Bolsas e índices futuros dos EUA operam em baixa devido às preocupações com o mercado imobiliário chinês

O setor imobiliário chinês voltou a preocupar os mercados, depois que o Evergrande Group, segunda maior empresa imobiliária da China em vendas, entrou com o conhecido “Chapter 15” em Nova York ontem (17), uma medida que protege seus ativos nos EUA dos credores.
18 de agosto de 2023

Com a China e a política monetária global no radar, as bolsas mundiais e os índices futuros dos Estados Unidos estão em trajetória negativa, nesta manhã de sexta-feira (18), dia de agenda de indicadores esvaziada, tanto no Brasil quanto no exterior.

O setor imobiliário chinês voltou a preocupar os mercados, depois que o Evergrande Group, segunda maior empresa imobiliária da China em vendas, entrou com o conhecido “Chapter 15” em Nova York ontem (17), uma medida que protege seus ativos nos EUA dos credores.

Cresce o temor de que a crise imobiliária no setor privado chinês esteja se ampliando para empresas apoiadas pelo governo. Dos 38 incorporadores imobiliários estatais listados em Hong Kong e no continente asiático, 18 reportaram perdas no primeiro semestre, segundo a Bloomberg.

Nesta semana, já trouxe preocupação aos mercados a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Mercado Aberto do Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos EUA), de que novas altas dos juros devem vir no futuro devido às preocupações com a inflação.

A divulgação do documento fez com que o rendimento do Tesouro dos EUA de 10 anos subisse ontem para seu nível mais alto desde outubro de 2022.

Os estrategistas do Bank of America estão alertando os investidores para se prepararem para o retorno do “mundo dos 5%”, que prevalecia antes da crise que levou à era de taxas de juros próximas de zero nos EUA. Apesar da desaceleração recente, o mercado aposta que pressões inflacionárias e incertezas macroeconômicas levarão a taxas maiores.

A aversão a ativos de risco é notada também no mercado de criptomoedas, no qual o bitcoim desliza ao redor de 4%.

Brasil

O Ibovespa fechou o pregão de quinta-feira (17) em queda, na 13º sessão consecutiva de perdas, com investidores repercutindo ainda a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e monitorando o noticiário econômico doméstico. O principal índice da Bolsa brasileira, dessa vez, caiu 0,53%, aos 114.982 pontos. Não há registro de uma sequência tão longa de queda desde a criação do Ibovespa em 1968.

Segundo analistas do mercado financeiro, com a falta de indicadores econômicos mais relevantes na agenda brasileira, investidores passaram o dia analisando a ata do Fed, divulgada na quarta-feira (16). O documento indica que “a maioria dos participantes continuou a ver riscos significativos de alta para a inflação, o que pode exigir mais aperto da política monetária”, sinalizando que os preços ainda estão em níveis elevados e que, para interromper o ciclo de altas, o comitê precisa enxergar sinais mais claros de desaceleração na inflação.

Nas negociações do dia do Ibovespa, o dólar teve queda de  0,10% frente ao real, cotado a R$ 4,981 na compra e na venda.

Europa

As bolsas da Europa operam no território negativo, acompanhando a cautela global dos investidores com o futuro da política monetária e com as preocupações em relação à saúde do setor imobiliário da China.

Das notícias da região, as vendas no varejo do Reino Unido caíram 1,2% mês a mês em julho e 3,2% na base anual.

Na zona do euro, o índice de inflação ao consumidor do mês de julho subiu 5,50% na base anual, mas caiu 0,10% na base mensal, em linha com o consenso de mercado.

FTSE 100 (Reino Unido), -0,85%
DAX (Alemanha), -0,75%
CAC 40 (França), -0,91%
FTSE MIB (Itália), -0,80%
STOXX 600, -0,86%

Estados Unidos

Os índices futuros dos Estados Unidos operam com queda e caminham para terminar a semana no vermelho, com investidores repercutindo a ata do Fed divulgada na quarta-feira (16), indicando preocupações com a inflação e que, por isso, o ciclo de alta dos juros pode perdurar por mais tempo.

O Dow Jones está a caminho de sua pior semana desde março, com queda de 2,29% até quinta-feira. O S&P 500, por sua vez, caminha para a terceira semana consecutiva de perdas, uma sequência que não acontecia desde fevereiro. Já o Nasdaq também está rumo a sua terceira semana consecutiva de perdas pela primeira vez desde dezembro.

Dow Jones Futuro (EUA), -0,09%
S&P 500 Futuro (EUA), -0,11%
Nasdaq Futuro (EUA), -0,21%

Ásia

As bolsas da Ásia fecharam com baixa, com investidores digerindo dados de inflação do Japão em julho e uma possível crise no setor imobiliário da China.

O núcleo da inflação do Japão em julho caiu para 3,1% em relação aos 3,3% de junho, enquanto a taxa de inflação global ficou em 3,3% no mês de julho, inalterada em relação ao valor de junho.

Shanghai SE (China), -1,00%
Nikkei (Japão), -0,55%
Hang Seng Index (Hong Kong), -2,05%
Kospi (Coreia do Sul), -0,61%
ASX 200 (Austrália), +0,03%

Petróleo

Os preços do petróleo operam com leves perdas e caminham para interromper uma sequência de sete semanas de ganhos, devido a preocupações com a demanda da China pela commodity, à medida que sua economia desacelera, e a possibilidade de taxas mais altas de juros nos EUA.

Petróleo WTI, -0,01%, a US$ 80,38 o barril
Petróleo Brent, -0,14%, a US$ 84,00 o barril

Agenda

A semana termina sem indicadores econômicos relevantes no exterior.

Por aqui, no Brasil, no campo político-econômico, o novo teto para os juros do crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS, de 1,91% ao mês, fica abaixo dos custos que parte dos bancos tem para oferecer à linha, de acordo com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos). A entidade diz que não houve diálogo sobre a proposta de redução do teto, e que o movimento pode comprometer a oferta do consignado. Na agenda do dia, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participa de palestra no Fórum Brasileiro de Inteligência Artificial, promovido pela Fundação Milton Campos, em São Paulo.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias, InfoMoney e Bloomberg

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