais do que o esperado em março, solidificando as perspectivas de um corte dos juros pelo BCE (Banco Central Europeu) em junho. Os preços ao consumidor subiram 2,4% ao ano no mês passado, abaixo dos 2,6% registrados em fevereiro e da expectativa de 2,5%.
Na Ásia, um terremoto de magnitude 7,4 em Taiwan, o mais forte do país em 25 anos, derrubou dezenas de prédios no lado leste da ilha, matando pelo menos nove pessoas até o início desta manhã no Brasil, e interrompendo a produção de semicondutores em algumas das principais fabricantes de chips do mundo.
Brasil
O Ibovespa fechou o pregão de terça-feira (2) com alta de 0,44%, aos 127.548 pontos, apoiado no bom desempenho das commodities no mercado internacional, que ajudaram a impulsionar, por exemplo, a Petrobras, que tem grande peso no indicador.
Sorte da bolsa brasileira, pois os indicadores de Wall Street fecharam no campo negativo, após o relatório Jolts ter apontado abertura de empregos pouco acima do previsto. Ou seja, é mais um dado macroeconômico mostrando uma economia bastante resiliente, com pressões sobre a condução da política monetária.
Agora, os investidores aguardam o principal relatório de emprego do país, o payroll de março, que será divulgado na próxima sexta-feira (5).
Já o dólar fechou hoje próximo da estabilidade, com queda de 0,02%, a R$ 5,0583 no mercado à vista.
Europa
As bolsas da Europa operam com alta em sua maioria, com investidores repercutindo dados de inflação da zona do euro, que diminuiu para 2,4% em março, de acordo com números preliminares publicados hoje.
FTSE 100 (Reino Unido): -0,39%
DAX (Alemanha): +0,34%
CAC 40 (França): +0,33%
FTSE MIB (Itália): +0,15%
STOXX 600: +0,09%
Estados Unidos
Os índices futuros dos Estados Unidos sofrerem perdas de até 1% ontem, em seu pior pregão em várias semanas, diante de temores de que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) demore para começar o ciclo de cortes nos juros.
Dow Jones Futuro: -0,03%
S&P 500 Futuro: -0,14%
Nasdaq Futuro: -0,24%
Ásia
As bolsas da Ásia fecharam majoritariamente em baixa hoje, repercutindo o desempenho de Wall Street, que teve ontem seu pior desempenho diário em semanas em meio a preocupações com a trajetória dos juros básicos nos EUA.
Das notícias da região, pesquisa da S&P Global/Caixin mostrou que o PMI de serviços chinês avançou para 52,7 em março, como previsto.
Shanghai SE (China), -0,18%
Nikkei (Japão): -0,97%
Hang Seng Index (Hong Kong): -1,22%
Kospi (Coreia do Sul): -1,68%
ASX 200 (Austrália): -1,34%
Petróleo
As cotações do petróleo operam em alta, ampliando os ganhos da véspera, como consequência da queda acima das expectativas dos estoques de petróleo bruto dos EUA e a escalada das tensões geopolíticas, que aumentaram as preocupações dos investidores sobre a oferta mais restrita da commodity.
Petróleo WTI, +0,22%, a US$ 85,34 o barril
Petróleo Brent, +0,29%, a US$ 89,18 o barril
Agenda
Nos Estados Unidos, saem os dados do emprego privado (ADP) de março, com o consenso LSEG prevendo 148 mil solicitações; o PMI de serviços; o ISM de serviços e o discurso do presidente do Fed (Federal Reserve), Jerome Powell.
Por aqui, no Brasil, no campo político, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse ontem (2) que o governo reavaliará mês a mês a meta de déficit primário zero estabelecida para este ano, e acrescentou que, com os números da arrecadação, ficará mais claro se a meta de superávit de 0,5% do PIB para 2025 poderá ser mantida. Na seara de indicadores, saem os dados da produção industrial de fevereiro, com previsão de alta de 0,3% na base mensal e de 5,6% na base anual do consenso LSEG; e o PMI de serviços.
Redação ICL Economia
Com informações do InfoMoney e da Bloomberg