Fundos BRICs enfrentam crise existencial com partida da Rússia

Gestoras abocanharam bilhões de dólares de clientes e, agora, esses fundos enfrentam uma crise.
25 de março de 2022

Na virada do século, as gestoras de recursos se apressaram para montar fundos de investimentos que buscavam ganhos  no Brasil, Rússia, Índia e China (BRIC). As gestoras abocanharam bilhões de dólares de clientes e, agora, esses fundos enfrentam uma crise.

O conflito da Ucrânia impede investimentos na Rússia. A MSCI removeu o país de seus índices de referência, inclusive do BRIC Index. A China, responsável por boa parte do índice, enfrenta desaceleração econômica e repressão sem precedentes ao setor de tecnologia, resultando em enormes perdas nas bolsas.

Os fundos BRICs recuaram 14,6% este ano e o total de ativos nesses fundos desabou mais de 90% em relação ao pico para apenas US$ 3 bilhões, segundo dados da Bloomberg.

O colapso foi uma lição implacável sobre os perigos dos fundos temáticos. A junção de quatro países emergentes tão diferentes, complexos e arriscados foi um jogo de palavras sagaz, mas não um investimento inteligente.

As economias desses países cresceram rapidamente, mas as ações não tiveram o mesmo destino. O MSCI BRIC tem desempenho inferior ao do S&P 500 desde o início do século e inferior ao retorno total dos índices individuais dos quatro países.

Dois dos maiores fundos sobreviventes — Schroder International Selection Fund BRIC e Templeton BRIC Fund — foram iniciados em 2005. O Goldman Sachs lançou seu próprio fundo no ano seguinte. O fundo Schroder atraiu mais de US$ 4 bilhões, enquanto o fundo Templeton acumulou US$ 3,3 bilhões até 2010.

No entanto, esses fundos derraparam na segunda década do século e agora se deparam com uma calamidade. O fundo Schroder, que administrava US$ 710 milhões no final de fevereiro, recuou 16% este ano, segundo dados compilados pela Bloomberg. O fundo de US$ 450 milhões da Templeton caiu mais de 14% após zerar o valor contábil dos papéis de empresas russas negociados no mercado americano, de acordo com uma pessoa com conhecimento do assunto.

O fundo BRIC do Goldman Sachs perdia dinheiro e foi fechado em 2015, mas incorporado a um fundo mais amplo voltado para mercados emergentes. Diversas gestoras tomaram decisões semelhantes. A Bloomberg hoje monitora apenas 74 fundos BRIC sobreviventes.

Além dos prejuízos aos fundos BRICs, o conflito entre Rússia e Ucrânia também tem preocupado investidores das ações europeias que, nesta sexta-feira (25), tiveram uma leve alta, mas terminaram a semana com perdas

O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 0,11%, a 453,55 pontos, com as perdas de bancos e algumas ações defensivas compensando os ganhos em energia , materiais básicos e nomes de tecnologia.

O nervosismo permanece, mas as ações passaram pela semana sem devolver muito terreno.

Depois de duas semanas de ganhos em que avançou mais de 7%, o STOXX 600 perdeu 0,2% esta semana, conforme os elevados preços de energia e commodities devido às sanções contra a Rússia alimentaram temores de inflação e preocupações com a desaceleração do crescimento econômico.

Em LONDRES, o índice Financial Times avançou 0,21%, a 7.483,35 pontos.
Em FRANKFURT, o índice DAX subiu 0,22%, a 14.305,76 pontos.
Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 0,03%, a 6.553,68 pontos.
Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 0,64%, a 24.558,74 pontos.
Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou alta de 0,31%, a 8.330,60 pontos.
Em LISBOA, o índice PSI20 valorizou-se 0,80%, a 5.849,12 pontos.

Redação ICL Economia
Com informações das agências internacionais

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