Dentro do previsto, o Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) anunciou, na tarde desta quarta-feira (12), a manutenção das taxas de juros norte-americanas em uma faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano. Desse modo, a Fed Funds rate segue no maior patamar em 22 anos.
Essa é a sétima reunião seguida que o Fed não mexe no indicador, o que sinaliza que a autoridade monetária norte-americana ainda está bastante cautelosa sobre a economia dos EUA e as consequentes pressões inflacionárias.
Na habitual coletiva de imprensa após a divulgação do resultado, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que os dados da economia dos Estados Unidos ainda não deram aos membros do banco central confiança suficiente de que a inflação está caindo à meta de 2% de forma sustentável.
“A inflação desacelerou substancialmente, mas ainda está muito alta”, afirmou Powell.
Mais cedo, o Departamento de Estatísticas do Trabalho informou que o CPI (Índice de Preços ao Consumidor) dos Estados Unidos subiu 0,3% em maio. Houve estabilidade em relação a abril, quando o indicador também avançou 0,3%.
De acordo com Powell, os números do CPI são “bem-vindos” e os membros do Fed esperam por mais dados assim.
Porém, na sequência, ele mesmo jogou um balde de água fria, dizendo não haver garantia de que os bons dados do CPI de maio sejam repetidos nos próximos meses. “Temos que ver o que os dados de inflação de hoje significam para o balanço de riscos”, afirmou.
Na avaliação dele, a economia norte-americana ainda dá sinais de solidez, apesar do PIB (Produto Interno Bruto) moderado no primeiro trimestre. “A perspectiva econômica é incerta e continuaremos atentos aos riscos inflacionários”, afirmou.
Ele ressaltou que o banco central manterá os juros na faixa de 5,25% a 5,5% “pelo tempo que for necessário”, caso a economia dos Estados Unidos continue sólida e a inflação persista.
Se, por um lado, ele indicou a manutenção dos juros por mais tempo, por outro, afastou a possibilidade de uma outra alta de juros neste ciclo.
Decisão do Federal Reserve afeta interesse de investidores em economias emergentes, como o Brasil
Manter taxas de juros altas na maior economia do mundo significa retirar recursos de países emergentes, como o Brasil. Os ativos norte-americanos são considerados os mais sólidos do mundo, ou seja, o país é considerado o de menor risco aos investidores.
Quando os juros norte-americanos estão elevados, a rentabilidade dos Treasuries (títulos públicos dos EUA), os mais seguros do mundo, é maior. Assim, quem busca segurança e boa remuneração prioriza o investimento no país, e se afasta de países emergentes, como o Brasil.
Portanto, quando o Fed decide manter as taxas em um patamar mais elevado, significa que os investidores preferem manter seus ativos por lá. Por isso, não importa que a taxa básica de juros no Brasil, a Selic, esteja em 10,50%, o que significa que o Brasil paga mais pelo investimento nos títulos do Tesouro.
Além disso, juros mais altos nos EUA fortalecem o dólar. Os investidores preferem manter o dinheiro lá, gerando fluxos menores para ativos considerados de risco, o que enfraquece as bolsas.
O economista e fundador do ICL (Instituto Conhecimento Liberta), Eduardo Moreira, já fez avaliações sobre o quanto as decisões da política monetária nos EUA afetam a economia global.
“A taxa de juros dos EUA é uma taxa de referência para as demais. Essa taxa define quanto pagam os títulos do tesouro americano, os quais o mundo inteiro usa para guardar as suas reservas. Esses são os títulos considerados mais seguros do mundo”, disse.
Ainda sobre a taxa de câmbio, um dólar mais alto influencia os preços domésticos em diferentes frentes, como por meio da importação de produtos e insumos ou mesmo pela equiparação dos preços praticados no Brasil com o mercado internacional.
Além disso, o dólar é uma das variáveis que afetam a inflação, o que significa que o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central brasileiro pode ficar com um pé atrás em reduzir a Selic.
Em suma, quando falamos da maior economia do mundo e em um mundo globalizado, o que acontece lá afeta a todos. Os mais pobres, principalmente.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias