O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criou por meio de decreto, no fim de maio, uma Comissão Interministerial para a Infraestrutura e Planejamento da Integração da América do Sul, com a participação de 12 ministérios. O governo brasileiro revisou as rotas do plano de integração sul-americana e ampliou o traçado feito na região amazônica com apoio de Peru, Equador e Colômbia.
A comissão será presidida pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e tem o objetivo de aprofundar os compromissos assumidos pelo presidente Lula no Consenso de Brasília, que completou um ano dia 30 de maio, e tem como finalidade articular as ações do governo para a melhoria da integração da infraestrutura física e digital entre o Brasil e os países da América do Sul, facilitando, desse modo, o comércio entre os países e a Ásia.
Tebet terá o importante papel de articular e animar os países envolvidos a comprarem a ideia, de modo que ela saia tão rápido quanto o presidente Lula almeja.
No primeiro ano pós-Consenso de Brasília, coube ao Ministério do Planejamento o trabalho de coordenar o desenho de rotas de integração. A comissão vai aprofundar esse trabalho e terá o papel de identificar as prioridades para os novos eixos de integração, além de apontar medidas administrativas e regulatórias que contribuam para o aperfeiçoamento da integração entre o Brasil e os vizinhos sul-americanos.
Apelidado de PAC da Integração, o plano é composto por cinco rotas, com o propósito de impulsionar a corrente comercial dos países da região e também abrir canais para escoar mais rápido os produtos brasileiros e sul-americanos via Pacífico.
O projeto das cinco rotas de Integração e Desenvolvimento Sul-Americano surgiu como uma demanda do presidente Lula depois que o Consenso de Brasília decidiu pela retomada da agenda da integração regional.
O Ministério do Planejamento e Orçamento desenhou as cinco rotas após consulta aos 11 estados brasileiros que fazem fronteira com os países da América do Sul.
As cinco rotas são divididas da seguinte maneira:
- Ilha das Guianas : AP, RR, AM, PA + Guiana, Guiana Francesa, Suriname e Venezuela
- Amazônica (antes Multimodal Manta-Manaus): AM , RR, PA e AP + Colômbia, Peru e Equador
- Quadrante Rondon : AC, RO e MT + Bolívia e Peru
- Rota Bioceânica Capricórnio : MS, PR, SC + Paraguai, Argentina e Chile
- Rota Porto Alegre-Coquimbo : RS + Uruguai, Argentina e Chile
Das 5 rotas traçadas, 3 –Amazônica (2), Capricórnio (4) e Porto Alegre-Coquimbo (5)– têm condições de ser entregues até o final do mandato do presidente Lula, de acordo com a pasta do Planejamento.
Rotas têm o papel de incentivar e reforçar o comércio do Brasil com os países da América do Sul e cria conexões com a Ásia
As rotas têm o duplo papel de incentivar e reforçar o comércio do Brasil com os países da América do Sul e reduzir o tempo e o custo do transporte de mercadorias entre o Brasil e seus vizinhos e a Ásia.
Atualmente, além de visitar cada um dos 11 estados fronteiriços, o MPO está dialogando com os países da América do Sul sobre cada uma das rotas.
Entre os mais de 9,7 mil projetos do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), foram identificados 190 com potencial de contribuir com a integração regional. O MPO está negociando com os governos e a sociedade civil dos estados fronteiriços e com os países vizinhos para aprimorar as cinco rotas.
Das mudanças propostas, a rota 2, que passa a se chamar rota amazônica, agora vai desembocar em quatro portos no oceano Pacífico: Tumaco (Colômbia); Manta (Equador); e Paita e Chancay (Peru). O traçado original ligava Manaus, no estado do Amazonas, a Manta.
A rota ampliada é uma das principais apostas do governo Lula para expandir a integração com a Ásia e, também, o comércio bilateral na região.
O secretário de Articulação Institucional do Planejamento, João Villaverde, este ao lado de Tebet nas visitas que a ministra fez aos países vizinhos. Nas ocasiões, foi constatado que boa parte das rodovias nos países estava pronta, faltando alguns trechos
Essa rota, segundo Villaverde, tem potencial de se consolidar como um importante caminho de escoamento dos produtos da floresta, da bioeconomia. “As rodovias nesses países estão um tapete”, afirmou. O traçado também tem hidrovias.
Porto chinês
Entre as apostas do governo brasileiro para ampliar o comércio, está o megaporto de Chancay, com investimento de US$ 3,6 bilhões (R$ 18,4 bilhões) e inauguração prevista para novembro deste ano pelo governo chinês.
Com o porto, pretende-se deslocar o tráfego marítimo ao longo da costa do Pacífico, em contraponto ao Porto de Santos, voltado para o Atlântico.
Em sua fase inicial, o porto deverá movimentar 1 milhão de contêineres e 6 milhões de toneladas de carga por ano. A expectativa do Ministério do Planejamento é que a rota amazônica esteja completa no ano que vem, antes do prazo previsto inicialmente, 2026.
O governo brasileiro prevê que a integração poderá encurtar em 7.000 quilômetros a distância que os produtos brasileiros levam até o mercado consumidor asiático, por exemplo. Com o plano, que se tornou o queridinho do presidente Lula, a economia no tempo do transporte até a Ásia pode chegar, em alguns casos, a 20 dias.
Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S.Paulo