Caixa libera empréstimo de até R$ 1 mil para quem está negativado

Depois de antecipar pagamentos do 13º de pensionistas e liberar saques do FGTS, o governo Bolsonaro agora pretende distribuir microcrédito para inadimplentes. Ação é considerada eleitoreira
18 de março de 2022

A partir desta quinta-feira (17), a Caixa Econômica Federal terá uma linha de crédito de até R$ 1 mil com o objetivo de atender a pessoas inadimplentes. A medida inédita foi anunciada pelo presidente do banco público, Pedro Guimarães, nesta quinta e acontece em meio a uma sequência de anúncios que buscam beneficiar a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição.

O Programa Renda e Oportunidade do governo Bolsonaro prevê uma linha de crédito através do aplicativo Caixa Tem de até R$ 1 para pessoas físicas com taxa de juros a partir de 1,95% ao mês e parcelamento em até 24 meses. Para microeemprendedores individuais, o crédito pode chegar a R$ 3 mil.

Conforme aponta a Caixa, essa oferta de microcrédito “alcança também os empreendedores pessoa física e MEI com restrições cadastrais”, ou seja, pessoas que tenham o nome sujo. O banco garante que “por meio de taxa de juros mais acessível, vai estimular a inclusão bancária desse público, bem como oferecer uma oportunidade de promover a capacidade produtiva desses empreendedores e a expansão sustentável dos pequenos negócios no país”. O governo prevê uma injeção de RS 150 bilhões em crédito.

“É a primeira vez que a Caixa empresta para negativados”, disse Guimarães durante o evento de lançamento do programa.

O anúncio vem em um contexto em que Bolsonaro tenta melhor seu desempenho eleitoral, especialmente entre as classes mais baixas. Depois do Auxílio Brasil e das tentativas de criar mecanismos artificiais para reduzir o valor dos combustíveis, o governo decidiu antecipar o pagamento do 13° salário a aposentados e pensionistas e autorizar saques de mil reais do FGTS para os trabalhadores.

A desculpa é de viés técnico, como sempre, alegando que a iniciativa beneficiaria 31 milhões de brasileiros, aquecendo a economia com R$ 86 bilhões. No entanto, para todos que acompanham o desenrolar dos bastidores de Brasília, a atitude é apenas mais um sinal de desespero do radical de extrema direita que, depois de tornar o país uma pilha de escombros nos últimos três anos, quer às pressas tornar seu nome palatável para o eleitorado, na busca enlouquecida por mais um mandato presidencial.

Para a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), os novos saques não resolverão o problema da inadimplência e alertou para a descapitalização do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.

Da Revista Fórum

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