Com a falta de chuvas e o nível de rios nos patamares históricos mais baixos, o Ministério de Minas e Energia estuda a volta do horário de verão. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse ontem (11) que o horário de verão ajuda a impulsionar a economia, além de dar suporte ao sistema elétrico em um “momento realmente crítico” na geração causado pela seca.
“É aquele horário que o cidadão vai para casa, liga o ar-condicionado, liga o ventilador. Ele vai tomar banho, vai tomar todo mundo quase que junto, abre a televisão para assistir um jornal, para poder assistir um filme, e naquele horário nós temos um grande pico, e é exatamente no momento onde nós estamos perdendo as energias intermitentes”, disse.
Outro aspecto é que, como grande parte da matriz energética brasileira é formada por hidrelétricas, a falta de chuvas impacta o fornecimento de energia e, consequentemente, o governo é obrigado a acionar termelétricas, que têm o custo mais caro por funcionarem com combustível fóssil e, portanto, são também mais poluentes. O calor também faz com que o consumo seja maior em horários de pico, normalmente no início da noite.
O horário de verão foi suspenso em 2019 pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A medida já era avaliada no governo de Michel Temer (MDB ).
Na ocasião, o governo afirmou que o adiantamento dos relógios em uma hora perdeu “razão de ser aplicado sob o ponto de vista do setor elétrico”, por conta de mudanças no padrão de consumo de energia e de avanços tecnológicos, que alteraram o pico de consumo de energia. Mesmo com a crise hídrica de 2021 não houve retorno da medida.
Durante a campanha eleitoral de 2022, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizou uma enquete informal em seu perfil oficial na rede social X (antigo Twitter), a qual mostrou que 66% dos votantes eram favoráveis ao retorno do horário de verão mesmo sem economia na energia elétrica, enquanto 34% votaram contra.
O horário de verão foi adotado no Brasil por 34 anos consecutivos com o objetivo de reduzir o consumo de energia, até ser suspenso por Bolsonaro.
Retorno do horário de verão depende de aval do governo
A retomada do horário de verão terá um viés mais político do que técnico, uma vez que a adoção da medida não traz economia significativa de energia.
O pico de consumo costuma ocorrer no início da noite, então adotar o horário de verão pode ter o efeito de deslocar o pico de consumo.
Nesse horário, a geração de energia solar cai por causa da falta de sol, enquanto a geração eólica sobe porque há maior incidência de ventos à noite e em determinadas épocas do ano.
No intervalo entre a queda da solar e o aumento da eólica, há um pico de consumo que precisa ser suprido por energia hidrelétrica ou térmica.
“A solar não está mais produzindo [nesse horário], no início da noite normalmente a eólica produz menos, então nós precisamos de despachar a térmica. Se a gente puder diluir isso no horário de verão, talvez seja um ganho que vá dar a robustez, inclusive ao sistema”, disse o ministro de Minas e Energia.
O vice-presidente e ministro do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Geraldo Alckmin, também comentou o assunto ontem. Ele disse que o horário de verão “pode ser uma boa alternativa para poupar energia” e que “procurar evitar o desperdício” e “fazer uma campanha” ajudam também.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e g1