Pelo terceiro mês seguido, os saques de dinheiro da caderneta de poupança dos brasileiros foram maiores do que os depósitos, batendo recorde para o mês de março na série histórica iniciada em 1995.
Os saques na aplicação superaram os depósitos em R$ 15,4 bilhões no mês, segundo dados informados pelo Banco Central, nesta segunda-feira (25). Ao todo, os saques somaram R$ 327,1 bilhões em março, enquanto os depósitos atingiram R$ 311,7 bilhões.
Março é ainda o terceiro mês deste ano com mais saída de dinheiro da poupança do que entrada de recursos – R$ 3,524 bilhões. Em janeiro, as retiradas superaram os depósitos em R$ 19,7 bilhões e, em fevereiro, R$ 5,350 bilhões.
Em meio à alta da inflação que corrói o poder de compra (IPCA acumula alta de 11,3% nos últimos 12 meses) e a queda na renda dos brasileiros, este ano, o movimento de retirada de recursos da poupança de janeiro a março ficou ainda maior. Costumeiramente, os primeiros meses do ano são marcados pelos saques na poupança para pagamento de impostos e despesas como material escolar e parcelamentos das compras de Natal.
Baixo rendimento
Um outro fator que ajuda a explicar a saída líquida de recursos da poupança é a alta da taxa básica de juros, a Selic. Até recentemente, a poupança rendia 70% da taxa selic (juros básicos da economia). Desde dezembro do ano passado, a aplicação passou a render o equivalente à taxa referencial (TR) mais 6,17% ao ano, porque a Selic voltou a ficar acima de 8,5% ao ano. Atualmente, os juros básicos estão em 11,75% ao ano.
O aumento dos juros, no entanto, foi insuficiente para fazer a poupança render mais que a inflação, provocando a fuga de alguns investidores. Nos 12 meses terminados em março, a aplicação rendeu 4,34%, segundo o Banco Central. No mesmo período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), que mede a inflação oficial, atingiu 11,3%.
O Relatório de Poupança de março deveria ter sido divulgado no dia 6 de abril, mas foi adiado devido à greve dos servidores do BC, que foi iniciada no dia 1º de abril. Com a suspensão do movimento na semana passada, a apresentação de estatísticas está sendo gradualmente retomada.
Redação ICL Economia
Com informações das agências