Empresa reduz jornada de trabalho, com folga na quarta-feira, para aumento de produtividade

A estratégia de redução da jornada de trabalho, com folga em um dia da semana, visa à redução do estresse e do cansaço, com aumento de produtividade
13 de maio de 2022

Com a objetivo de aumentar a produtividade dos funcionários, uma empresa de tecnologia em Franca (SP) decidiu reduzir, sem corte nos salários, a jornada de trabalho semanal de cinco para quatro dias. Desde março, ainda em período de testes, as cerca de 40 pessoas que trabalham no grupo, além do fim de semana, folgam às quartas-feiras.

Além de manter a remuneração original, a empresa incentiva o descanso no meio da semana com um vale de R$ 400 para usar em aplicativos de música, filmes, livrarias, cinemas, teatros e shows.

A jornada reduzida já é uma realidade em outros países, mas, no Brasil, a NovaHaus, que desenvolve sites e programas comerciais para computador em Franca, é uma das primeiras.

Para a filósofa e comentarista do ICL Notícias, Viviane Mosé, reduzir a jornada de trabalho com folga na semana move a economia, porque as pessoas não estarão em casa, mas estarão na rua, passeando e gastando. “Vai movimentar a indústria da cultura que a gente precisa investir. A iniciativa quebra uma relação antiga de trabalho com novas possibilidades”.

Mosé explica que, hoje, vivemos um mundo com relações humanas desgastadas, onde há conflitos profissionais, pessoas com depressão e doenças psíquicas, incapacitando a atividade das pessoas. É preciso cuidar da saúde mental para lucrar.

“Ao dar um dia de folga, promovendo o lazer, a empresa investe em saúde mental, alegria e o bem-estar implica necessariamente na lucratividade da empresa. Ser uma empresa lucrativa é promover o conhecimento, a inovação, inventividade, permitir que as pessoas saibam o que está acontecendo fora do ambiente de trabalho, desde um supermercado, uma loja de roupas, moda, produtos que são utilizados por todos”, afirma.

Redução da jornada de trabalho ainda é um desafio

Segundo o advogado especialista em direitos trabalhistas Renato Barufi, em entrevista ao G1, normalmente o que se tem percebido é que as empresas voltadas para a área tecnológica são as que têm iniciado esse movimento, mas não é algo fácil de ser implementado.

A iniciativa surgiu depois do período da pandemia, em que os funcionários estavam em home office. Desde março, os donos do negócio testam a implementação do modelo, que foi negociado com o sindicato da categoria.

Após os testes, que devem se encerrar em novembro, a diretoria irá avaliar se mantém essa jornada. Mas, ao que tudo indica, a semana reduzida veio para ficar, já que tem apresentado resultados positivos em relação à produtividade dos funcionários. A estratégia visa quebrar a rotina, evitar o estresse e o cansaço, refletindo na rotina de trabalho das equipes.

As novidades não impactam na remuneração dos colaboradores. Segundo o especialista Barufi, a alteração é possível, desde que o empregado receba como se estivesse trabalhando os cinco dias semanalmente.

“A lei trabalhista coloca um limite máximo de jornada, que é oito horas diárias e 44 horas semanais. Então, se o empregado está recebendo um salário como se trabalhasse oito e 44, mas trabalhando menos, isso é benéfico para o empregado, e tudo que é benéfico para o empregado a lei brasileira vai permitir”, explica.

Barufi ressalta que, uma vez feita a mudança na jornada, a empresa não pode mais voltar atrás. A exceção é se o empregado for contratado por horas de trabalho ou em regime de tempo parcial, ou seja, em que ele trabalha no máximo 30 horas por semana.

Redação ICL Economia

Com informações do G1 e do ICL Notícias

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