A insatisfação do funcionalismo público federal com o governo Bolsonaro aumenta a cada dia, diante do pífio reajuste de 5% oferecido. Além disso, o presidente insiste em privilegiar determinadas categorias com índices maiores.
O presidente Jair Bolsonaro quer conceder um aumento maior para as carreiras de segurança, atendendo a uma promessa feita ao grupo que compõe sua base eleitoral. Isso às vésperas da decisão final sobre o reajuste salarial, aguardada para até sexta-feira (20), prazo final para a revisão bimestral do Orçamento.
Segundo interlocutores ouvidos pela Folha de S. Paulo, o presidente deseja beneficiar principalmente os agentes da PRF (Polícia Rodoviária Federal), que têm salários menores do que agentes da PF (Polícia Federal). No entanto, a intenção de contemplar as carreiras de segurança com um reajuste diferenciado contraria conselhos de ministros das demais áreas do governo, que têm alertado Bolsonaro sobre os riscos de privilegiar categorias específicas nas negociações salariais. Algumas delas, como os servidores do Banco Central, têm reclamado do percentual de 5% e estão em greve.
Para atender à vontade do presidente, o corte no Orçamento precisará ser ainda maior do que o planejado, com a possibilidade de o bloqueio superar os R$ 10 bilhões.
A concessão de um reajuste linear de 5% para o funcionalismo público teria custo de R$ 6,3 bilhões no Executivo. Já o custo de todos os aumentos pleiteados apenas pelas carreiras de segurança é de R$ 1,1 bilhão. Hoje há uma reserva de apenas R$ 1,7 bilhão para aumentos salariais.
Bolsonaro quer privilegiar só algumas categorias do funcionalismo público
Nesta terça-feira (17), Bolsonaro lamentou a perda do poder aquisitivo do funcionalismo e prometeu uma recuperação “em breve”, em especial para a Polícia Rodoviária Federal. “Lamentamos o poder aquisitivo dos servidores públicos, mas tenho certeza que brevemente isso será recuperado, em especial a Polícia Rodoviária Federal, que está nos acompanhando neste momento”, afirmou, em discurso na cidade de Propiá, no Sergipe, em uma cerimônia de inauguração de duplicação de um trecho da rodovia BR 101.
A preferência do presidente por agentes da PRF, de acordo com integrantes do governo, também se dá pelo fato de eles serem próximos ao presidente, fazendo segurança em motociatas, entre outras funções.
Servidores do Tesouro decidem entrar em greve
Os servidores do Tesouro Nacional decidiram, em assembleia nesta terça (17), entrar em greve a partir do dia 23 de maio. Com essa decisão, sobe para três o número de carreiras federais que cruzam os braços, ampliando a pressão sobre o governo Jair Bolsonaro: já estão parados os do Banco Central (BC) e do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
As categorias reivindicam reajustes salariais de 27%, para repor as perdas inflacionárias desde 2019, e não aceitam a sinalização de Bolsonaro e de membros do governo de um reajuste linear de 5% para todas as categorias do funcionalismo federal, inclusive as carreiras do Judiciário e do Legislativo.
A mobilização dos servidores do Tesouro já afetou a divulgação do relatório mensal da dívida pública federal, assim como a paralisação dos servidores do BC está afetando diversas publicações da autoridade monetária, como o Relatório Focus e até o IBC-Br, indicador que é considerado uma “prévia do PIB”,
Na próxima sexta-feira (20), os servidores da CGU (Controladoria-Geral da União) decidirão se também iniciam uma paralisação por tempo indeterminado.
Redação ICL Economia
Com informações das agências