Com radares voltados à fala de Powell em Jackson Hole, bolsas da Europa e índices futuros dos EUA operam no positivo

No Brasil, a semana termina com a divulgação do IPCA-15 de agosto. O Itaú projeta alta de 0,19% na comparação com julho e de 4,1% na base anual.
25 de agosto de 2023

Enquanto as bolsas asiáticas encerraram em baixa nesta manhã de sexta-feira (25), os mercados europeus e os índices futuros dos Estados Unidos operam no campo positivo, com os investidores de olho no grande evento do dia, que é o discurso do presidente do Fed (Federal Reserve), Jerome Powell, no simpósio de bancos centrais em Jackson Hole, no Wyoming. Este ano, o simpósio traz como tema as “mudanças estruturais na economia global”.

A fala de Powell pode fornecer pistas sobre os rumos da política monetária norte-americana, em um momento em que os dados econômicos decepcionantes trouxeram novas dúvidas a respeito da interrupção ou não do ciclo de altas de juros nos Estados Unidos.

A ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) deu bastante ênfase à resiliência da atividade econômica americana, mesmo em meio ao ciclo de aperto monetário.

Vale lembrar que, durante a reunião do ano passado, as ações caíram após o discurso agressivo de Powell. O presidente aproveitou o fórum para alertar que o ciclo de altas iria continuar até que o trabalho contra inflação estivesse concluído.

Com peso diferente, para hoje também é aguardado o discurso da presidente do BCE (Banco Central Europeu), Christine Lagarde, em um momento em que dados econômicos mostram que a economia alemã, a maior da zona do euro, saiu da recessão e ficou estagnada no segundo trimestre, em linha com as expectativas.

O baixo desempenho deve-se ao abalado consumo, a uma recessão na indústria e à queda das exportações (-1,1%) em uma economia global que se recupera a passos lentos. Adicionalmente, o indicador de sentimento do instituto Ifo no país caiu de 87,4 para 85,7 em agosto, aquém da estimativa média.

Na Ásia, a cautela em relação à economia e ao sistema financeiro da China levou o Morgan Stanley a reduzir pela segunda vez em três meses os preços-alvo para os principais índices de ações da China e de Hong Kong. Ao mesmo tempo, o Goldman Sachs avisou que o estresse do setor imobiliário na China pode levar a uma redução de lucros e rentabilidade no resto da Ásia.

No Brasil, a semana termina com a divulgação do IPCA-15 de agosto. O Itaú projeta alta de 0,19% na comparação com julho e de 4,1% na base anual.

Brasil

O Ibovespa fechou o pregão de quinta-feira (24) em queda, em dia de agenda vazia no Brasil, mas com investidores repercutindo novos dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos e de olho no Simpósio de Jackson Hole – evento que reúne diversas autoridades políticas e da economia para falar sobre a economia do país. O principal índice da Bolsa brasileira recuou 0,94%, aos 117.026 pontos.

Segundo analistas do mercado financeiro, o mercado ficou atento à participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva da cúpula do BRICS. O grupo, que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, convidou outros seis países para integrarem o bloco a partir de 2024: Irã, Arábia Saudita, Egito, Argentina, Etiópia e Emirados Árabes.

Nas negociações do dia do Ibovespa, o dólar subiu 0,51%, cotado a R$ 4,8798.

Europa

As bolsas da Europa operam no campo positivo hoje, com os investidores de olho no simpósio de Jackson Hole, principalmente a fala de Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA). Também é aguardado para hoje a fala de Christine Lagarde, presidente do BCE, o Banco Central Europeu.

No mercado de ações, os papéis do Grupo Watches of Switzerland despencaram mais de 25% na manhã de hoje, rumo ao pior dia de todos os tempos da empresa, depois que a relojoaria de luxo Rolex anunciou um acordo para comprar a varejista de relógios Bucherer.

FTSE 100 (Reino Unido), +0,23%
DAX (Alemanha), +0,14%
CAC 40 (França), +0,44%
FTSE MIB (Itália), +0,63%
STOXX 600, +0,19%

Estados Unidos

Os índices futuros dos EUA sobem nesta manhã de sexta-feira, com todas as atenções voltadas para o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em Jackson Hole.

Na abertura dos mercados ontem (24), os principais índices de Nova York subiram como consequência dos fortes resultados trimestrais da Nvidia, mas acabaram fechando no vermelho, à medida que os investidores ficaram mais cautelosos antes dos comentários de Powell.

Apesar das quedas de quinta-feira, tanto o S&P 500 como o Nasdaq mantêm ganhos semanais de 0,2% e 1,3%, respetivamente. Se as duas médias conseguirem terminar a semana no verde, quebrariam uma sequência de baixas de 3 semanas.

Dow Jones Futuro (EUA), +0,18%
S&P 500 Futuro (EUA), +0,17%
Nasdaq Futuro (EUA), +0,05%

Ásia

As bolsas da Ásia fecharam em baixa generalizada, à medida que investidores se preparavam para os sinais sobre a política monetária dos EUA provenientes dos comentários dos banqueiros centrais na reunião de Jackson Hole na sexta-feira, incluindo um discurso do presidente do Fed, Jerome Powell.

Shanghai SE (China), 0,00%
Nikkei (Japão), -2,06%
Hang Seng Index (Hong Kong), -0,51%
Kospi (Coreia do Sul), -0,66%
ASX 200 (Austrália), -0,89%

Petróleo

Os preços do petróleo operam com alta após abertura negativa, mas caminham para fechar a semana no campo negativo, uma vez que a fraca atividade industrial prejudicou as perspectivas de demanda e o dólar permaneceu forte.

Petróleo WTI, +1,18%, a US$ 79,98 o barril
Petróleo Brent, +1,15%, a US$ 84,32 o barril

Agenda

Na agenda internacional, o grande evento é o discurso de Jerome Powell, presidente do Fed, em Jackson Hole. Também será divulgado o índice de confiança do consumidor Michigan.

Para hoje, também é aguardada a fala da presidente do BCE, Christine Lagarde.

Por aqui, no Brasil, no campo político-econômico, a primeira emissão de títulos públicos sustentáveis deverá superar US$ 1 bilhão, disse o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron. Segundo ele, o volume exato não pode ser informado por questões de mercado. Títulos federais lançados no exterior, os papéis são vinculados a compromissos com o meio ambiente. Em vez de receber meros juros financeiros, investidores estrangeiros receberiam os rendimentos de um projeto sustentável, que ficariam entre 6,15% e 8% para os compradores dos títulos. Na agenda econômica, sai hoje o IPCA-15 de agosto no Brasil. A expectativa do Itaú é de que o indicador acelere para 0,19% ante -0,07% em julho. Já a taxa anualizada deve subir para 4,1%, ante 3,2% em julho. Também hoje serão divulgados os dados das contas externas de julho pelo Banco Central.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias, do InfoMoney e da Bloomberg

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