Por videoconferência, Lula lembra que o Brics foi ‘fundamental’ para avanço na taxação de super-ricos

Presidente também cobrou países ricos efetividade no financiamento do combate às mudanças climáticas.
23 de outubro de 2024

Devido ao acidente doméstico que sofreu no último domingo (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pode participar da 16ª cúpula do Brics (fórum internacional de países emergentes) presencialmente. Mas, nesta quarta-feira (23), o petista fez pronunciamento virtual na reunião, oportunidade em que lembrou que os integrantes do bloco foram fundamentais para o avanço da proposta de taxação dos super-ricos, ideia adotada pelo governo brasileiro nas discussões globais como forma de reduzir a desigualdade.

“Quero agradecer o apoio que os membros do grupo têm estendido à presidência brasileira do G20 [fórum internacional das 19 maiores economias do mundo, mais União Europeia e União Africana]. Seu respaldo foi fundamental para avançar em iniciativas que são cruciais para a redução das desigualdades, como a taxação de super-ricos”, disse o presidente.

Ele também destacou a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, outra prioridade brasileira na presidência transitória do G20. “Convido todos a se somarem à iniciativa, que nasceu no G20, mas está aberta a outros participantes”, reforçou.

Outro assunto abordado pelo presidente foi uma bandeira do governo brasileiro à frente do G20, que é o combate às mudanças climáticas. Em seu discurso, o presidente cobrou o compromisso de países ricos por ações nesse sentido.

“Não há dúvida de que a maior responsabilidade recai sobre os países ricos, cujo histórico de emissões culminou na crise climática que nos aflige hoje”, frisou Lula durante o discurso. “É preciso ir além dos 100 bilhões anuais [dólares] prometidos e não cumpridos, e fortalecer medidas de monitoramento dos compromissos assumidos”, complementou.

Apesar da cobrança, Lula disse que cabe aos países emergentes “fazerem sua parte” para limitar o aumento da temperatura global.

O evento está sendo realizado em Kazan, na Rússia. Antes do início da cúpula ontem (22), durante um fórum de negócios do Brics realizado em Moscou, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que os países do bloco são “os principais motores do crescimento econômico global”. Ele defendeu o aumento do comércio com moedas nacionais para minimizar os “riscos políticos externos”.

Lula também menciona guerra no Oriente Médio e fala em mundo multipolar

O presidente brasileiro citou a fala do presidente da Turquia, Recep Erdogan, durante a Assembleia Geral da Nações Unidas, e reforçou que a Faixa de Gaza “se tornou o maior cemitério de crianças e mulheres do mundo”.

“Muitos insistem em dividir o mundo entre amigos e inimigos, mas os mais vulneráveis não estão interessados em dicotomias simplistas. O que eles querem é comida farta, trabalho digno e escolas e hospitais públicos de acesso universal e de qualidade. Meio ambiente sadio, sem eventos climáticos que põem em risco sua sobrevivência. É uma vida de paz, sem armas, que vitimam inocentes”, disse Lula.

Ele também ressaltou que a presidência brasileira à frente do Brics reafirmará a proposição de um mundo multipolar. A cada ano que passa tem sido mais difundida a análise de que o bloco caminha para ser uma força de contraposição, com protagonismo da China, ao poder da aliança Estados Unidos-Europa na política global.

“Na presidência brasileira dos Brics, queremos reafirmar a vocação do bloco na luta por um mundo multipolar e por relação menos assimétricas entre os países”, declarou o petista.

Ele afirmou que o lema da presidência do Brasil à frente do bloco, no ano que vem, será “fortalecer a cooperação do Sul Global para uma governança mais inclusiva e sustentável”.

O Brics é um grupo originalmente composto por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, mas teve a adesão de Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia e Irã.

Venezuela

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, convidou o mandatário da Venezuela, Nicolás Maduro, que pleiteava ingresso no bloco. Porém, o presidente Lula barrou a entrada do país e, também, da Nicarágua no Brics.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

 

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