O Canal do Panamá vive uma seca sem precedentes, devido ao impacto das mudanças climáticas somada ao fenômeno climático El Niño, que interfere no ciclo de chuvas. Por essa razão, a administração de uma das maiores rotas logísticas marítimas do mundo prevê redução de até US$ 700 milhões (R$ 3,45 bilhões) nas receitas de pedágio em função das restrições de tráfego de navios.
“Acreditamos que é possível que tenhamos uma redução no nível de receitas de pedágio que pode ser entre US$ 500 e US$ 700 milhões para o ano fiscal de 2024 [de 1º de outubro de 2023 a 30 de setembro de 2024]”, disse o administrador da via navegável, Ricaurte Vásquez, em entrevista coletiva ontem (17).
Com 77 quilômetros de extensão, o Canal do Panamá é uma das maiores obras da engenharia mundial. Por esta via marítima, que liga o Oceano Pacífico ao Mar do Caribe, passa 6% do comércio marítimo mundial. Seus principais usuários são os Estados Unidos, China e Japão.
Vásquez disse que, nos primeiros três meses do atual ano fiscal, houve 791 trânsitos a menos e 20% menos carga passou pelo canal em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Vásquez também afirmou que desde outubro de 2023, a via panamenha está recebendo US$ 100 milhões (R$ 493 milhões) a menos em pedágios por mês. “É uma redução significativa”, afirmou.
Falta de chuvas e consequente seca fez administração do Canal do Panamá reduzir fluxo de navios
A falta de chuvas abundantes tem levado os níveis de água do Canal do Panamá aos mais baixos já registrados, o que levou as autoridades a impor restrições ao peso dos navios e ao tráfego diário.
Em outubro passado, as autoridades anunciaram a redução gradual do tráfego de navios a partir de 3 de novembro para economizar água.
Desde o dia 1º deste até 31 de janeiro deste ano, está autorizado o tráfego médio de 20 navios por dia. A partir de fevereiro, a média será de 18 navios por dia.
O calado dos navios também foi reduzido, fazendo com que carreguem menos carga para poder passar. A redução de tráfego fez com que as companhias de navegação paguem mais por algumas das cotas leiloadas pelo canal para a passagem de embarcações.
Apesar da queda do montante de pedágios, o administrador do canal acredita que a via navegável, por meio de diferentes cobranças, conseguirá cumprir as receitas projetadas para este ano fiscal, que alcançam US$ 4,78 bilhões (R$ 23,53 bilhões).
O canal do Panamá opera com água da chuva retirada dos lagos artificiais de Gatún e Alhajuela, ao norte do país. A falta de chuvas devido ao fenômeno El Niño, agravado pelo aquecimento global, fez com que esses lagos ficassem com menos água.
No ano fiscal de 2023, o Canal do Panamá arrecadou US$ 3,344 bilhões (R$ 16,47 bilhões) com a passagem de embarcações e a prestação de vários serviços.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias