Pesquisa Datafolha mostra que mais de 4.678 brasileiros são vítimas de golpes financeiros, a cada hora, por criminosos que se passam por funcionários de bancos. O chamado “golpe do 0800” ocorre normalmente via aplicativos de mensagem ou ligações telefônicas.
Do total, 4.504 tentativas de golpes via aplicativo ou ligação envolveram transferência ou boleto falso. Nesses casos, o fraudador se passa pelo funcionário de um banco que tenta confirmar uma tentativa de compra ou de transferência de dinheiro, geralmente de alto valor, e induzem a vítima a fornecer dados da conta que podem resultar no roubo de dinheiro.
As tentativas de golpe virtual, especialmente via aplicativo de mensagem e ligação telefônica, atingem mais vítimas entre aqueles que ganham de 5 a 10 salários mínimos, têm ensino superior, moram em municípios com mais de 500 mil habitantes e concluíram o ensino superior.
Esse perfil é o alvo mais frequente de outros tipos de crime virtual. Entre aqueles que já tiveram dados pessoais vazados na internet sem consentimento, por exemplo, 22% ganham mais do que dez salários mínimos.
Mas a pesquisa mostra que golpes e roubos de celular representam prejuízos muito maiores aos mais pobres, que também são altamente atingidos pelos crimes patrimoniais no Brasil.
O levantamento realizado em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra ainda que, nesses 60 minutos:
- Cerca de 2.500 pessoas pagam por produtos na internet que acabam não sendo entregues, e;
- Outras 1.680 vítimas têm o celular furtado ou roubado no país.
Foram entrevistadas 2.508 pessoas em todas as regiões do país, entre os dias 11 e 17 de junho. O cálculo leva em conta a proporção de pessoas que relatam terem sido vítimas de crimes contra o patrimônio, num período de 12 meses, e o tamanho total da população.
Esses e outros resultados devem ser apresentados nesta quarta-feira (14), durante o 18º Encontro Nacional do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em Recife.
Pesquisa Datafolha sobre golpes financeiros mostra subnotificação de casos
Os dados mostrados pela pesquisa são maiores do que os dados oficiais, o que denota uma subnotificação de casos, confirmada pelo Datafolha.
Apenas 30% dos entrevistados que admitiram ter sido vítimas de golpes envolvendo Pix ou boletos falsos dizem que registraram ocorrência em delegacias, e 55% daqueles que tiveram o aparelho celular subtraído afirmam que fizeram Boletins de Ocorrência, por exemplo.
“Um quarto da população com 16 anos ou mais no Brasil já tem convivido com esse fenômeno de tentativas de golpes, ou seja, a população hoje vive num ambiente bastante perigoso”, disse o diretor-presidente do Fórum, Renato Sérgio de Lima. “Podemos tomar como exemplo toda ligação que recebemos de um número estranho e é alguém se passando por uma central de cartão de crédito, uma central bancária. Isso virou um inferno na nossa vida, é um fenômeno banalizado.”
O volume de golpes representou um prejuízo financeiro de:
- R$ 25,5 bilhões à população em 12 meses, valor estimado em danos causados apenas pelos golpes aplicados via Pix e boletos falsos, com base nos relatos dos entrevistados.
- R$ 22,8 bilhões, de julho de 2023 a junho deste ano, referentes a roubos e furtos de celular.
Golpes da maquininha
O golpe da maquininha de cartão adulterada vitimou 2,6% dos entrevistados. No entanto, isso representa uma população de 4,2 milhões e 482 casos por hora, em média.
Esse caso está entre aqueles com o maior potencial de prejuízo financeiro. As vítimas desse crime relataram ao instituto que perderam R$ 1.142 ao cair nesse golpe, em média.
Ao todo, 13 tipos de delitos aferidos pelo Datafolha provocaram um dano de R$ 186 bilhões à população.
A conta abrange tanto o lucro dos criminosos quanto outros gastos causados à vítima — o custo de um novo celular para substituir um aparelho roubado, por exemplo.
Crimes listados na pesquisa e percentual de vítimas
- Sofreu tentativa de golpe via app de mensagem ou ligação – 26%
- Suspeitou de preços na internet menores aos praticados no mercado – 25%
- Sofreu tentativa de golpe via app ou ligação envolvendo transferência ou boleto falso – 25%
- Pagou por produto que não foi entregue – 14%
- Foi vítima de golpe com Pix ou boleto falso – 11%
- Teve o celular furtado ou roubado – 9%
- Recebeu notas de dinheiro falso – 9%
- Foi vítima de golpe financeiro via publicidade digital – 7%
- Foi vítima de fraude no cartão de crédito – 7%
- Teve perfil em rede social invadido ou bloqueado – 6%
- Teve dados pessoais divulgados sem consentimento – 5%
- Teve o nº de celular clonado – 5%
- Foi vítima do golpe da maquininha – 3%
Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S.Paulo