Após o presidente Jair Bolsonaro dizer, no primeiro turno, que não haveria propostas de perdão das dívidas das famílias, de olho na reeleição ele anunciou na quinta-feira (6) um programa para renegociar débitos que pessoas e empresas tenham com a Caixa Econômica Federal por meio do “Você no Azul da Caixa”. Já lançado em 2019, esse programa poderá “perdoar” até 90% das dívidas.
No programa de governo protocolado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Bolsonaro não mencionava endividamento das famílias, inadimplência ou dívida dos lares. Dos concorrentes no primeiro turno da campanha eleitoral, apenas Ciro Gomes e Lula tinham propostas para renegociar dívidas no primeiro turno da eleição. No caso do candidato do PT, o programa Desenrola Brasil promete criar um fundo para o pagamento de dívidas da população, que vão desde as contas de luz e água até empréstimos bancário.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda acatou a proposta de Ciro que prevê zerar dívidas do SPC. A incorporação do tema foi colocada como uma das condições para que o PDT apoiasse o candidato no segundo turno. Por sua vez, Bolsonaro fez o anúncio em reunião com deputados eleitos e em atividade da base aliada no Palácio da Alvorada.
Até então, ele não propunha um perdão, desconto ou refinanciamento de débitos contraídos. A aposta seria numa espécie de “ciclo da prosperidade” que começa com o aumento do emprego, levando a um aquecimento do consumo e maior arrecadação de impostos. Dentro desse modelo, as pessoas passariam a ter mais condições de quitar suas dívidas e menos necessidade de contraí-las.
Segundo reportagem publicada na Folha de S Paulo, o presidente afirmou: “quem tem dívida vai para negociação, pode ser negociado em até 90%, além do programa para mulheres empreendedoras”.
O perdão das dívidas é mais uma medida eleitoreira e desesperada de Bolsonaro, que vem usando a máquina pública a seu favor
Embora a campanha “Você no Azul da Caixa” não seja uma novidade, o anúncio de uma nova rodada do programa por Bolsonaro a 24 dias do segundo turno sugere uma mudança de rota do candidato e uma busca por protagonismo a respeito de um tema central no atual cenário econômico, marcado por juros altos e inflação.
Levantamento recente da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) mostra que as famílias brasileiras nunca estiveram tão endividadas quanto agora. O nível bateu recorde em agosto, atingindo 79% dos lares do país o maior patamar desde o início da pesquisa, em 2010.
Bolsonaro também considera o Auxílio Brasil uma política para amenizar o endividamento, tendo em vista que o pagamento não é cortado caso o beneficiário encontre um emprego formal que passaria a ter uma “renda extra”.
No encontro desta quinta, o presidente disse ter conversado com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), e ficou acertado que haverá uma proposta legislativa para prever a taxação de lucros e dividendos para quem ganha mais de 400 mil reais como forma de manter o Auxílio Brasil de R$ 600 em 2023.
O incremento do valor do programa, aprovado pelo Congresso na chamada PEC dos Benefícios, está previsto para vigorar até o final do ano e, se não houver uma mudança, voltaria a ser de R$ 400 em 2023.
Candidato à reeleição, que está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto no segundo turno do pleito, voltou a dizer que, apesar de críticas que chegou a receber e pressão por mudanças, ter mantido o ministro da Economia, Paulo Guedes, deu certo e destacou o que avalia como uma melhora no cenário econômico do país.
O presidente afirmou que o seu ministério vai continuar, se reeleito, mas talvez criará mais uma ou duas novas pastas.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias