Um dia após o Fed decidir manter os juros inalterados, bolsas mundiais operam no negativo

Muito mais do que a decisão em si, o que pesou para os investidores foram os sinais emitidos pelo presidente do Fed, Jerome Powell, em sua fala após o anúncio da decisão. Ele disse que a inflação do país ainda está elevada e, portanto, a autoridade monetária precisa "agir com cuidado".
21 de setembro de 2023

Com os investidores digerindo a decisão do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), de manter a taxa de juros dos EUA inalterada ontem (20), as bolsas mundiais e os índices futuros estão operando no negativo nesta manhã de quinta-feira (21).

Muito mais do que a decisão em si, o que pesou para os investidores foram os sinais emitidos pelo presidente do Fed, Jerome Powell, em sua fala após o anúncio da decisão.

Powell voltou a afirmar que a inflação ainda não está controlada nos Estados Unidos e que a autoridade monetária precisa agir “com cuidado”. Ou seja, apesar da pausa, novos aumentos de juros estão no horizonte. A principal ferramenta usada pelos bancos centrais para tentar domar a inflação é o aumento dos juros.

A taxa de juros dos Estados Unidos está no nível mais alto em 22 anos. Nas últimas 13 reuniões do Fomc, houve elevação dos juros em 11 e manutenção da taxa em duas.

O Fed também aumentou acentuadamente as suas expectativas de crescimento econômico para este ano, prevendo-se agora que o PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA aumente 2,1% este ano, o que significa que a economia norte-americana ainda continua aquecida.

As projeções trimestrais atualizadas do Fed mostram que os juros cairão apenas 0,5 ponto percentual em 2024, em comparação com 1 ponto percentual total de cortes previsto na reunião de junho.

Por aqui, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central do Brasil decidiu pelo segundo corte consecutivo de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic). Assim, a taxa passou de 13,25% para 12,75% ao ano.

O Copom ainda afirmou que, se o cenário esperado for confirmado, novos cortes de mesma magnitude na Selic devem ocorrer nas próximas reuniões.

Brasil

O Ibovespa fechou o pregão de quarta-feira (20) em alta com investidores analisando decisões sobre os juros na “Super Quarta”. O principal índice da Bolsa brasileira subiu  0,72%, aos 118.695 pontos.

Segundo analistas do mercado financeiro, os investidores seguem atentos com a política monetária dos Estados Unidos e do Brasil. Ontem, o Fed optou por manter suas taxas de juros inalteradas entre 5,25% e 5,50% ao ano, enquanto o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central promoveu o segundo corte consecutivo de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic), que caiu de 13,25% para 12,75% ao ano.

Nas negociações do dia do Ibovespa, o dólar fechou em leve alta frente ao real de 0,15%, cotado a R$ 4,88.

Europa

As bolsas europeias operam no campo negativo, após uma série de decisões sobre taxas de juros por parte dos bancos centrais de Inglaterra, Turquia, Suécia, Suíça e Noruega, além do Fed, dos Estados Unidos.

O banco central da Noruega optou por aumentar a sua taxa diretora para 4,25% ao ano, enquanto o Banco Suíço encerrou a sua série de cinco aumentos, mantendo as taxas de juros em 1,75%.

Para hoje, é aguardada a decisão do Banco da Inglaterra. Os prognósticos indicam um ajuste para cima de 0,25 ponto percentual.

FTSE 100 (Reino Unido), -0,51%
DAX (Alemanha), -0,78%
CAC 40 (França), -1,13%
FTSE MIB (Itália), -1,30%
STOXX 600, -0,81%

Estados Unidos

Os índices futuros dos EUA operam em baixa, enquanto os rendimentos do Tesouro dos EUA sobem nesta manhã de quinta-feira, à medida que os investidores digerem a decisão do Fed de manter a taxa de juros inalterada.

Dow Jones Futuro (EUA), -0,26%
S&P 500 Futuro (EUA), -0,43%
Nasdaq Futuro (EUA), -0,63%

Ásia-Pacífico

As bolsas da Ásia-Pacífico fecharam em queda generalizada, após a decisão do Fed, o banco central dos EUA, de manter a taxa de juros inalterada, mas indicar que novos aumentos vêm por aí.

O Comité Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) projetou dois cortes nas taxas em 2024, dois a menos do que a previsão de junho. Isso colocaria a taxa de fundos em torno de 5,1%.

Shanghai SE (China), -0,77%
Nikkei (Japão), -1,37%
Hang Seng Index (Hong Kong), -1,29%
Kospi (Coreia do Sul), -1,75%
ASX 200 (Austrália), -1,37%

Petróleo

Os preços do petróleo ampliam as perdas da véspera e operam com baixa nesta manhã, com investidores repercutindo o anúncio do Fed de mais aumento de juro este ano.

Petróleo WTI, -1,38%, a US$ 88,42 o barril
Petróleo Brent, -1,37%, a US$ 92,25 o barril

Agenda

Nos Estados Unidos, são aguardadas para hoje as divulgações dos pedidos de seguro-desemprego semanal, saldo de conta corrente trimestral e vendas de casas usadas.

Na Europa, o Banco da Inglaterra divulgará sua decisão sobre os juros hoje. As previsões indicam um aumento de um quarto de ponto, uma vez que a economia do Reino Unido tem encolhido em ritmo mais rápido.

Por aqui, no Brasil, no campo político-econômico, o ministro interino da Fazenda e secretário-executivo da pasta, Dario Durigan, disse que o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central (BC) deu um bom sinal ao confirmar que continuará a reduzir a taxa Selic em 0,5 ponto percentual. Segundo ele, o comunicado emitido logo após a reunião traz previsibilidade para os agentes econômicos. Na seara econômica, a agenda de indicadores está esvaziada hoje.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do InfoMoney e Bloomberg

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