Incêndios já causaram prejuízos de R$ 14,7 bi ao agronegócio, aponta CNA

Os maiores prejuízos foram registrados na bovinocultura de corte (R$ 8.106.052,30) e cana-de-açúcar (R$ 2.762.773,72).
30 de setembro de 2024

Levantamento da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) aponta que os incêndios no Brasil causaram um prejuízo estimado em R$ 14,7 bilhões, em 2,8 milhões de hectares de propriedades rurais, entre os meses de junho e agosto de 2024.

Para os cálculos, foram consideradas, por exemplo, perda de matéria orgânica, produção, redução na produtividade, cercas em áreas de pastagem e potássio e fósforo nas camadas superficiais do solo.

Por outro lado, não foram consideradas perda de maquinário, de produtividade e renovação de áreas afetadas.

Os prejuízos estão divididos da seguinte forma:

  • Bovinocultura de corte: R$ 8.106.052,30;
  • Cana-de-açúcar: R$ 2.762.773,72;
  • Outras culturas temporárias e permanentes: R$ 1.068.357,61;
  • Cercas: de R$ 2.824.929,13.

Conforme o levantamento, os estados mais prejudicados foram: São Paulo (R$ 2,8 bilhões), Mato Grosso (R$ 2,3 bilhões), Pará (R$ 2,0 bilhões) e Mato Grosso do Sul (R$ 1,4 bilhão).

Os prejuízos foram estimados considerando: o custo de reposição da matéria orgânica em toda a área agropecuária queimada; as perdas ocasionadas na produção de cana-de-açúcar que ainda não tinha sido colhida; a redução na produtividade do rebanho em razão da limitação de pasto; as perdas de cercas em áreas de pastagem; e de fósforo e potássio nas camadas superficiais dos solos.

Os dados foram calculados com base em informações de áreas queimadas de culturas agrícolas apontadas pelo MapBiomas, e em áreas de pastagem indicadas pelo Laboratório de Sensoriamento remoto e Geoprocessamento (Lapig/IESA/UFG) em sobreposição com as áreas queimadas indicadas pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais).

Incêndios prejudicam cultura da cana-de-açúcar, que já sofria com a seca

Em abril, começo da safra de cana-de-açúcar, o setor estimava que o estado de São Paulo, o maior produtor da matéria-prima, colheria 420 milhões de toneladas. Mas à medida que o tempo passava e a estiagem aumentava, a projeção foi sendo frustrada.

No fim de agosto, a Orplana (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil) cortou a projeção para 370 milhões de toneladas, uma queda de 12% (de 50 milhões de toneladas) em relação à previsão inicial.

Entre os impactos da seca na cultura de cana-de-açúcar, está deixar a planta mais fina, rachada e “isoporizada”, reduzindo a quantidade de açúcar da planta.

Por sua vez, o fogo gera risco de aparecimento de fungos e bactérias na lavoura, o que inviabiliza o uso da planta para a produção de açúcar e etanol.

Em setembro, outro levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios mostrava que os incêndios florestais, a maioria deles considerada fruto de ações criminosas, haviam ocasionado perdas de R$ 1,1 bilhão aos municípios brasileiros afetados. O montante se refere ao período de janeiro e 16 de setembro de 2024. O valor é 33 vezes maior que as perdas computadas no mesmo período do ano passado (R$ 32,7 milhões).

No total, 538 municípios tinham declarado, até aquele momento, situação de emergência por conta dos incêndios, com 11,2 milhões de pessoas afetadas, sendo 10,2 milhões somente entre agosto e 16 de setembro deste ano.

O crescimento é alarmante quando é feita a comparação com o ano passado, quando 3.800 pessoas afetadas e apenas 23 municípios tendo decretado situação de emergência.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do g1

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