O euro atingiu uma nova mínima na terça-feira (23), cotado a US$ 0,9985, ficando abaixo da paridade com o dólar pela segunda vez. Em 12 de julho, a moeda do bloco europeu, depois de duas décadas, havia atingido a paridade com dólar.
Na Europa, os altos preços de importação, especialmente de energia, estão impulsionando a inflação. E isso não é bom para o Banco Central Europeu (BCE), afinal, ele quer contrabalançar a inflação com aumentos planejados das taxas de juros.
O risco de uma recessão na zona do euro atingiu o nível mais alto desde novembro de 2020, uma vez que a escassez de energia ameaça elevar ainda mais a inflação já recorde. É esperada desaceleração acentuada para os próximos 12 meses, com crescimento mais fraco no final de 2022 e 2023, de acordo com dados do Departamento de Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A probabilidade de contração da atividade por dois trimestres consecutivos aumentou para 60%, de 45% em uma pesquisa anterior e de 20% antes de a Rússia invadir a Ucrânia. A Alemanha, maior economia do bloco e uma das mais expostas a cortes no fornecimento de gás natural russo, deve estagnar já a partir deste trimestre.
Nesse cenário, alguns economistas já projetam o euro entre US$ 0,80 e US$ 0,75 e acreditam em um aumento no diferencial da taxa de juros nos EUA e na Europa, bem como um enfraquecimento adicional da moeda única.
Na avaliação do economista do ICL André Campedelli, esse enfraquecimento do euro em relação ao dólar também é resultado das sanções que a própria Europa está realizando contra a Rússia, por ter entrado em guerra contra a Ucrânia, o que encareceu o custo de vida dos europeus.
“É preciso lembrar que a moeda internacional serve para compras de bens entre países. E, hoje, a Europa realiza a compra de gás e de petróleo com o rublo da Rússia (por força das sanções). Isso já é causa da desvalorização (do euro). Além disso, aumenta a inflação do euro. Nesse cenário de crise, todos procuram proteção no dólar. Há a fuga de capital para os EUA”, explica Campedelli.
A visão de muitos analistas ainda é de fraqueza para a moeda do bloco econômico europeu. O banco Goldman Sachs vê riscos negativos para a visão de crescimento além do curto prazo, devido a pressões inflacionárias persistentes e crescentes que pesam sobre a atividade. Também a desaceleração econômica da China atinge a Europa em uma magnitude muito maior quando comparada ao impacto nos Estados Unidos.
Dependência por gás contribui para o euro ficar abaixo da paridade com o dólar
Os preços do gás por atacado no Reino Unido e na Holanda subiram acentuadamente na segunda-feira (22), enquanto a perspectiva de manutenção no principal gasoduto russo para a Europa provocava nervosismo no mercado.
A Rússia interromperá o fornecimento de gás natural para a Europa através do gasoduto Nord Stream 1 por três dias, no final do mês, o mais recente lembrete do estado precário do fornecimento de energia do continente.
O preço do gás já dobrou desde junho, quando a Rússia reduziu a oferta via Nord Stream, o principal gasoduto que transporta gás para a maior economia da Europa, a Alemanha.
Ondas de calor no continente já pressionaram o fornecimento de energia. Agora, o temor e as preocupações com futuras interrupções aumentam durante os meses de inverno pode ser devastador para a atividade comercial.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias