Fala de Powell, guerra e rendimento dos Treasuries pressionam bolsas mundiais, que operam no negativo

Em discurso ontem, Powell enfatizou sua preocupação com a inflação elevada e a atividade econômica forte, o que devem forçar a autoridade monetária estadunidense a manter os juros elevados.
20 de outubro de 2023

Os índices futuros de Nova York e as bolsas mundiais seguem o movimento da véspera e operam no negativo, nesta manhã de sexta-feira (20), pressionados pela repercussão da fala de Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos EUA), ontem (19), pelo avanço dos rendimentos dos Treasuries e o aumento da tensão no Oriente Médio.

Em discurso ontem, Powell enfatizou sua preocupação com a inflação elevada e a atividade econômica forte, o que devem forçar a autoridade monetária estadunidense a manter os juros elevados.

Além disso, os investidores avaliam o aumento da tensão no Oriente Médio após ataques de drones contra bases norte-americanas na Síria e no Iraque e mísseis do Iêmen contra Israel interceptados pelos Estados Unidos.

O presidente dos EUA, Joe Biden, discursou ontem, comparando o grupo Hamas a Vladimir Putin, presidente da Rússia, elevando o tom da tensão. Também abordou para a necessidade de enviar mais ajuda financeira a Israel e à Ucrânia, com o objetivo de manter a atual ordem global, com os Estados Unidos na liderança.

“A liderança americana é o que mantém o mundo unido. As alianças americanas são o que nos mantêm, a nós, a América, seguros”, disse Biden.

A escalada na tensão fez com que barris de petróleo avançassem na tarde de ontem, após queda durante parte do dia. A busca por proteção também se refletiu na alta do ouro.

O rendimento dos títulos do Tesouro norte-americano também mexe com os mercados. Após atingir patamares não vistos nos últimos 16 anos, os Treasury yields recuam nesta manhã. Mais cedo, o rendimento do título de 10 anos ultrapassou os 5%, patamar não visto desde 2007, mas posteriormente recuou para 4.939%. Já Treasury yield de 2 anos desce 1,4 pb, a 5.155%, enquanto o retorno do título de 5 anos desce 4,3 pb, a 4.918%.

Uma decisão da China também contribuiu para elevar a tensão geopolítica. O gigante asiático anunciou aumento dos controles de exportação de alguns tipos de grafite, mineral usado em baterias de carros elétricos, a partir do dia 1º de dezembro.

A medida visa “salvaguardar a segurança e os interesses nacionais” e ocorre poucos dias após os EUA reforçarem as barreiras no acesso da China a chips avançados.

Por aqui, a Petrobras anunciou ontem aumento nos preços domésticos do diesel e, ao mesmo tempo, cortou os preços da gasolina.

Brasil

Ibovespa encerrou o pregão de quinta-feira (19) em leve baixa de 0,05%, aos 114.004 pontos.

Mais uma vez, o principal indicador da Bolsa brasileira acompanhou o desempenho dos mercados internacionais, uma vez que a agenda econômica por aqui foi esvaziada.

O grande destaque da agenda internacional de ontem foi o discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos).

O executivo da autoridade monetária norte-americana abordou o tema que os mercados esperavam que ele fizesse: o futuro da política monetária norte-americana.

Powell destacou que os juros devem permanecer elevados por mais tempo, o que já era em determinado aspecto esperado por analistas diante dos últimos dados econômicos divulgados, que mostraram a resiliência da economia do país, com riscos de inflação persistente.

Por sua vez, o dólar terminou o dia próximo da estabilidade, com queda de 0,03%, cotado a R$ 5,0528.

Europa

As bolsas da Europa abriram em forte queda hoje, apresentando seu nível mais baixo em sete meses, com os investidores repercutindo a fala do presidente do Fed, Jerome Powell, ontem (19), o avanço nos rendimentos dos Treasuries e a escalada da tensão no Oriente Médio.

No índice pan-europeu STOXX 600, que operava em queda de 0,7%, a maioria dos setores operava no campo negativo. Mas a maior queda vinha do setor de mineração (-2%).

FTSE 100 (Reino Unido), -0,48%
DAX (Alemanha), -1,01%
CAC 40 (França), -0,98%
FTSE MIB (Itália), -0,85%
STOXX 600, -0,75%

Estados Unidos

Os índices futuros de Nova York operavam em queda,, com três assuntos no radar dos investidores: fala de Powell, guerra no Oriente Médio e avanços nos rendimentos dos Treasuries, ainda que os títulos tenham arrefecido a alta nesta manhã.

Dow Jones Futuro (EUA), -0,02%
S&P 500 Futuro (EUA), -0,05%
Nasdaq Futuro (EUA), -0,14%

Ásia-Pacífico

As bolsas asiáticas também fecharam o dia em forte queda, pelas mesmas razões que afetaram o restante dos mercados.

Das notícias da região, os dados de inflação do Japão vieram abaixo do esperado, com alta de 3%, mas ainda assim acima da meta de 2% do Banco do Japão.

Shanghai SE (China), -0,74%
Nikkei (Japão), -0,54%
Hang Seng Index (Hong Kong), -0,72%
Kospi (Coreia do Sul), -1,69%
ASX 200 (Austrália), -1,16%

Petróleo

Após quedas durante o dia de ontem, com a licença emitida pelos EUA que autorizou de forma temporária as transações com o setor de petróleo e gás da Venezuela, os preços do petróleo subiram ao fim da sessão de ontem e permanecem em patamar elevado, devido à escalada do conflito entre Hamas e Israel.

Petróleo WTI, +1,49%, a US$ 90,70 o barril
Petróleo Brent, +1,43%, a US$ 93,70 o barril

Agenda

Agenda internacional esvaziada nesta sexta-feira.

Por aqui, no Brasil, no campo político-econômico, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entende que, no Brasil, a insegurança jurídica em relação ao sistema tributário prejudica o Estado, o contribuinte e, ainda, afasta o investimento estrangeiro. A declaração foi dada em Brasília, durante palestra no 26° Congresso Internacional de Direito Constitucional, promovido pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) e pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Haddad disse que se preocupa com o “dia seguinte” da aprovação da reforma tributária, em referência à decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a base de cálculo da cobrança das contribuições para o PIS (Programa de Integração Social) e para a Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social). Na seara econômica, sai o IBC-Br, do Banco Central, com previsão de queda de 0,30% pelo consenso Refinitiv.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias, InfoMoney e Bloomberg

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