Bolsas mundiais operam no negativo diante da expectativa de juros mais altos e análises pessimistas sobre o futuro da economia dos EUA

Investidores repercutem uma análise pessimista do JPMorgan e a preocupação da Moody's com a hipótese de nova paralisação do governo dos Estados Unidos. 
26 de setembro de 2023

As bolsas mundiais e os índices futuros dos EUA estão operando no negativo, nesta manhã de terça-feira (26), à medida que crescem as preocupações dos investidores mundiais com a situação da China e com o futuro da economia norte-americana, em que uma política de juros altos deve permanecer por mais tempo.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos permanecem próximos das máximas de 16 anos. O mercado se ajusta ao cenário de juros elevados por mais tempo, com volatilidade nos prêmios dos títulos da dívida e menos apetite por ativos de risco.

Os investidores digerem também uma análise pessimista do JPMorgan e a preocupação da Moody’s com a hipótese de nova paralisação do governo dos Estados Unidos.

Segundo informações da Bloomberg, a Moody’s Investors Service, a única grande classificadora de crédito que ainda atribui aos EUA uma nota máxima ‘AAA’, sinalizou que sua confiança está diminuindo ante a eventualidade de uma paralisação do governo.

Os analistas não foram explícitos sobre um eventual rebaixamento, mas usaram uma linguagem excepcionalmente contundente para expressar sua preocupação sobre as negociações em torno de uma normativa para os gastos de curto prazo.

O Congresso dos EUA precisa aprovar um projeto de lei para impedir uma paralisação do governo em 1º de outubro.

Jamie Dimon, CEO do JPMorgan, disse que os juros podem precisar subir ainda mais para conter a inflação e que, no pior dos cenários, o avanço para uma taxa entre 5% e 7% seria mais sofrido do que a transição de 3% para 5%. Segundo ele, o mundo pode não estar preparado para taxas de 7% com estagflação.

O presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, reforçou que mais um aumento de juros pode ser necessário neste ano, assim como manter a política mais rígida por mais tempo se a economia for mais resiliente do que o esperado.

Esta semana, investidores aguardam mais dados de dados de inflação dos EUA, o que influenciará os próximos movimentos dos principais bancos centrais do mundo.

Por aqui, a ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) da semana passada será publicada hoje (26) e deve dar mais detalhes sobre o corte de 0,50 ponto porcentual da taxa básica de juros, a Selic, para 12,75 ao ano.

Também hoje sai o IPCA-15 de setembro, com consenso apontando para alta de 0,38%, acima dos 0,28% de agosto, com o ano voltando a pontuar acima de 5%, com 5,01%.

Brasil

O Ibovespa fechou o pregão de segunda-feira (25) em queda, com mineradoras, siderúrgicas e varejistas fechando a sessão em queda. O principal índice da Bolsa brasileira recuou 0,07%, aos 116 mil pontos.

Segundo analistas do mercado financeiro, o dia foi marcado por um sentimento de pessimismo generalizado nos mercados, após novas notícias negativas sobre o setor imobiliário chinês. O segmento enfrenta uma crise financeira há cerca de dois anos, desde que a gigante do setor, Evergrande, teve seus primeiros problemas de liquidez.

Nas negociações do dia do Ibovespa, o dólar fechou 0,68% frente ao real, cotado a R$ 4,975 .

Europa

As bolsas da Europa recuam, com os investidores digerindo a possibilidade de um período prolongado de taxas de juro mais elevadas, inflação elevada e incerteza econômica.

Ontem (25), os mercados regionais fecharam em baixa, com as principais bolsas e quase todos os setores em território negativo.

FTSE 100 (Reino Unido), +0,13%
DAX (Alemanha), -0,45%
CAC 40 (França), -0,62%
FTSE MIB (Itália), -0,48%
STOXX 600, -0,37%

Estados Unidos

Os índices futuros dos EUA operam em baixa nesta manhã de terça-feira, com investidores digerindo a sinalização do Fed de que as taxas de juros provavelmente permanecerão mais elevadas durante mais tempo e os sinais pessimistas emitidos pela Moody’s Investors Service e pelo JPMorgan a respeito da economia dos EUA.

Dow Jones Futuro (EUA), -0,38%
S&P 500 Futuro (EUA), -0,46%
Nasdaq Futuro (EUA), -0,53%

Ásia-Pacífico

As bolsas da Ásia fecharam em baixa generalizada hoje, à medida que crescem as preocupações com as políticas monetárias globais.

Na frente de dados, o índice de preços no produtor (PPI, na sigla em inglês) de serviços do Japão subiu 2,1% em termos anuais em agosto, ante o 1,7% de julho. Foi o terceiro mês consecutivo em que a inflação no atacado no setor de serviços acelerou.

Shanghai SE (China), -0,43%
Nikkei (Japão), -1,11%
Hang Seng Index (Hong Kong), -1,48%
Kospi (Coreia do Sul), -1,31%
ASX 200 (Austrália), -0,54%

Petróleo

Os preços do petróleo operam com baixa nesta terça-feira, em meio a preocupações de que a demanda por combustível será prejudicada pelos principais bancos centrais que manterão as taxas de juros mais altas por mais tempo, mesmo com a expectativa de que a oferta será restrita.

Petróleo WTI, -1,20%, a US$ 88,60 o barril
Petróleo Brent, -1,19%, a US$ 92,18 o barril

Agenda

Na agenda internacional de hoje, saem os dados das vendas de casas novas e o índice de serviços Fed Dallas.

Por aqui, no Brasil, no campo político-econômico, a AGU (Advocacia-Geral da União) enviou ontem (25) ao STF (Supremo Tribunal Federal) parecer a favor da inconstitucionalidade das emendas aprovadas no governo de Jair Bolsonaro para estabelecer novo regime para pagamento de precatórios. São chamadas assim as dívidas do governo que foram reconhecidas pela Justiça. No parecer, a AGU sustenta que o regime prevê aumento crescente da despesa e pode gerar um estoque impagável. Segundo o órgão, o total da dívida pode chegar a R$ 250 bilhões até 2027. Na seara de informações econômicas, saem a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) e o IPCA-15 de setembro.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do InfoMoney e Bloomberg

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