Em prévia do G20, Brasil se reúne com ministros de Relações Exteriores para discutir reforma em organismos internacionais

Encontro, que começa oficialmente amanhã (22), no Rio, é prévia para a cúpula de novembro. Reunião acontece em meio ao mal-estar entre Brasil e Israel após críticas do presidente Lula ao conflito na Faixa de Gaza.
21 de fevereiro de 2024

A reunião do G20, coalizão que reúne as 20 maiores economias do mundo, começa nesta quinta-feira (22), no Rio de Janeiro, sob o comando do Brasil. Nesta quarta-feira (21), porém, acontece uma prévia da reunião com a presença dos ministros de Relações Exteriores dessas nações, com o propósito de discutir a reforma dos organismos internacionais, uma das bandeiras da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à frente do fórum.

Na pauta geral do encontro do G20 estão três temas centrais: o combate à fome, à pobreza e às desigualdades; a transição energética e enfrentamento às mudanças climáticas; e reformas das instituições multilaterais.

Contudo, o evento também deve ter como tempero a crise diplomática aberta entre os governos brasileiro e israelense, após fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a respeito do massacre promovido pelo governo de Israel na Faixa de Gaza, em resposta ao ataque do Hamas em 7 de outubro passado.

Em 18 de fevereiro, em visita a países africanos, Lula disse: “O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus”, disse Lula. “Eu fico imaginando qual é o tamanho da consciência política dessa gente. E qual é o tamanho do coração solidário dessa gente que não está vendo que, na Faixa de Gaza, não tá acontecendo uma guerra, mas um genocídio. Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um exército altamente preparado e mulheres e crianças”, completou o presidente.

Desde então, a fala do presidente Lula tem sido distorcida pelo governo israelense e apoiadores, como se Lula tivesse negado o Holocausto, o que não aconteceu. O presidente chegou até mesmo a ser considerado “persona non grata”.

Integram o G20 África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia, União Europeia e União Africana.

G20: em meio a mal-estar com Israel, Brasil recebe ministros das Relações Exteriores

Com a crise diplomática no radar, o Brasil recebe nesta quarta-feira ministros de Relações Exteriores dos países do G20. São aguardadas as presenças de Anthony Blinken, secretário de Estado do governo Joe Biden, dos Estados Unidos, e Sergei Lavrov, da Rússia.

O foco do encontro será a discussão em torno da reforma dos organismos internacionais. O presidente Lula tem repetido em seus discursos que considera que é preciso reformar instituições como a ONU (Organização das Nações Unidas), o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial.

Em sua visita recente à Etiópia, Lula disse que a ONU não tem “dado conta” de resolver os problemas. “Os membros do Conselho de Segurança são os maiores produtores de armas. São os que detêm as armas nucleares. São os que têm direito de veto, e são os que não cumprem nada porque não se submetem ao próprio Conselho de Segurança”, afirmou o presidente.

Também fez críticas ao desempenho atual do FMI e Banco Mundial: “[Essas entidades] vão servir para financiar desenvolvimento dos países pobres ou vão continuar existindo para sufocar os países pobres?”.

O Brasil preside o G20 desde 1º de dezembro de 2023. O mandato vai até 30 de novembro deste ano.

Ainda não há uma lista confirmada de presença, mas sabe-se que pelo menos três países não vão enviar os ministros, mas, sim, os vice-chanceleres. São eles China, Índia e Itália.

Encontro é prévia de cúpula

O encontro desta semana é uma espécie de preparação para a Cúpula do G20, que está marcada para novembro, também no Rio de Janeiro. Enquanto isso, o grupo foca em duas frentes de trabalho: a Trilha de Sherpas e a Trilha de Finanças.

A Trilha de Sherpas possui 15 grupos de trabalho e é supervisionada por emissários pessoais dos líderes do G20. Esses emissários acompanham as negociações entre os países, coordenam a maior parte dos trabalhos e discutem as principais pautas da agenda do grupo.

O nome é uma referência à etnia dos xerpas, que vive no alto do Himalaia, no Nepal, e que ajudam a guiar alpinistas que desejam chegar ao topo do Monte Everest. No caso do G20, os “Sherpas” são os líderes de cada país.

Por sua vez, a Trilha de Finanças trata de assuntos macroeconômicos e é comandada por membros dos ministérios da Economia e presidentes dos bancos centrais dos países que integram o bloco. A trilha tem sete grupos de trabalho.

Ontem, o sherpa brasileiro, embaixador Mauricio Lyrio, esclareceu que é papel dos ministros da Relações Exteriores avaliar a conjuntura internacional e discutir temas geopolíticos.

“A proliferação de conflitos preocupa de forma muito aguda”, ressaltou Lyrio, informando que, quando contabilizamos os conflitos internos dos países, os de proporção regional e os de repercussão internacional, vivemos hoje o mesmo patamar da época da Guerra Fria.

“Tudo isso está gerando uma crise humanitária absurda. Precisamos de uma governança global que evite a ocorrência de conflitos”, disse, reforçando o papel central da ONU para manter a paz e a necessidade de uma reforma efetiva das instituições de governança global.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do g1 

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