Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) inicia ações para a reestatização da Eletrobras

O fato da União deter 43% do capital votante da Eletrobras e a operação ter ocorrido recentemente, forma atropelada, com diversas irregularidades detectadas, torna viável a reestatização, segundo membros do Coletivo Nacional dos Eletricitários
5 de dezembro de 2022

Trabalhadores do setor elétrico, representados pelo Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), reivindicaram a reestatização da Eletrobras a integrantes do governo de transição. Em entrevista ao ICL Notícias, a sindicalista Fabíola Antezana, membro do Coletivo Nacional dos Eletricitários, afirma que o fato de a União deter 43% do capital votante da Eletrobras e a operação ter ocorrido muito recentemente, de forma atropelada, com diversas irregularidades detectadas, torna viável o caminho de volta. A intenção do Coletivo Nacional dos Eletricitários, até o final da fase de transição, é fazer diversas agendas pela reestatização da Eletrobras. O calendário inclui audiência pública, lançamento de manifesto e diversas articulações política, explica Fabíola.

O encontro do Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) com o governo de transição contou com a participação de Nelson Hubner, coordenador do subgrupo de trabalho (SubGT) de Energia do governo de transição. Em governos do PT, ele foi ministro de Minas e Energia e diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O CNE é uma entidade colegiada que congrega 34 sindicatos, 7 federações e 4 associações de empregados que representam os 12 mil trabalhadores do Sistema Eletrobras em todo o Brasil.

Segundo Fabíola, já foram entregues documentos mostrando “a importância da Eletrobras pública para o desenvolvimento do Brasil”. Isso incluiu um manifesto pedindo pela reestatização da Eletrobras. A equipe de transição recebeu os documentos e ouviu os pedidos e argumentos com atenção. Também as conversas pela reestatização da Eletrobras estão avançando e têm sido articuladas com diversos parlamentares, movimentos sociais e atores que devem compor o novo governo.

Fabíola explica que há uma verdadeira tentativa de desmonte na Eletrobras, com demissões, cortes e precarizações, que só não atinge a alta cúpula da empresa. A entidade ressalta que, depois de privatizada, a Eletrobras registrou prejuízo no terceiro trimestre, frisando que este é um fato que não ocorria há muito tempo. A receita da Eletrobras caiu 13% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, chegando a R$ 8 bilhões. O Ebitda, indicador que mede a geração de caixa de uma companhia, caiu 36%, para R$ 3,2 bilhões.

Coletivo Nacional dos Eletricitários alerta para o aumento da conta de luz a partir de janeiro

O Coletivo Nacional dos Eletricitários, após a privatização, alerta para o aumento da conta de luz a partir de janeiro, em até 25%. Também questiona o salário do presidente da empresa que sai de R$ 54 mil para R$ 300 mil, mais bônus anuais que podem ultrapassar os R$ 5 milhões. Ainda alerta que os conselheiros de administração, que recebem R$ 5.400,00, vão receber até R$ 200 mil por mês.

Por fim, o Coletivo Nacional dos Eletricitários se posiciona contra o anúncio da demissão de 2.400 empregados. “Essa é a conta da privatização. Todo esse processo de desligamento, sem reposição de mão de obra, é um desrespeito com o povo brasileiro e coloca o sistema nacional elétrico em risco”, diz Fabíola Antezana.

Membro do Coletivo Nacional dos Eletricitários, Fabíola explica que quem detém a energia, em qualquer país, detém o poder. “Isso é tão real que se nós pegamos só um histórico do processo energético no Brasil, veremos que ele determinou os grandes processos eleitorais. Vamos começar o que foi FHC, veio o processo do apagão, quando entra o primeiro Governo Lula!.

E conclui: “Depois, veio o processo do golpe da presidente Dilma que se inicia pós MP 579, que origina a lei da cotização e um descontentamento muito grande em grandes setores da indústria, entre empresários. E, então, começa o processo de queimar o governo, processo de disputa política, ao ponto de culminar no impeachment. Em seguida, há a entrega das grandes estatais de energia, Eletrobrás e Petrobrás. A Eletrobrás, na forma de capitalização. Já a Petrobras, quebrando em pedaços para entregar ao mercado”, explica Fabíola.

Redação ICL Economia
Com informações do ICL Notícias

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