A oferta de ações da Eletrobras, que resultará na privatização da companhia de energia elétrica, envolverá montante de R$ 30,6 bilhões, de acordo com o prospecto da oferta que foi protocolado nesta sexta-feira (27) na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O preço estabelecido como referência para a oferta para as ações da Eletrobras é de R$ 44,00, conforme o fechamento de quinta-feira (26) do mercado financeiro.
A oferta poderá ser acrescida em 15%, por meio de lote suplementar, em relação à oferta global, o que corresponde a um acréscimo de 104.621.528 ações.
O roadshow, apresentação aos investidores, começa oficialmente hoje, assim como o processo de coleta de preços (bookbuinding).
Segundo o prospecto, a precificação está prevista para acontecer no dia 9 de junho.
O esforço de distribuição da oferta é global, ou seja, para investidores brasileiros e estrangeiros, sendo uma fatia inicial de 627.675.340 novas ações primarias, que correspondem a recursos que irão para o caixa da empresa, e secundária de 69.801.516 ações do acionista controlador, a União.
A ideia é que ao final do processo a fatia do governo cai de 72% do capital votante para 45%, conforme as expectativas.
Somente a fatia primária será ofertada no formato de American Depositary Receipts (ADR) para atender os investidores estrangeiros.
Os acionistas terão direito de subscrição e poderá haver realocação entre a oferta local e externa, para atender a demanda.
A oferta da Eletrobras tem como coordenadores líderes o BTG Pactual, o Bank of America, Itaú BBA, Goldman Sachs e XP Investimentos.
Participam ainda, mas não como líderes, o Bradesco BBI, Caixa Econômica Federal, Citi, Credit Suisse, JPMorgan, Morgan Stanley e Safra.
Eduardo Moreira explica caso da Eletrobras dentro do processo de privatizações no Brasil
Os processos de privatizações das empresas públicas no Brasil foram abordados pelo economista Eduardo Moreira no programa ICL Notícias de 19 de maio.
A teoria “comprada” por parte dos brasileiros de que o Estado não sabe “tomar conta de nada “e por isso é preciso seguir com as privatizações das estatais foi desvendada pelo economista. “É preciso entender, que as empresas que o Brasil está privatizando serão compradas por outros estados, por fundos soberanos e estatais de outros países. Então, não é que o Estado brasileiro não sabe tomar conta de nada, é que essas operações de aquisições e emissões rendem muito dinheiro para aqueles que as organizam”.
Para além desse lucro aos operadores, Moreira ressalta o perigo de setores que são naturalmente monopólios serem transferidos para outros países, “porque o objetivo passa a ser só lucro. Não vai cair o seu preço, vai subir o seu preço. E a qualidade vai piorar”.
Como exemplos ele cita que, quando uma empresa de lixo é privatizada, ela irá ganhar mais dinheiro quando coleta mais lixo. “Então, olha que maluquice o conflito de interesses. A empresa tem interesse que as pessoas produzam mais lixo”, o que está totalmente incoerente com o mundo atual, onde para evitar sua destruição é necessária a produção de menos lixo.