Bolsonaro troca ministro de Minas e Energia: resposta política a apoiadores sobre preços dos combustíveis

Preocupado só com sua reeleição, o presidente quer uma forma de o governo segurar os reajustes praticados pela Petrobras
11 de maio de 2022

O presidente Jair Bolsonaro trocou o ministro de Minas e Energia nesta quarta-feira (11). Em decreto publicado no Diário Oficial da União (DOU), Bento Albuquerque foi exonerado, a pedido, e Adolfo Sachsida foi nomeado para o cargo.

A mudança ocorre após recentes críticas do presidente à política de preços da Petrobras, ligada à pasta. Em live nas redes sociais na última quinta-feira (5), Bolsonaro citou Albuquerque ao reclamar do lucro registrado pela Petrobras no primeiro trimestre deste ano. “Vocês não podem, ministro Bento Albuquerque e senhor José Mauro, da Petrobras, não podem aumentar o preço do diesel”, declarou o presidente.

Já nesta semana, a Petrobras anunciou a elevação em 8,87% do preço do diesel para as distribuidoras. O valor médio do litro vendido pela petroleira passou de R$ 4,51 para R$ 4,91.

Ministro de Minas e Energia fica com a responsabilidade dos preços

A troca do ministro de Minas e Energia é resposta política do presidente Bolsonaro a seus apoiadores, principalmente aos caminhoneiros. Preocupado só com sua reeleição, o presidente quer uma forma de o governo segurar os reajustes dos combustíveis praticados pela Petrobras.

Com a exoneração de Bento de Albuquerque, Bolsonaro sinaliza aos apoiadores que a indicação do novo presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, e continuidade da “insensível” política de preços praticada pela empresa não é culpa sua, mas sim do ministro que deixa o cargo.

A coluna de Ana Flora (G1) cita que Bolsonaro vem conversando com aliados sobre centrar fogo contra a Petrobras no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), onde já há dois inquéritos administrativos que questionam supostos abusos da empresa no mercado de combustíveis.

Bolsonaro tem “culpa”

É importante lembrar que Bolsonaro tem responsabilidade na política adotada pela petroleira. Isso porque é ele quem escolhe o presidente da Petrobras, bem como os representantes do governo, que são maioria, no Conselho de Administração da Estatal. Logo, se assim quisesse, ele poderia determinar que a atual política de preços dos combustíveis fosse alterada.

Desde 2016, a Petrobras aplica o chamado Preço de Paridade de Importação (PPI), que acompanha a variação do valor do petróleo no mercado internacional. Na prática, essa política considera como se os combustíveis no Brasil fossem 100% importados. Além do custo em dólar em todas as etapas de produção, o PPI também inclui custos de frete e taxas de importação inexistentes, na hora de definir os preços. É essa receita que tem contribuído para garantir lucros enormes aos acionistas, enquanto a maior parte dos brasileiros sofrem com a explosão nos preços dos combustíveis.

O coordenador-geral da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Deyvid Bacelar, explica que Bolsonaro sempre se esquiva de alguma culpa sobre os aumentos nos combustíveis. “O presidente não muda a política de reajustes porque não quer desagradar acionistas privados, que têm no PPI a garantia de altos lucros gerados pela estatal, cuja diretoria é nomeada pelo próprio presidente da República. O foco da Petrobras hoje é gerar e distribuir valor para acionistas. Mais de 45% são investidores estrangeiros, com ações da Petrobras nas bolsas de São Paulo e de Nova Iorque”, afirmou

A Petrobras registrou lucro líquido de R$ 44,561 bilhões no primeiro trimestre deste ano. O resultado é bem maior que o de R$ 1,16 bilhão obtido no mesmo período do ano passado, quando a empresa ainda sofria os impactos da pandemia. É uma alta de 3.718,4% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Quem é o novo ministro

O novo ministro de Minas e Energia escolhido por Bolsonaro, Adolfo Sachsida, estava na equipe que desenvolvia um plano econômico para um governo do então candidato Jair Bolsonaro antes mesmo de o ministro da Economia, Paulo Guedes, entrar para o time, em 2018.

Ele era chefe da Assessoria Especial de Estudos Econômicos do Ministério da Economia. Doutor em Economia e advogado, o novo ministro é autor de vários livros e artigos técnicos sobre política econômica, política monetária, política fiscal, avaliação de políticas públicas, e tributação.

Também foi professor em universidades brasileiras, como a Universidade Católica de Brasília, e do exterior, como a Universidade do Texas nos Estados Unidos.

Redação ICL Economia
Com informações das agências

Continue lendo

Assine nossa newsletter
Receba gratuitamente os principais destaques e indicadores da economia e do mercado financeiro.