O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presente ao evento da Organização das Nações (ONU) da Cúpula do Clima (COP-27), em Sharm el-Sheik, no Egito, anunciou ao mundo que o Brasil está de volta” ao debate climático global. Também cobrou mais ajuda financeira dos países desenvolvidos às nações vulneráveis no campo ambiental.
Em 2009, os países ricos firmaram compromisso, a partir de 2020, de oferecer US$ 100 bilhões anuais para que as nações mais pobres enfrentassem os efeitos da crise climática, compromisso que não está sendo cumprido. Lula participou da Conferência do Clima de 2009, quando essa verba foi prometida. O modelo e as cifras para oferta desses recursos são considerados temas-chave da COP neste ano, mas enfrenta dificuldades de avançar diante das restrições econômicas e de negociação impostas pela pandemia e pela Guerra na Ucrânia.
Lula explicou, durante pronunciamento na Cúpula do Clima (COP-27), que não haverá futuro enquanto estivermos cavando um poço sem fundo entre ricos e pobres. É a segunda fala pública de Lula no exterior, após o resultado das eleições. A comunidade internacional espera uma guinada na política brasileira de proteção da floresta e combate ao aquecimento global após quatro anos de enfraquecimento dos órgãos ambientais na gestão de Jair Bolsonaro, que não foi ao evento.
Na Cúpula do Clima, Lula garante que o combate à mudança climática terá o mais alto perfil na estrutura do próximo governo
No discurso de quase 30 minutos na Cúpula do Clima, Lula também destacou efeitos devastadores de eventos climáticos extremos na Europa, na África, na Ásia e nos Estados, além de falar sobre a seca histórica que o Brasil enfrentou em 2020 e no ano passado. Ele também destacou o desafio de avançar na pauta ambiental enquanto o planeta sofre com múltiplas crise, como a do risco de um conflito nuclear, de abastecimento e de energia, da biodiversidade e o aumento dos desníveis sociais.
Além de prometer de zerar o desmatamento na Amazônia, Lula disse, na Cúpula do Clima, que o combate à mudança climática terá o mais alto perfil na estrutura do próximo governo. Lula disse que serão recriadas e reforçadas as estruturas para combater os crimes ambientais, destacou o protagonismo dos indígenas na defesa do bioma e salientou o compromisso de criar um novo ministério, o dos Povos Originários. Ainda segundo ele, a sobrevivência da Amazônia e do planeta dependia do resultado das eleições no Brasil. Avisou que é possível gerar mais riqueza sem piorar a mudança climática.
O presidente eleito falou ainda sobre a importância de reativar o Fundo Amazônia, após a paralisação do programa durante a gestão Bolsonaro. Alemanha e Noruega, as principais doadoras do Fundo, sinalizaram que vão retomar doações após a vitória do petista nas eleições. “Estamos abertos à cooperação internacional”, disse Lula, em discurso antagônico ao de Bolsonaro, que critica a interferência estrangeira em assuntos ligados à Amazônia.
O presidente eleito disse também que, quando o Brasil presidir o G-20 (grupo das 20 economias mais ricas) a partir de 2024, a agenda climática será uma prioridade.
Em outra mensagem à comunidade internacional, disse que vai honrar o compromisso firmado pelo Brasil com Indonésia e Congo para a proteção da cobertura vegetal, iniciativa que ficou conhecida como a “Opep das florestas”.
Lula também fez uma sinalização ao setor produtivo, afirmando que o agronegócio será aliado estratégico na busca de uma agricultura regenerativa e sustentável. Segundo ele, não é preciso desmatar nenhum “metro de floresta” para garantir a geração de riquezas e a segurança alimentar no mundo.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias