Em protesto aos preços da Petrobras, sindicatos vendem botijões por R$ 73,00

Serão comercializados 850 botijões mais baratos para famílias carentes.O objetivo é criticar o Governo que determina que a Petrobras calcule o valor dos combustíveis no Brasil
13 de abril de 2022

A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), que reúne sindicatos de empregados da Petrobras, juntamente com o Observatório Social da Petrobras, organização de monitoramento da estatal que está associada à FNP, vão fazer ação para vender botijões de gás de cozinha a R$ 73,00 nesta quinta-feira (14), nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Amazonas e Alagoas em protestos à política de preços adotada pelo governo. 

A ação, batizada de “Dia Nacional do Gás a Preço sem PPI”, tem por objetivo fazer a crítica pública do PPI (Preço de Paridade de Importação), a política definida pelo governo para a Petrobras calcular o valor dos combustíveis no Brasil.

A metodologia do PPI leva em conta a cotação de referência do combustível no mercado global, o preço do frete para trazê-lo ao Brasil, o seguro da carga e até o Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM), tributo cobrado sobre a navegação. O PPI deu sustentação ao mega-aumento anunciado pela companhia no início de março.

A Petrobras usa a referência internacional porque não consegue atender a toda a demanda nacional de combustíveis e importa parte do que vende ao mercado doméstico. Com a disparada do petróleo e a alta do dólar, sobretudo por causa da guerra da Rússia com a Ucrânia, os preços de combustíveis no Brasil ficaram ainda mais salgados.

Na comparação com o último levantamento divulgado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o valor de R$ 73 chega a ser 51% menor do que o preço praticado no mercado.

Na semana de 3 a 9 de abril, segundo dados do órgão regulador, em alguns municípios de Santa Catarina, Mato Grosso, Rondônia e Pará, o botijão de 13 quilos de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), o gás de cozinha, era vendido a R$ 150.

O valor de R$ 73 do botijão de gás foi definido pelo Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), baseado em uma análise da estrutura real de custos da Petrobras, sem o PPI, e mantendo o lucro dos distribuidores, revendedores e da estatal.

“O preço sem PPI é necessário e possível de ser praticado. A atual estrutura de custos da Petrobras permite cobrar valores bem mais em conta para os brasileiros. O pré-sal nos deu grande quantidade de insumos a baixos custos, que podem ser transformados em combustível e GLP, graças ao nosso grande parque de refino”, afirma o economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Ibeps.

A ação será realizada nas cidades paulistas de São José dos Campos, Cubatão e São Sebastião, no Rio de Janeiro (RJ), em Maceió (AL) e em Manaus (AM). As pessoas vão adquirir cupons, que darão direito à compra de uma unidade de botijão de gás. Para a retirada do botijão cheio é necessário entregar o recipiente vazio

Entre alguns dos locais, com venda de botijões, estão São José dos Campos, Cubatão, São Sebastiao, Maceio, Rio de Janeiro, Manaus. Nos locais indicados, será necessário preencher cadastro e retirar cupons, entre hoje (13) e amanhã, para conseguir comprar. No total, serão comercializados 850 botijões mais baratos para famílias carentes.

Leilões da Petrobras

Apesar de a Petrobras importar combustível para vendar ao mercado doméstico, pagando em dólar, o Governo Bolsonaro segue com os leilões para a exploração de petróleo por empresas de fora, sem a participação da Petrobras.

Nesta quarta-feira (13), o Governo Bolsonaro concedeu 59 áreas para exploração de petróleo no país em leilão que arrecadou R$ 422,4 milhões. Do total arrecadado, 98% foram oferecidos por Shell, Ecopetrol e Total pela concessão de oito áreas na Bacia de Santos.

O leilão teve protestos de organizações ambientalistas contra a oferta de áreas próximas a comunidades quilombolas e pesqueiras e em um cenário de alertas sobre a necessidade de medidas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa.

Foi o terceiro leilão do modelo de oferta permanente, que funciona como uma espécie de vitrine de áreas para exploração e produção de petróleo no país. Nesse modelo, as empresas demonstram interesse por áreas disponíveis, levando a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) a abrir leilões.

Deve ser o modelo vigente no país nos próximos anos, apesar de criticado pela oposição por ter menores bônus de assinatura do que leilões com menos ofertas.

Ao todo, a ANP ofereceu 379 áreas em 14 setores exploratórios de sete bacias sedimentares brasileiras, a maior parte delas em terra, tipo de operação que atrai o interesse de pequenas petroleiras, como as vencedoras Petroborn, Petro-Victory e CE Engenharia.

As dez empresas que arremataram essas áreas menores se comprometeram a investir quase R$ 100 milhões nos projetos. As empresas vencedoras do leilão desta quarta se comprometeram a investir R$ 307,9 milhões na região.

Baseada nos Estados Unidos mas com foco em operações no Brasil, a Petro-Victory foi a maior vencedora, com 19 blocos na Bacia Potiguar. A Origem Energia foi a segunda maior, com 18, localizados nas bacias de Sergipe-Alagoas e Tucano, na Bahia.

Os maiores lances foram dados pela francesa Total Energies e por um consórcio formado por Shell e Ecopetrol. A primeira se comprometeu a pagar R$ 275 milhões por duas concessões; o segundo ofereceu R$ 140,2 milhões por seis áreas.

Redação ICL Economia

Com informações das agências de notícias

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