Dólar acumula desvalorização de 14,61% no 1º trimestre

Para analista, valorização do real não melhora a qualidade de vida do povo brasileiro
1 de abril de 2022

O dólar voltou a perder força no mercado doméstico de câmbio na sessão desta quinta-feira (31), último pregão de março. O fechamento da cotação da moeda americana foi de queda de 0,54%, cotado a R$ 4,761, o que levou as perdas em março a 7,65% – a maior desvalorização mensal desde outubro de 2018 (-7,97%). Com isso, a desvalorização da moeda frente ao real somou 14,61% no primeiro trimestre do ano.

Esse movimento cambial teve dois motivos. Um deles é a taxa Selic que subiu de 2% ao ano para os atuais 11,75%, e deverá aumentar mais 1 ponto percentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), agendado para os dias 3 e 4 de maio. Esse aumento de juros elevou a rentabilidade das aplicações financeiras em reais e atraiu capital estrangeiro para o país e, mesmo que o Federal Reserve (Fed, o banco Central americano) acelere o ritmo de alta da taxa básica nos EUA em maio, o diferencial de juros continuará ainda elevado no curto prazo.

O outro motivo apontado por analistas do mercado foi o aumento dos preços das commodities, que teve como causa a guerra na Ucrânia. Teoricamente, o Brasil se beneficiou, pois é um exportador de matérias-primas, como minério de ferro, grãos e proteína animal, que são negociados em dólares.

Fator eleições

Ainda segundo os analistas, outro ponto que poderia estar pressionando a taxa de câmbio seria o processo eleitoral, uma vez que há sempre grau de incerteza em torno de um novo governo.

Em recente entrevista à Rádio Brasil Atual, George Romano, professor de Relações Internacionais e Economia da UFABC, explicou que, embora o Brasil viva uma valorização do real sobre o dólar, os dados positivos não melhoram a qualidade de vida do povo brasileiro que sofre com uma inflação recorde e desemprego nas alturas. “Sem dúvidas é um alívio ter o capital estrangeiro por aqui. Se ele fosse embora, isso geraria uma maior pressão inflacionária e quem pagaria a conta como sempre é o trabalhador. Mas a vida da população brasileira não melhora porque o governo atual não quer, não tem interesse. A política em curso é a do capital financeiro vir lucrar no Brasil”.

Redação ICL Economia
Com informações das agências

Continue lendo

Assine nossa newsletter
Receba gratuitamente os principais destaques e indicadores da economia e do mercado financeiro.