Futuro da Petrobras será completamente diferente sob Lula e Bolsonaro. Petista quer ampliar papel da petroleira, enquanto presidente deve prosseguir com venda de ativos

Diferentemente de Bolsonaro, petista pretende suspender venda de ativos da companhia, transformando-a em uma companhia de energia, com atuação para além do petróleo
14 de outubro de 2022

O futuro da Petrobras será completamente diferente a depender de quem vença o segundo turno das eleições presidenciais no próximo dia 30 de outubro. Se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencer o pleito, a estatal terá ampliado seu escopo de atuação, transformando-se numa empresa de energia. Já os planos do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, será mais do mesmo: a venda de ativos da companhia deve continuar até que seja completamente privatizada. Ou seja, os planos dos dois presidenciáveis vai além da política de preços, que tanta polêmica tem causado nos últimos anos.

Bolsonaro, que desde o início de seu governo, em 2019, está em constante campanha eleitoral, vem interferindo na política de preços da Petrobras para ganhar votos. Trocou o presidente da estatal quatro vezes até colocar um apadrinhado de Paulo Guedes, ministro da Economia.

Em julho passado, Caio Paes de Andrade, indicado por Bolsonaro à presidência da Petrobras, foi confirmado na presidência da estatal e, desde então, tem feito o que o chefe manda. O governo federal é acionista majoritário da empresa e tem auxiliado Bolsonaro na interferência da política de preços dos combustíveis. Tanto que, desde que assumiu a presidência da companhia, em apenas cinco semanas Paes de Andrade não fez anúncios eleitoreiros de corte nos preços dos combustíveis, feitos a conta-gotas para tentar aguardar o eleitorado.

Agora, às vésperas do segundo turno das eleições, Paes de Andrade está segurando reajustes nos preços a despeito das oscilações do câmbio e do preço do petróleo no mercado internacional, devido aos cortes na produção mundial anunciados pela Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados).

Se Bolsonaro for reeleito, muito provavelmente a interferência sobre a política de preços da Petrobras deve continuar, ao menos até que o presidente consiga privatizar de vez a companhia, como quer muito Paulo Guedes, um defensor do estado mínimo do mínimo. O plano de Bolsonaro prevê a continuidade da venda de ativos da estatal, segundo reportagem publicada nesta sexta-feira (14) em O Globo.

Por outro lado, o plano de Lula prevê interromper, ao menos temporariamente, a venda de ativos da empresa, como refinarias. Pelo contrário, o projeto do petista inclui a ampliação da capacidade de produção de derivados de petróleo, parcerias com o setor privado para ampliar a atuação da estatal e a transformação da companhia em uma empresa de energia, com atuação para além do petróleo.

Em relação à política de preços, que equipara os valores do mercado doméstico ao dólar e ao custo do barril de petróleo, Lula pretende mudá-la, enquanto Bolsonaro, embora a critique, não diz exatamente em seu plano o que pretende fazer.

Para a campanha de Lula, futuro da Petrobras passar por ter uma visão de “longo prazo” para a companhia

À reportagem de O Globo, o senador Jean Paul Prates (PT-RN), um dos responsáveis pelo setor energético na campanha de Lula, disse ser necessário ter uma visão de longo prazo para o futuro da estatal. Ele citou a possibilidade de a empresa passar a produzir energia eólica no mar, chamada de offshore, diante da expertise da empresa nos oceanos.

Essa visão é totalmente oposta do que vem sendo feito dentro da empresa ao longo dos últimos anos e, principalmente, no governo Bolsonaro. Representantes do setor já disseram que a empresa está indo na contramão das maiores petroleiras do mundo, que estão abarcando projetos para a transição dos negócios para projetos de energia mais limpa.

A propósito, o próprio Prates já abordou a respeito da necessidade de se reduzir a atual distribuição de dividendos da Petrobras para que a estatal possa investir na transição energética e se tornar líder mundial em energia limpa.

Contudo, Prates descartou qualquer reestatização em um eventual governo Lula, e defendeu que a empresa fique mais “próxima” do consumidor final. Na lista de ativos que a Petrobras vendeu está a BR Distribuidora, que mudou o nome para Vibra, além de refinarias e campos de exploração.

“Não vamos retomar nada à força, nem recomprar exatamente o que se tinha. A Petrobras tem que estar em contato com o consumidor final, ela não pode estar levitando sem pés. É preciso resgatar uma visão de futuro da Petrobras. A empresa virou uma ordenhadeira de pré-sal, não fala em energia renovável, em transição energética, em hidrogênio verde, em aprimorar sua petroquímica e biocombustíveis”, disse ao O Globo.

Se Lula vencer as eleições no dia 30 de outubro, o senador ainda disse que será “natural” uma reavaliação sobre a venda de ativos, o que poderia significar uma mudança na lista de empreendimentos à venda. Ele ainda defendeu a ampliação do parque de refino, mas sem necessariamente construir novas unidades.

Já Bolsonaro pretende manter o projeto de venda de ativos da empresa, como refinarias, caso seja reeleito. Aliás, foi em sua gestão que começou o processo de venda do parque de refino da petroleira, visando a aumentar a concorrência no mercado, e, também, a BR Distribuidora.

Redação ICL Economia
Com informações de O Globo

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