CNI: falta de insumos afeta 22 de 25 setores da indústria, que vê aumento da Selic com preocupação

Problema da falta de insumos começou no início da pandemia, em março de 2020, e está sendo prorrogado com lockdowns na China e guerra na Ucrânia
28 de julho de 2022

A escassez ou o encarecimento de insumos afeta 22 de 25 setores da indústria, revela levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgado ontem (27). Há oito trimestres seguidos, as indústrias citam a dificuldade de acesso a matérias-primas como o principal entrave. O setor também vê com preocupação os constantes aumentos da taxa básica de juros (Selic), que dificulta a normalização de investimentos, pois encarece os custos de produção.

O problema começou com o isolamento em função do Covid-19, em 2020. Agora, está sendo prorrogado com a guerra da Rússia contra a Ucrânia e os lockdowns em regiões industriais da China, devido às novas ondas da doença. Esses dois últimos fatores atrasaram a normalização das cadeias globais de insumos, que ainda não tinham se recuperado da pandemia.

No segundo trimestre deste ano, o setor mais afetado foi o das indústrias de impressão e reprodução, com 71,7% delas citando o problema. Em seguida, vêm os setores de limpeza, perfumaria e higiene pessoal (70%) e a cadeia de veículos automotores (69,8%). 

Entre as indústrias de couro e artefatos de couro, a falta de insumos apareceu em terceiro lugar, citado por 37,2% das empresas entrevistadas. Nos segmentos de móveis (38,7%) e de manutenção e reparação (45,5%), o problema ficou em segundo lugar na lista.

Segundo a CNI, cerca de metade da produção industrial é consumida como insumo pela própria indústria. Dessa forma, a escassez ou os preços altos dos insumos não atingem apenas os fabricantes e se disseminam por toda a cadeia produtiva, atingindo o consumidor por meio de aumento de preços ou de queda na produção.

A pesquisa também mostra que os empresários acreditam que a situação se normalizará apenas em 2023. Na avaliação da entidade, as principais consequências são: dificuldade em recuperar – ou manter — a produção, o aumento dos preços de insumos e dos custos nas cadeias de produção, além dos reajustes nos preços dos bens de consumo e a maior pressão sobre a inflação.

Levantamento da CNI mostra que a escalada da taxa de juros tem preocupado a indústria

Dos 25 setores analisados, 16 consideram as recentes elevações da taxa básica de juros da economia (Selic) um dos cinco principais problemas econômicos. O Banco Central (BC) elevou a Selic de 2% ao ano, em agosto de 2020, para 13,25% ao ano atualmente.

Para a CNI, a alta é excessiva e prejudica a produção, o consumo e o emprego, ao encarecer o crédito. A grande preocupação com a taxa de juros cresce há cinco semestres seguidos, sendo cada vez mais citada pelos empresários industriais.

Em maio, quando a taxa de juros passou de 11,75% para 12,75% ao ano, a CNI  se manisfestou, considerando  “equivocada” a decisão. Para a confederação, a taxa anterior já era suficiente para garantir uma trajetória de queda da inflação nos próximos meses, pois a alta leva tempo para restringir a atividade e, consequentemente, segurar o aumento de preços.

Na ocasião, em nota divulgada, a CNI afirmou que a intensificação do ritmo de aperto da política monetária piora as expectativas para o crescimento econômico em 2022. “Este novo aumento da taxa de juros deve comprometer ainda mais a atividade econômica, que já dá claros sinais de fraqueza”, pontuou a confederação, em nota.

Entre os diferentes setores, os segmentos de produtos diversos e de veículos automotores mencionaram a Selic como o segundo maior problema atual. Nos setores de alimentos, madeira, máquinas e equipamentos, materiais elétricos, metalurgia, têxteis e vestuário e acessórios, o item ocupa o terceiro lugar

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

Continue lendo

Assine nossa newsletter
Receba gratuitamente os principais destaques e indicadores da economia e do mercado financeiro.