‘Distribuição de dividendos atrai investidor que busca rentabilidade no curto prazo’, diz Renan Araujo

O economista e pesquisador da Unicamp foi entrevistado da edição de ontem (14) do ICL Mercado e Investimentos, programa diário transmitido no canal do ICL no YouTube, que é apresentado pelos economistas Deborah Magagna e André Campedelli.
15 de março de 2024

A choradeira do mercado financeiro dos últimos dias em torno do anúncio da Petrobras, de que a empresa não faria a distribuição de dividendos extraordinários a acionistas, foi uma pequena demonstração da lógica perversa do funcionamento das engrenagens do mercado financeiro.

Para o economista Renan Araujo, doutorando em Economia pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e pesquisador do Centro de Estudos de Relações Econômicas Internacionais (Ceri – IE/Unicamp), desde que o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) priorizou a distribuição de dividendos em detrimento dos investimentos na empresa, isso pode ter atraído um tipo diferente de investidor.

“Eu acredito que essas decisões, que aumentaram principalmente depois do governo Bolsonaro, da distribuição dos dividendos, ela passa a atrair um tipo de investidor que busca rentabilidade de curto prazo. Então, o que ele está esperando? ‘A Petrobras vai ser lucrativa, vai distribuir o maior número de dividendos e eu vou lucrar com isso”, disse, em entrevista à edição de ontem (14) do ICL Mercado e Investimentos, programa diário transmitido no canal do ICL no YouTube, que é apresentado pelos economistas Deborah Magagna e André Campedelli.

Ele acredita, por exemplo, que o sobe-e-desce das ações da companhia nos últimos dias, que a fez perder valor de mercado, deixa clara a movimentação desses investidores com visão de curto prazo, que “passam a sair e provocam essas variações no mercado”.

“Então, sim, nós temos um processo de financeirização que impõe a lógica das finanças nas decisões das empresas – isso é a forma de explicar o capitalismo hoje. Mas também nós temos que entender quais são os tipos de investidores, como as empresas estão se comportando, quais são as estruturas desses balanços quais são de fato os agentes que aqui estão disputando, porque veja, o mercado não é uma entidade metafísica, são CNPJs distintos que podem discordar”, explicou.

Sobre o fato de a Petrobras anunciar que não pagaria dividendos extraordinários para priorizar investimentos, principalmente em transição energética, é necessário. “No setor de petróleo e gás, o investimento não é só [para] aumentar a capacidade produtiva. O investimento é necessário para a manutenção do funcionamento e da lucratividade desse setor”, disse.

Assista à entrevista completa no vídeo abaixo:

 

Redação ICL Economia
Com informações do ICL Mercado e Investimentos

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