Em carta, Lula promete ‘política fiscal responsável’

"Carta para o Brasil do Amanhã" apresenta 13 pontos prioritários, anunciados ao longo da campanha, para acalmar o mercado e reforçar a responsabilidade com a política fiscal e social
28 de outubro de 2022

Na quinta-feira (27), o candidato e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divulgou uma carta em que promete combinar responsabilidade fiscal e social, caso eleito. No texto, chamado de “Carta para o Brasil do Amanhã”, o ex-presidente elenca 13 pontos prioritários para uma política fiscal responsável. O documento sintetiza promessas anunciadas ao longo da campanha, na tentativa de amenizar temores no mercado. Também reforça a retomada do reajuste do salário mínimo em função da preocupação da população com a  revelação de que a equipe econômica de Jair Bolsonaro (PL) estuda desindexar reajustes no salário mínimo da inflação do ano anterior.

No documento , divulgado pela equipe da campanha de Lula, consta:  “A política fiscal responsável deve seguir regras claras e realistas, com compromissos plurianuais, compatíveis com o enfrentamento da emergência social que vivemos e com a necessidade de reativar o investimento público e privado para arrancar o país da estagnação”, diz o texto. “Temos consciência da nossa responsabilidade.”

Na carta, somada à política fiscal responsável, Lula promete retomada de obras e investimento em infraestrutura, dentro da política fiscal.  “Vamos investir em serviços públicos e sociais, em infraestrutura econômica e em recursos naturais estratégicos. Os bancos públicos, especialmente o BNDES, e empresas indutoras do crescimento e inovação tecnológica, como a Petrobras, terão papel fundamental neste novo ciclo”, diz.

O texto afirma: “Ao mesmo tempo, vamos impulsionar o cooperativismo e a economia solidária e popular. A roda da economia vai voltar a girar e o povo vai voltar e ser incluído no Orçamento”, completa.

Segundo a carta, “as primeiras medidas de nosso governo serão para resgatar da fome 33 milhões de pessoas e resgatar da pobreza mais de 100 milhões de brasileiros”.

O petista vinha sendo pressionado para que detalhasse sua agenda e mesmo antecipasse os possíveis integrantes da equipe econômica de um eventual novo governo seu.

A expectativa de que a política econômica pode ser mais próxima à do primeiro mandato de Lula (2003-2006) aumentou neste segundo turno, com a participação de nomes, como o ex-presidente do Banco Central de Lula, Henrique Meirelles, em eventos ligados a Lula.

Outros sinais recentes para tranquilizar mercado e investidores vieram da aproximação de economistas ligados ao governo de Fernando Henrique Cardoso e à formulação do plano Real, como Pérsio Arida e André Lara Resende, declararam voto em Lula. O economista Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central de FHC, também declarou apoio a ele.

Além de política fiscal responsável, Lula quer nova faixa de isenção no IR e aumento real no salário mínimo

Para se contrapor à política econômica do atual governo, a campanha petista passou a reforçar em sua propaganda eleitoral na TV e no rádio e nas entrevistas concedidas por Lula temas como a nova faixa de isenção do Imposto de Renda até R$ 5.000 e a retomada da política de reajuste do salário mínimo, pontos também reforçados agora.

Outro ponto importante que vinha sendo discutido entre a equipe de Lula e representantes de centrais sindicais era a reforma trabalhista. Antes do início da campanha, os petistas já haviam sinalizado que o texto aprovado ainda no governo Michel Temer não seria revogado, porém revisto.

“Enfrentaremos o desemprego e a precarização do mundo do trabalho, com um amplo debate tripartite (governo, empresários e trabalhadores), para construir uma Nova Legislação Trabalhista que assegure direitos mínimos –tanto trabalhistas como previdenciários”, diz a carta atual.

Considerado um dos principais elos da campanha com o setor produtivo, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice na chapa, usou nesta semana sua conta no Twitter para responder às acusações de que a candidatura ainda não teria deixado claro seu programa econômico.

“Lula apresentou o programa econômico de forma muito clara. Vou contar aqui o que nós vamos fazer para o Brasil voltar ao caminho do crescimento e da prosperidade. O primeiro ponto é responsabilidade fiscal, que é inegociável”, rebateu o candidato à vice, ao falar na necessidade de reforma tributária, com a criação de um imposto único (IVA), expansão de acordos internacionais para aumentar investimentos, entre outros pontos.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

Continue lendo

Assine nossa newsletter
Receba gratuitamente os principais destaques e indicadores da economia e do mercado financeiro.