Brics voltam a defender “discussões” sobre expansão do bloco

Em declaração final, coalizão de países também destaca importância de reformas de organismos como FMI e ONU
24 de junho de 2022

Após realizar 14ª Cúpula, desta vez de maneira remota, os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) voltaram a defender a expansão do bloco mediante “consulta completa e consenso”. A afirmação consta na declaração final do encontro publicada pela chancelaria chinesa nesta quinta-feira (23).

No início deste ano, China e Rússia sinalizaram concordar com a entrada da Argentina no bloco. Além disso, os argentinos participaram de uma cúpula do bloco após convite de Pequim. A movimentação ocorreu no mesmo período em que o presidente da Argentina, Alberto Fernández, visitava Moscou e Pequim e assinou acordo para a entrada de seu país na Nova Rota da Seda, o megaprojeto de infraestrutura chinês.

O texto final da cúpula ressalta que os países-membros “apoiam a promoção de discussões entre os membros do Brics sobre o processo de expansão do Brics” e destaca a importância de “esclarecer os princípios norteadores, normas, critérios e procedimentos para esta expansão” com base na “consulta completa e consenso”.

A declaração final de reunião do Brics realizada em maio já havia assinalado a intenção de ampliar o bloco, mas não chegou a citar a existência de uma “consulta completa e consenso” para fazê-lo.

Confiras outros destaques da declaração final da 14ª Cúpula do Brics:

Ucrânia
O texto destaca que os países discutiram a “situação na Ucrânia” e “recordaram as nossas posições nacionais expressas nos fóruns apropriados, nomeadamente o Conselho de Segurança da ONU e a Assembleia Geral da ONU. Apoiamos as conversações entre a Rússia e a Ucrânia. Também discutimos nossas preocupações sobre a situação humanitária dentro e ao redor da Ucrânia”.

Afeganistão
“Apoiamos fortemente um Afeganistão pacífico, seguro e estável, enfatizando o respeito por sua soberania, independência, integridade territorial, unidade nacional e não interferência em seus assuntos internos”, aponta o texto.

Reforma de organismos internacionais
Para os países do Brics, a ONU, o Conselho de Segurança da ONU, a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) devem passar por reformas. Todos esses organismos foram alvos de críticas, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi elogiada por sua atuação contra a pandemia de covid-19.

Defesa do Acordo de Paris
O texto afirma que o Acordo de Paris é um mecanismo contra a “ameaça da mudança climática” e destaca que os países em desenvolvimento tomarão mais tempo para atingir seu pico de emissões de gases de efeito estufa. “Ressaltamos que os países desenvolvidos têm responsabilidades históricas pelas mudanças climáticas globais e devem assumir a liderança na ampliação das ações de mitigação e ampliar o apoio indispensável aos países em desenvolvimento em finanças, tecnologia e capacitação”.

Defesa do acordo nuclear iraniano
Os países do Brics defendem “preservar” o acordo nuclear com o Irã. O mecanismo diplomático que retirou sanções contra Teerã em troca de garantias dos fins pacíficos de seu programa nuclear está nas cordas desde que o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou o país do pacto. Com Joe Biden na Casa Branca, as conversas foram retomadas, mas se arrastam há meses.

Brasil de Fato

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