Quase metade dos brasileiros foi obrigada a reduzir as despesas nos últimos seis meses do ano passado, devido à piora das condições financeiras. É o que aponta levantamento feito pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), publicado na coluna do jornalista e comentarista de política do ICL Notícias Guilherme Amado, no site Metrópoles.
Em dezembro passado, conforme o levantamente, 48% dos brasileiros cortaram despesas, principalmente aqueles com renda familiar de até um salário mínimo. Nesta última faixa de renda, 64% dos entrevistados admitiram reduções nas despesas.
Os cortes também impactaram mais os brasileiros de 25 a 40 anos. As reduções atingiram 54% dos entrevistados nessa faixa etária, segundo a CNI.
Mas, segundo a CNI, 74% dos entrevistados consideram que a redução de despesas será temporária, enquanto 21% admitiram que os cortes foram adotados de maneira definitiva.
Pesquisa da CNI “conversa” com dados do BC sobre endividamento das famílias
Embora os dados ainda sejam preliminares e ainda não foram detalhados, o corte de despesas das famílias converge com alguns dados lançados recentemente pelo Banco Central.
No início de janeiro, a autoridade monetária divulgou que o endividamento das famílias somou 47,6% da renda acumulada nos 12 meses até outubro do ano passado, sendo o mesmo patamar desde setembro de 2021 (47,5%).
A série histórica do BC para este indicador teve início em janeiro de 2005. Em fevereiro de 2020, antes da pandemia da Covid-19, o endividamento das famílias somava 41,8%.
Dentre as dívidas, aquelas com cartão de crédito foram as que mais pesaram. A inadimplência no rotativo do cartão atingiu 53% em novembro – alta de 9,7 pontos percentuais em 12 meses, apesar do recuo mensal de 1,9 ponto percentual na comparação com outubro.
O rotativo é a linha de crédito mais cara do mercado, recomendada por especialistas apenas em casos emergenciais. Ele é acionado quando o cliente não paga o valor integral da fatura na data de vencimento.
Em outra frente, o governo federal criou o Desenrola Brasil, para ajudar os brasileiros em apuros. A primeira etapa do programa (faixa 2) terminou no dia 31 de dezembro, com 32,5 bilhões de dívidas negociadas, beneficiando mais de 11 milhões de pessoas. As instituições financeiras desnegativaram 6 milhões de registros de cidadãos que tinham dívidas bancárias de até R$ 100.
A faixa 1, iniciada em outubro de 2023 para as negociações feitas por meio da plataforma do programa, foi prorrogada até 31 de março de 2024, e envolve dívidas com empresas fornecedoras de serviços, como água e luz.
Por sua vez, a faixa 2, que inclui negociações feitas diretamente com os bancos e outros credores, começou em 17 de julho e se encerrou no fim de dezembro, com R$ 24,2 bilhões em volume financeiro.
Ainda é cedo para concluir, mas, levando-se em conta uma das respostas dos entrevistas pela CNI, de que os cortes de despesas é temporário, pode ser que os brasileiros estejam ajeitando as finanças para tentarem viver com menos aperto nos próximos meses.
Redação ICL Economia
Com informações do site Metrópoles