Custo de bens supérfluos fez inflação de outubro impactar mais o bolso do brasileiro rico. Já para o pobre, alimentos pesam mais

No acumulado anual, a população brasileira com renda mais alta teve o maior impacto inflacionário, de 5,99%, puxado principalmente por custos de itens como passagens aéreas
23 de novembro de 2022

O aumento nos preços de itens de luxo, como passagens aéreas e até mesmo o combustível para abastecer o carro, fez com que a inflação de outubro impactasse mais o bolso do brasileiro rico. É o que mostra o estudo mensal do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), compilado pelos economistas do ICL Debora Magagna e André Campedelli, no Economia para Todos – Boletim Diário de Notícias Econômicas e Atualização do Mercado. O impacto do indicador nesses estrato social foi de 1,14%, bastante acima do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que ficou em 0,59%.

De acordo com os economistas, mesmo com o aumento da inflação de alimentos, o custo mais elevado com roupas e bens supérfluos fez com que o indicador impactasses mais no estrato de renda mais abastado da população, segundo o Ipea. Contudo, eles ressaltam que, mesmo com um impacto mais elevado para a população com maior renda, a elevação inflacionária foi alta para todos os estratos de renda neste mês.

Dividido por estrato de renda, para a população com renda muito baixa, o impacto da inflação foi de 0,51%; para a de renda baixa, de 0,52%; para a de renda baixa-média, de 0,57%; para a de renda média, de 0,61%; e para a de renda média-alta, de 0,64%.

inflação de outubro

O desempenho de outubro fez com que, no acumulado anual, a população com renda alta tivesse o maior impacto inflacionário, que chegou a 5,99%. Em seguida, ficou a população de renda muito baixa, em  5,25%; a de renda baixa, em 4,91%; de renda baixa-média, em 4,43%; de renda média, em 4,5%; e de renda média-alta, em 4,52%.

No acumulado em 12 meses, a mesma situação foi observada, com o maior impacto entre a população com renda alta, que alcançou 7,95%. Já entre a população com renda muito baixa, foi de 6,73%.

Com exceção da renda alta, a distribuição clássica foi observada, com a inflação penalizando os mais pobres, e com as pessoas com renda alta impactadas apenas pela elevação dos produtos de luxo, puxada pela alta do câmbio ocorrida desde o ano passado.

Grupo de transportes, com alta das passagens aéreas, é o responsável pelo impacto da inflação de outubro nos mais ricos. Já para os pobres, peso do custo dos alimentos foi maior

O setor de transportes é o grupo responsável pelo elevado impacto inflacionário entre a população com renda alta. De acordo com os economistas do ICL, o peso foi de 0,71 pontos percentuais na inflação dentro dessa faixa de renda, enquanto para a população com renda muito baixa, o impacto foi somente de 0,03 pontos percentuais.

“Para se ter ideia da diferença, para o grupo de renda média-alta, o segundo mais impactado, o índice foi de somente 0,17 pontos percentuais. A elevação do preço da passagem aérea foi o que causou o maior impacto para o grupo e contribuiu com a situação desfavorável para as pessoas com renda alta nesse mês”, avaliaram os economistas.

No acumulado de 12 meses, no grupo transportes também teve um impacto maior para a população com renda alta do que para os demais, novamente puxado pela alta excessiva dos preços das passagens aéreas no último ano. “O impacto para esse grupo de pessoas foi de 2,06 pontos percentuais, enquanto para o segundo grupo mais impactado, de renda média-alta, foi de somente 0,58 ponto percentual de impacto”, disseram.

Enquanto isso, no caso da alimentação, houve um impacto muito maior para as pessoas com renda muito baixa, de 3,21 pontos percentuais, enquanto para pessoas com renda alta, o peso desse grupo foi de 1,51 pontos percentuais. Entre a população mais pobre, os bens essenciais foram os que mais pesaram no orçamento. “Por sua vez, para a renda alta os produtos mais supérfluos foram os responsáveis pela elevação da inflação”, pontuaram os economistas do ICL.

Para entender

A inflação por faixa de renda é um indicador calculado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e demonstra como a inflação impacta as diferentes classes de renda e qual peso cada grupo medido pelo IPCA exerce em cada uma delas. As faixas de renda domiciliares consideradas pelo IPEA para o cálculo são renda muito baixa: até R$ 1.726,01; renda baixa entre R$ 1.726,01 e R$ 2.589,02; renda média-baixa R$ 2.589,02 e R$ 4.315,04; renda média entre R$ 4.315,04 e R$ 8.630,07; renda média alta entre R$ 8.630,07 e R$ 17.260,14 e renda alta acima de R$ 17.260,14.

Redação ICL Economia
Com informações do Economia Para Todos – Boletim Diário de Notícias Econômicas e Atualização do Mercado

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