Apreensão sobre possível recessão global faz bolsas mundiais voltarem a operar no negativo

Inflação alta, volatilidade na Ásia, incertezas políticas no Reino Unido e balanços de corporações piores que o esperados jogaram pessimismo nos mercados
20 de outubro de 2022

Após dois dias de otimismo, grande parte das bolsas mundiais está operando no negativo nesta manhã de quinta-feira (20), levadas pelas inflações em patamares elevados, seja nos EUA, seja na zona do euro, e a sensação de que se avizinha uma recessão econômica global. Isso porque, para conter a alta dos preços, os bancos centrais devem manter uma política monetária de austeridade.

O bom humor dos últimos dois dias foi pautado pelos resultados corporativos mais fortes do que o esperado. Na véspera, o rendimento do Tesouro de 10 anos atingiu 4,174%, nível mais alto desde julho de 2008.

Por outro lado, alguns balanços divulgados ontem (19) decepcionaram. A Alcoa registrou prejuízo de US$ 60 milhões no terceiro trimestre, motivado pelos altos custos de energia e queda de 20% nos preços do metal neste ano. A Tesla, do excêntrico bilionário Elon Musk, vendeu menos do que o previsto no período.

Hoje, os investidores aguardam os dados dos números de pedidos de auxílio-desemprego semanal dos EUA e, também, das vendas de moradias usadas de setembro e do índice de atividade industrial de outubro do Fed (Federal Reserve) de Filadélfia. Também são aguardados discursos de dirigentes do banco central americano.

O mesmo pessimismo pautou o movimento das bolsas na Europa. No Reino Unido, a crise política no governo da primeira-ministra, Liz Truss, se agrava com a demissão da ministra do Interior.

Enquanto isso, na Ásia, os mercados mostram-se mais voláteis e os investidores aguardam mais intervenção no câmbio.

O rendimento dos títulos de dívida do Japão com vencimento em 10 anos ultrapassou o limite superior de 0,25% da meta do banco central, o que levou o Bank of Japan (BoJ) a anunciar uma compra não programada de títulos para controlar o mercado.

Brasil

O Ibovespa fechou o pregão de quarta-feira em alta (19), em meio às perdas das bolsas de Nova York e dos principais índices no exterior. O resultado positivo, no entanto, foi puxado pelas ações da Petrobras, que subiram quase 4%. O principal índice da Bolsa brasileira subiu 0,46%, a 116.274 pontos.

Segundo analistas do mercado financeiro, o desempenho do Ibovespa acompanha um dia mais morno nos mercados internacionais. Substituindo o tom positivo que predominou nos últimos dois pregões, as bolsas globais operam de lado, ou seja, oscilando entre pequenos avanços e quedas.

Dólar sobe 0,37%, cotado a R$ 5,274 na compra e na venda.

Europa

As bolsas europeias estão em trajetória de baixa hoje, com investidores avaliando novos dados econômicos da Alemanha, um aumento acentuado nos rendimentos dos títulos e caos político no Reino Unido.

FTSE 100 (Reino Unido), -0,04%
DAX (Alemanha), -0,48%
CAC 40 (França), -0,05%
FTSE MIB (Itália), -0,01%

Estados Unidos

Os índices futuros dos EUA operam em baixa na manhã desta quinta. Os rendimentos da dívida americana avançam em meio a temores de que a inflação crescente e a política monetária mais agressiva do Fed possam desacelerar ainda mais a economia global.

Dow Jones Futuro (EUA), -0,12%
S&P 500 Futuro (EUA), -0,47%
Nasdaq Futuro (EUA), -0,81%

Ásia

Do outro lado do mundo, os mercados asiáticos também fecharam no vermelho, diante das incertezas sobre o crescimento econômico global pesando sobre os principais índices.

No Japão, o iene caiu para mais de 150 por dólar americano no final da tarde, uma baixa de 32 anos em relação à divisa americana. A moeda encerrou a sessão cotada a 149,85 por dólar.

Shanghai SE (China), -0,31%
Nikkei (Japão), -0,92%
Hang Seng Index (Hong Kong), -1,40%
Kospi (Coreia do Sul), -0,86%

Petróleo

Na contramão das bolsas, as cotações do petróleo estão em alta hoje, com a cautela sobre o aperto da oferta contrabalançando o impacto negativo da demanda incerta e notícias de que os EUA vão liberar mais petróleo de suas reservas.

Petróleo WTI, +1,59%, a US$ 86,91 o barril
Petróleo Brent, +0,83%, a US$ 93,18 o barril

Agenda

A agenda desta quinta-feira (20) tem como destaque pedidos de auxílio-desemprego, números de moradias usadas e índice de atividade industrial de outubro nos Estados Unidos. Além disso, estão previstos mais discursos de dirigentes do Fed, que podem sinalizar os próximos passos na política monetária americana.

Por aqui, no Brasil, as notícias por aqui estão mais fortes no campo político. Ontem, o Datafolha mostrou Lula com 49% das intenções de votos no segundo turno ante 45% de Bolsonaro. Hoje sai o levantamento Modalmais/Futura. No âmbito econômico, agenda esvaziada.

Redação ICL Economia
Com informações das agências

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