A escassez ou o encarecimento de insumos afeta 22 de 25 setores da indústria, revela levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgado ontem (27). Há oito trimestres seguidos, as indústrias citam a dificuldade de acesso a matérias-primas como o principal entrave. O setor também vê com preocupação os constantes aumentos da taxa básica de juros (Selic), que dificulta a normalização de investimentos, pois encarece os custos de produção.
O problema começou com o isolamento em função do Covid-19, em 2020. Agora, está sendo prorrogado com a guerra da Rússia contra a Ucrânia e os lockdowns em regiões industriais da China, devido às novas ondas da doença. Esses dois últimos fatores atrasaram a normalização das cadeias globais de insumos, que ainda não tinham se recuperado da pandemia.
No segundo trimestre deste ano, o setor mais afetado foi o das indústrias de impressão e reprodução, com 71,7% delas citando o problema. Em seguida, vêm os setores de limpeza, perfumaria e higiene pessoal (70%) e a cadeia de veículos automotores (69,8%).
Entre as indústrias de couro e artefatos de couro, a falta de insumos apareceu em terceiro lugar, citado por 37,2% das empresas entrevistadas. Nos segmentos de móveis (38,7%) e de manutenção e reparação (45,5%), o problema ficou em segundo lugar na lista.
Segundo a CNI, cerca de metade da produção industrial é consumida como insumo pela própria indústria. Dessa forma, a escassez ou os preços altos dos insumos não atingem apenas os fabricantes e se disseminam por toda a cadeia produtiva, atingindo o consumidor por meio de aumento de preços ou de queda na produção.
A pesquisa também mostra que os empresários acreditam que a situação se normalizará apenas em 2023. Na avaliação da entidade, as principais consequências são: dificuldade em recuperar – ou manter — a produção, o aumento dos preços de insumos e dos custos nas cadeias de produção, além dos reajustes nos preços dos bens de consumo e a maior pressão sobre a inflação.
Levantamento da CNI mostra que a escalada da taxa de juros tem preocupado a indústria
Dos 25 setores analisados, 16 consideram as recentes elevações da taxa básica de juros da economia (Selic) um dos cinco principais problemas econômicos. O Banco Central (BC) elevou a Selic de 2% ao ano, em agosto de 2020, para 13,25% ao ano atualmente.
Para a CNI, a alta é excessiva e prejudica a produção, o consumo e o emprego, ao encarecer o crédito. A grande preocupação com a taxa de juros cresce há cinco semestres seguidos, sendo cada vez mais citada pelos empresários industriais.
Em maio, quando a taxa de juros passou de 11,75% para 12,75% ao ano, a CNI se manisfestou, considerando “equivocada” a decisão. Para a confederação, a taxa anterior já era suficiente para garantir uma trajetória de queda da inflação nos próximos meses, pois a alta leva tempo para restringir a atividade e, consequentemente, segurar o aumento de preços.
Na ocasião, em nota divulgada, a CNI afirmou que a intensificação do ritmo de aperto da política monetária piora as expectativas para o crescimento econômico em 2022. “Este novo aumento da taxa de juros deve comprometer ainda mais a atividade econômica, que já dá claros sinais de fraqueza”, pontuou a confederação, em nota.
Entre os diferentes setores, os segmentos de produtos diversos e de veículos automotores mencionaram a Selic como o segundo maior problema atual. Nos setores de alimentos, madeira, máquinas e equipamentos, materiais elétricos, metalurgia, têxteis e vestuário e acessórios, o item ocupa o terceiro lugar
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias